A moça de seios desiguais me beijava
O rapaz de corpo franzino me roçava
Há tantas coisas mas não há nenhuma
Pesada como a tonelada de uma pluma
Eu me escondo numa caverna escura
Não fugindo do mal mas de sua cura
Não sei onde começou este começo
Nem sei se o amor pode ter seu preço
Gravei na minha pele vários tribais
Jejuei apenas comendo bem mais
Maldito! Mau! Realmente não presto!
Lanço contra mim o meu protesto
Acabo de vez com o final desta novela
Acabou a procura pela moça da janela
Os meus pés são pequenos demais
Meu barco nunca passou além do cais
Não irei mentir mais do que fiz
Em todas as coisas tentei ser feliz
Não consegui deve ser que não fosse
Assim passa a vida amarga sem doce
Ainda posso rir de piadas de mau gosto
Ainda posso estar nos ventos de agosto
Posso gozar ainda na boca ou na cara
E enganar meus próprios sentimentos
Rir da tua má escolha destes momentos
Quanto mais se parece tudo menos é
Pobre do morto foi enterrado de pé
Pobre da bomba explodiu quase agora
Não levou a ponte mas levou sua escora
A pobre rosa se matou com o espinho
Minha vida foi se perdendo pelo caminho
Eu vou xingando até quando falo pouco
Tenho que ficar lúcido pra me tornar louco
Tenho que melhorar pra poder ser malvado
Porque todo enigma já nasce explicado
E todas nossas efemeridades são eternas
Só quero tua cabeça em minha entrepernas
Enquanto bebo até perder o meu tino
E me sentir como antes quando menino
E atrás dos vidros habitavam as faíscas
Meus olhos tristes que eram apenas iscas
E uma boca que vivia somente fechada
Eu quero ser maldito mais nada...
(Extraído do livro "Só Malditos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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