segunda-feira, 31 de março de 2014

Filosofando Número 1


A necessidade é maior que o perdão
A fome é bem maior que o decoro
Qualquer roupa serve pra estação
E qualquer beijo serve pra namoro
Eu pensei em pensar mas desisti
Porque pensar dá mais trabalho
É só pular no rio e se deixar ir
Onde levam as cartas do baralho
Onde levam as opinião dos sábios
Mesmo que os sábios saibam nada
A oração não sai mais dos lábios
Se for mande um abraço pra moçada
Eu estou no alto da montanha
E nunca vi coisas de tão perto
Mil bandeiras no céu da Espanha
E os camelos dançando no deserto
Era dia de festa e eu não sabia
Quando muito pensei ser carnaval
Porque cada um tinha sua fantasia
E havia tanto grito na geral
A história é mais louca que o mito
O tesão não vem com instrução
O silêncio fala mais que o grito
Qualquer hora desaba a construção
Cada um nasce de um jeito
Uns nascem apenas pra morrer
E se a vista nem enxerga direito
Tenho sede me dê logo o que beber
Todo mundo falando no amor
Todo mundo falando de filosofia
Mas ainda gritando se a dor
Não respeita essa carne vadia
Vamos às nuvens bem depressa
Antes que a água caia de novo
E no meio de toda essa conversa
Colombo me traga mais um ovo...

Dedos & Anéis

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São vários dedos 
Poucos anéis
São vários medos
Muitos cartéis

Estamos aqui mas não estamos

Estamos onde os sonhos estão
E mesmo quando nós o matamos
Esses mesmos sonhos viverão

São vários enredos

Muitos coronéis
São vários cedos
Poucos papéis

E tudo continua um simples jogo

Cartas que já vieram marcadas
Acabou a história apague o fogo
E vamos por nossas estradas

São vários arremedos

Poucos fiéis
São vários passaredos
Muitos invés

Cada um vai escolhendo seu lado

Vai sendo o próprio protagonista
Só pode ser certo ou ser errado
Cada um descubra a sua pista

São vários dedos 

Poucos anéis
São vários medos
Muitos cartéis...

sábado, 29 de março de 2014

Vamos Que Vamos

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Vamos que vamos. Pois a única coisa certa é a incerteza. E duvidamos que a dúvida nos certifique disto. Somos nós. Os peões deste jogo de cartas marcadas. Ou de camisas coloridas. Ou dos chaveiros que vinham em caixinhas de papel junto com balas. Não perguntem datas por favor! Esquecer pode ser um privilégio que doa menos e sarar nesse caso é alto risco. A jovem penteia seus cabelos. E as sereias ainda provocam seus mistérios... Mas o mistério maior nasce todos os dias nos asfaltos entre capins e flores imperceptíveis. Vulgarmente falando nos encantam. Sem timidez alguma. Mil virgens imoladas todos os dias. Sem moda alguma. Em nudez causticamente serena. E ainda uma noção quase que doidivanas sobre a última mania da rede social. Nunca se lembrou tanto para poder se esquecer. Nunca comemos tanto para aumentar a fome. E nunca corremos tanto porque estamos parados. Parados e presos por cortinas de vidro e por paredes invisíveis e carinhos de arame farpado. Eu acordo pensando em dormir. E eu durmo como no juízo final. Eu nada sei senão que sei. E quando filosofo entre quatro paredes choro de vergonha. Porque minhas qualidades são meus maiores defeitos. E o tal de vice-versa funciona nessa hora. É de extremo mau-gosto não ser mesquinho e vulgar. Na roda da história nada houve senão um engano na repetição. E as nossas gírias funcionam mais do que fórmulas mágicas. Eu disse falar e não compreender. Toda verdade é perigosa e verdadeira. Eu disse falar e não compreender. Toda decepção começa se nos decepcionamos. Passar ridículo um dia já foi ruim. Hoje é apenas mais um jeito de queimar o ar e gastar o tempo. Não olhamos o horizonte porque ele não está mais lá. É culpa nossa? Talvez sim e talvez não. Mas que antes disso existiam outros pesadelos temos certeza. E construções se equilibrando na corda bamba. Até o bispo pecou. E os anjos tiraram o dia de folga. Mas os demônios possuem cartão de ponto. É hoje o dia de hoje. E na verdade todas as discussões sobre quaisquer assunto estão encerradas. Eu vi o mar em várias vezes e em vários ângulos. Mas ainda assim é mar. Como é complicado falar em yoruba. Mas talvez menos do que compreender palavras que só podem ser ditas mudamente. A mente se corrompe quase sempre. E o coração quase nunca. Mesmo quando há maldade nele ela não nasceu lá. A fama tem seu preço. E mesmo que esse seja viver anonimamente para si mesmo violando todo e qualquer princípio. O abismo é logo ali. Pode entrar na fila. A fila do suicídio é no próximo corredor à esquerda depois da cantina. Mas as senhas acabaram por hoje. Como formigas no açúcar sempre que podemos. Mesmo quando não queremos. Vamos que vamos...

sexta-feira, 28 de março de 2014

A Outra Amada, A Outra Musa

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Chega enjoar de tão boa
De tão honesta entendia
Não há furo na canoa
Nem choro no meio dia

Eu quero outra amada

Outra amada mais escusa
Aquela que embriagada
Na sombra escuta Cazuza

Detesto decorar a rotina

A frequência sei de cor
Calma é como morfina
Vicia ou coisa bem pior

Eu quero outra amada

Outra amada mais escusa
Que não me nega nada
Vai logo tirando a blusa

E a comida se repetiu

Começou outra novela
A alegria já desistiu
De pintar uma nova tela

Eu quero outra amada

Um pouco mais confusa
Me siga pela estrada
Me usa também me abusa

Chego em casa cedo

Não encontro mais sentido
Não tem medo no medo
Parece que vivo dormindo

Eu quero outra amada

Outra amada mais escusa
Aquela que embriagada
Na sombra escuta Cazuza

quinta-feira, 27 de março de 2014

Nuvem Vagabunda

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Apenas uma nuvem vagabunda
É o que eu queria...
Pra enfeitar
Todo esse meu dia...
Um dia até despreocupado
Mas que está meio parado...

Apenas uma nuvem vagabunda

É o que me bastava...
Eu queria estar
Onde ela estava...
Voando sobre as casas
Eu que nasci sem asas...

Apenas uma nuvem vagabunda

E não mais tanto...
Era o suficiente
Pra afastar o meu desencanto...
Pra afastar também o tédio
Ela seria meu remédio...

Apenas uma nuvem vagabunda

É o que vou pedindo...
Que possa me ver
Uma vez sorrindo...
Prometo que a seguirei pelo mundo
Pois também sou vagabundo...

A Cura


Meio-dia vela acesa na mão
Como outro cara na procura
De algo que console o coração
E que descubra uma cura
Para tudo que tenha razão
E que não seja mais loucura

Eu estou por aí na estrada

Não sei quando irei voltar
Não levo bagagem nem nada
Esqueci onde era meu lar
Ou onde será a próxima parada
Se é que um dia vou parar

E se parar não escolho bandeira

E se parar não escolho o país
E nem tão pouco qual a maneira
De poder ser um dia quase feliz
E descansar dessa minha canseira
De viver apenas por um triz

Meio-dia vela acesa na mão

Com passos de quem procura
Seguindo a mesma procissão
Dos que querem ter a cura
E possuem a mesma obsessão
De viver na e pela loucura!

sábado, 22 de março de 2014

Uma Alma Na Calma


Uma alma na calma irmão
Eu sei que está imundo
Pelo menos meio mundo
E qualquer vagabundo
Vai andando na contramão...

Uma alma na calma mano

Mesmo sem sol pode ser dia
Às vezes se chora de alegria
E mesmo essa nossa agonia
Não dura nem um ano...

Uma alma na calma brou

O circo já está armado
O palhaço está engraçado
E se algo deu errado
Isso faz parte do show...

Uma alma na calma parceiro

É o destino que se vinga
Então mantenhamos a ginga
Longe de qualquer mandinga
Que nos faça o feiticeiro...

Uma alma na calma irmão

Isso aí que é o mundo
Mesmo assim vale o segundo
Desse mergulho profundo
Que é alma e é coração...

Uma Calma Na Alma

Uma calma na alma
É o que eu quero
Uma alma na calma
É que eu espero

Há muito ainda 
O que viver

Uma calma na palma
É o que quero
Uma palma na alma
É o que me esmero

Há muito ainda
O que viver

Ainda há muitas nuvens no céu
Ainda existem barcos à navegar
Muitos giros neste carrossel
Muitos amores pra se amar

E mesmo que vivamos mil anos
Não veremos todos encantos
A vida com todos os seus planos
Os verdes com os seus mantos

Por isso tenhamos toda calma
Mesmo que isto leve à exaustão
Nem a morte é um trauma
Quando se vive com o coração

Uma calma na alma
É o que eu quero
Uma alma na calma
É que eu espero

Há muito ainda 
O que viver

Uma calma na palma
É o que quero
Uma palma na alma
É o que me esmero

Há muito ainda
O que viver...

Um Trem Chamado Paixão


Um bonde chamado desejo
Um trem chamado paixão
Eu desconheço mesmo se vejo
As coisas do meu coração

Um carro chamado coragem

Um freio chamado razão
Mesmo na hora da decolagem
Decidir apertar o botão

Um cara chamado amigo

Um cara chamado irmão
As caras de um sonho antigo
Ainda brilham na escuridão

Uma vida chamada nada

Uma morte chamada ilusão
É o tombo no alto da escada
É o rumo na contramão

Uma meta chamada alto

Uma reta chamada chão
O medo na rua do assalto
No asfalto a maldição

Um guia chamado loucura

Uma chama chamada paixão
Me guiando na estrada escura
Que dissipa toda ilusão...

quarta-feira, 19 de março de 2014

Modernamente Moderno

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Modernamente sou moderno
Isso não pode ser contestado
E ainda sou amigo e terno
Com o meu Nike no pé trocado

Eu estou sempre na moda

O que falta é tempo de viver
E sai com a mina pruma foda
Isso não posso me esquecer

A vida é curta tem novidade

As roupas novas da estação
É tão breve a minha eternidade
E ainda me falta o meu carrão

Sobrevivendo sem reclamar

Me exibindo lá na balada
Não há como mais pensar
Porque pensar não vale nada

E juntando o meu salário

Pra comprar a minha fé
Não importa ser otário
E meu próximo um Zé Mané

Eu sou um analfabeto virtual

Eu vibro com a tecnologia
Eu nem sei qual o meu mal
Só sei que morrerei um dia

Modernamente sou moderno

Isso não pode ser contestado
Contribuo para que o inferno
Possa estar aqui do lado...

A Invenção do Mundo

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Eu inventei bem um mundo
Eu fiz bem a sua invenção
Pra poder se vagabundo
Bem aqui no meu coração

Eu fiz o que pude

O mundo é bola de gude...

Um dia de chuva que lembro

Não havia nada o que fazer
Era agosto quase setembro
Eu mal sabia o que era viver

Eu fiz sem medo

O mundo é um grande brinquedo...

Eu bem juntei tudo que tinha

Cada um daqueles pedaços
Da minha alma tão sozinha
Que bem sufoca nos espaços

Eu fiz tantos castelos

E sorridentes sóis amarelos...

E guardei ele enquanto podia

Da chamada maldade humana
E nesse tempo eu não sabia
Da morte que tudo reclama

Eu fiz tanta brincadeira

Foi bem da melhor maneira...

E então ele foi embora

Acabaram aquelas delícias
E enquanto estou aqui fora
Por favor mandem notícias

E eu fiz sem esperar

E o que eu faço é chorar...

terça-feira, 18 de março de 2014

Quando Eu Ando


Quando ando na calçada
É tudo ou nada
E reparo as casas dormindo
Vou sair saindo
E se não for tanto
Ainda sobra o espanto
Pelo que é comum
O que feito um à um
É formado sob pragas
Já rolaram muitas águas
Lágrima de um menino
E o desencanto do destino
Mesmo sem adjetivos
Estamos pra lá de vivos
Eu e ele e você
Sem motivos pra viver
Mas entregues na geral
Ano inteiro carnaval
Tanto faz cachaça ou vinho
Eu preciso de carinho
Eu preciso de loucura
Essa procura
Do que existe ou não existe
Me fazendo alegre ou triste
Ainda vejo seu rosto
Mas não sentirei o gosto
Eu já ando apressado
E viro a cara de lado...

Quando ando em disparada

Não penso em mais nada
E reparo na fumaça subindo
E à cair caindo
E agora sem espanto
Escuto um pranto
Mas não choro por nenhum
E até sóbrio sou bebum
E formado sobre as águas
Já vivi mais de mil sagas
Lástima de um destino
Trapaceiro e ladino
Mesmo sem objetivos
Porém com mil motivos
Eu e ele e você
O que há pra comer?
Somos maus sem mal
Corre vem o temporal
Tanto faz rosa ou espinho
Eu preciso de carinho
Eu preciso de ternura
Sem frescura
De que existe ou não existe
Sem ter dedo em riste
Ainda sinto teu gosto
Mesmo estando indisposto
Eu não estou estressado
Nem viro a cara de lado...

segunda-feira, 17 de março de 2014

Dança Louca


Venha participar desta dança louca
O que mais importa é o pão na boca!

O que importa é ser o esperto

Ganhar toda a competição
Desonesto sem ser descoberto
Que se foda quem tem razão

Venha participar desta dança louca

Aqui a vergonha é tão pouca!

O que importa é ser dono de tudo

Ganhar sempre e nunca perder
Estar errado e todavia contudo
Fazer tudo pra poder sobreviver

Venha participar desta dança louca

Só não pode dormir de touca!

O que importar é sair do risco

Sair de frente da bala perdida
Sentir-se como um gato arisco
Para se ter chance de sobrevida

Venha participar desta dança louca

Vamos cantar com a voz rouca!

O que importa é gritar mais alto

O que interessa é fazer bonito
É poder escapar do assalto
E fazer do cotidiano um novo rito

Venha participar desta dança louca

O que mais importa é o pão na boca!!!

Não Quero e Quero


Não quero ser conhecido pelo mundo todo
Aparecer em todas as telas em todas as salas
Ou em várias páginas de revistas de famosos...

O tempo passou e os cabelos embranqueceram...


Prefiro ter o mundo inteiro dentro de mim

E rir e chorar com cada um dos homens 
Porque afinal de contas somos a eternidade inteira...

Tantas cores e paisagens ainda estão em mim...


Não quero escrever os versos mais bonitos que houveram

Falar de coisas que só agradem a quem quer que for
As estantes estão cheias e a poeira é amiga das horas...

Eu conto a piada e quem entender que ria então...


Eu quero falar das coisas que incomodam tanto

Porque ainda acredito que um dia tudo será melhor
E não estar mais aqui não é o mais importante...

Cada passo marcado na areia não desaparecerá...


Não quero ter nenhum tipo de fortuna para guardar

Nenhuma mão é grande o suficiente para ter isso
E não há tantos dedos assim para numerosos anéis...

Esqueceram de fazer ataúdes com mil acessórios...


Eu quero a riqueza de um dia com nuvens bonitas

E ainda as ladeiras mais altas de onde possa correr
E por fim o sorriso bonito de quem jura que me ama...

Essas coisas eu ainda não tive mas ainda quero...


Não quero fazer esquemas bem sucedidos e complicados

Nem quero fazer parte dessa luta de ter para não ter
Ninguém escapa do tiro que foi disparado de dentro...

A simplicidade é um menino que sonha de olhos abertos...


Eu quero ser o que sou mesmo que isso me fira

Quero ser o anjo que às vezes caminha ao invés de voar
E o demônio que mesmo no abismo deseja a luz...

Só isso...

domingo, 16 de março de 2014

Quando Estrelas

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Deixe que as estrelas passem por esse céu
Deixe que a preguiça tome conta de mente
E como se girássemos num imenso carrossel
Vamos esquecendo nosso coração doente

A nossa alegria estará em toda a parte

Em qualquer parte que a vista alcançar
Nas curvas e ladeiras desta nossa arte
Ou quem sabe do outro lado desse mar

Como é bom esse descanso na rede

Ver tantos olhos brilhando na escuridão
Como um velho quadro naquela parede

Como um segredo que se esconde na mão

Como fim para toda essa nossa sede
Quando as estrelas brilham na imensidão...

Ode ao Velho Diabo

O velho Diabo amola os chifres com prazer
Observando a velha natureza humana
O que temos pra beber e temos pra comer
Pra esse nosso bom fim de semana?
A cana está no moinho e está à moer
Mas afinal onde está essa nossa cana?

A tua puta nova sorri ao teu lado
O teu dinheiro é que tudo nos importa
Ensine o que sabe ensine tudo errado
A máscara do homem é o que importa
O lado que vence é sempre o lado
E quando sair deixe fechada a porta

Quem riu por último não riu primeiro
Como era séria e rude essa minha piada
Eu andei por terras e não fui cavaleiro
E nunca tive a minha gentil amada
Na minha própria terra eu fui estrangeiro
E construí castelos com mais nada

Eu já vou me retirando dá licença
A rua sempre foi e será o meu caminho
Cuidado com o que é minha presença
Nem somente a rosa é que tem espinho
Engula logo esse tua maledicência
E siga em paz e vá segundo sozinho

O velho Diabo amola os chifres com prazer
Foi um prazer até mais vai se foder...

sábado, 15 de março de 2014

O Doce Amargo de Uma Boca Que Sorri


Eram dias mais tristes do que esses
Porque até a tristeza envelhece e enfraquece
Em que tanta coisa importava e hoje não
Animem-se senhores o mundo não acabou
E se acabar será por uma boa causa
Qual causa? O veneno que cada um tem
Um apocalipse particular nos anima
E fugir nunca foi tão impossível
Não reparem se meu sorriso é amargo
Ele na verdade era pra ser mais amargo ainda
Mas é que faltou um pouco de espaço
Meu riso é amargo como o dos comediantes
Que mostram a frágil hipocrisia dos homens
É o palhaço fazendo rir no picadeiro
E que ri porque riem dele sem saber
Que ele sabe que atrás desses risos há choro
E o choro sempre é muito e nunca pouco
O sol já está chegando e matando a noite
E ele incomoda todos os nossos pecados
Sob ele as cores são as mais nuas possíveis
Com desespero em muitos detalhes
É tempo de cantar se necessário for
Para esconder todos os alheios gritos
É hora de assistir a novela em busca
De algum ideal que não mais existe
O tempo é agora e nós o desperdiçamos
Como um objeto inútil oferta de liquidação
Vamos todos sorrir em uníssono
Com esse mais doce amargo...

sexta-feira, 14 de março de 2014

Paisagem Noturna de Uma Rua


Rua sem luz e ainda luminosa
Onde passo sem passar
Em você a vida goza
Sem ao menos me esperar
Sem sequer alguma rosa
Que perfume nosso ar

Rua sem luz e ainda sombria

Onde vivo sem viver
Já morreu o nosso dia
Nunca mais vai renascer
Mesmo assim tem alegria
Nem que seja de morrer

Rua sem luz e ainda boa

Onde canto sem ouvir
Minha alma está à toa
Mas tem medo de partir
Deve ser porque a canoa
Não tem porto aonde ir

Rua sem luz e ainda lacrimosa

Onde passo sem passar
Minha alma ainda goza
O teu perfume está no ar
E eu despetalo a tua rosa
E o que eu posso é chorar...

terça-feira, 11 de março de 2014

Carta ao Poetinha Número 2

Querido Poetinha:
Recebi tua carta e ao mesmo tempo estou alegre e triste.
Alegre porque receber notícias dos amigos sempre é bom. Mesmo que os tenhamos sempre em nosso coração e os levemos por todos os caminhos que andarmos, termos sua presença mais real entre nós é sempre uma coisa boa. Fico também feliz em saber em que anda aprecias as coisas legais que a tua idade pode proporcionar.
Como jovem, deves lembrar sempre, que apesar do mundo ser na verdade teu e as preocupações sobre o que acontecerá com ele também, isso não impedirá que gozes as coisas do teu tempo.
Lembra sempre do sol que brilha, das nuvens que passeiam e das flores que estão pelos jardins do mundo. Lembra também de como viver é um compromisso que assumimos conosco mesmo e que teremos que ir até o fim....
Mas triste também por tua tristeza...
Mas se quiseres, vai aí o que esse louco que te escreve pode te passar, mas antes, deixa te explicar uma coisa muito importante, eu não posso te passar alguma verdade absoluta, nem nenhuma fórmula mágica. O que os meus pés passaram pelo caminho, isso sim, posso te dizer; e, o que estes velhos olhos cansados puderam reter, posso mandar-te como um presente...
Chore se necessário for, meu querido, mas lembra-te sempre que o choro é a tempestade que cai à noite, e que não impede ao sol brilhar no novo dia.
Grite quando quiser ou puder, é assim mesmo, sem palavras não existem canções e sem mudanças as coisas não funcionam.
Lute, ninguém pode vencer por ti e ainda mais quando teu maior inimigo ocupa o mesmo lugar no espaço.
E continua escrevendo teus versos. Eles são filhos queridos aos quais não podes negar que também vivam.
No mais, espero que esta te encontre melhor, e que o teu riso posso ter chegado sem atrasos.
Ah! Quase ia esquecendo de te comunicar, aqui onde eu moro estão tendo várias procissões e, por isso, tenho recebido muitos convites para participar delas.
Do teu sempre amigo,

                                           Poeta.
(Para Juh, o Poetinha).

Subversivo Verdadeiro



Que seja assim porque seja
Até não é nada de mais
Estar onde é que se esteja
E ainda assim querer a paz

Querer um mundo sem barreiras

Sem cor sem credo sem distinção
Ser sincero sem boas maneiras
Menos a mente e mais coração

Lutar apenas pra ser feliz

Querer cada dia um carnaval
E para isso viver por um triz
Mesmo debaixo do temporal

Gritar no meio da praça

Chamar a atenção do mundo
Eu sou o rei da pirraça
E meu destino é vagabundo

Já passei por tantas aventuras

E senti quase todos os gostos
Passei pelas ruas mais escuras
No mais incontáveis agostos

Fumo e bebo e rio e danço

Aposto e até roubei no jogo
E insisto até se não alcanço
Sou filho da terra e do fogo

Que seja assim porque seja

Até onde não poder mais
E enquanto bebo minha cerveja
Quem quiser que vá em paz...

segunda-feira, 10 de março de 2014

Não Tenho Troco

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Não tenho troco
Foi pouco o amor que tive
Não sei se louco
É mais fácil viver quem vive
Foi um sufoco
Ir pelos lugares que estive

Eu queria uma canção

Ou um filme de ação
Que o mocinho ganhasse no final
E uma nova estação
Um eterno verão
Ou ainda o maior carnaval

Não tenho tino

Tudo se perdeu na distância
Não fui menino
Fui algo que viveu na infância
E meu destino
Foi apenas viver a ânsia

Eu queria um poema

Ou o fim do problema
Que a solidão traz pra mim
E um novo tema
Um novo teorema
Antes venha o meu fim

Não tenho troco

Foi pouco o amor que tive
Não sei se louco
É mais fácil viver quem vive
Foi um sufoco
Ir pelos lugares que estive...

Teatro Vida

As figuras da comédia dell’arte de um minuto para outro aparecem. E nós nem sabemos se somos platéia ou atores. Deve ser porque a diferença é só aparente. E não se dar conta disso é que afinal chamamos de viver. É o teatro. É o picadeiro. E na verdade a diferença é o que chamamos de ilusão. Tudo pulsa. Tudo vibra. E os versos são infinitos. Sejam escritos ou não. Vida e Morte num grande abraço seguido de formoso bailado. Não pensemos em mais nada. E com olhos fechados e mais que abertos. A dor passa mais rápido que se pensa. Mas os sonhos permanecem enquanto podem. A lágrima que escorre naquelas faces é tão bonita. Assim como muitas belezas que se escondem nas sombras. Noite ou dia. Nem precisamos saber. Porque o coração pulsa e isso sim vale a pena. Vale a pena suspirar sem motivo. E vibrar por aquilo que nem sabemos o que é. Os poetas estão aí. E isto sim importa mais. Eles vêm aos bandos com suas sãs loucuras. E nos mostram o brilho que pensamos extinto. Nada se extingue. A transformação é a maior das mágicas. E senti-la é o mágico sendo aplaudido de pé. O divã do analista está vazio e até ele foi pular o carnaval. Veja o toque macio e insano de pessoa amada. A sua coreografia estonteante na esquina brincando com os carros. O asfalto é quente. Mas menos do que a própria alma. E quanto mais calor é melhor. Melhor ainda que recordações que doem no peito. E empoeirados pés que nos olham humildemente pedindo merecido descanso. Cantemos em coro. Enquanto fadas com asas de borboleta cantarolam pelos jardins. E gnomos e duendes disputam intermináveis partidas de xadrez. É a vida. E se não fosse ainda assim mesmo seria. Porque está ali no script. E os ensaios foram bem detalhados. É o cheiro de incenso no ar. E os monges budistas curtindo  a banda punk. Toda explicação é plausível e absurdamente absurda se me permitem. Há muitas máscaras sobre as prateleiras ainda sem uso. Não sejamos bons ou maus por enquanto. Mas amemos com a sofreguidão dos camelos em sua jornada de areias. Cada um com seu papel...

Alguns Tercetos

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Haviam alguns pássaros  pousados
E alguns sonhos ainda não sonhados
Enquanto isso iam pra todos os lados

A realidade é uma fantasia teimosa
É o espinho que fere até a rosa
Mas assim mesmo também goza

Juro que nunca mais perguntarei
Sobre as coisas que também já sei
Pois são o caminho que caminhei

Vamos dançando com alegria
Porque o hoje é mais um dia
Com vida e morte em harmonia

Por aí perdi alguns dos versos
Falavam de assuntos diversos
Alguns bons e outros perversos

Todos, Todas

Toda saudade tem um nome
Toda mentira tem sua verdade
Estamos aqui pela mesma fome
Estamos atrás da felicidade

Toda cor tem sua pintura
Todo vento acaba parando
Há tantas luzes na noite escura
E a vida que vai reiniciando

Todo absurdo uma explicação
Todo riso tem um lado triste
E tudo está entre sim e não
E cada sonho é o que existe

Todo instante tem a sua notícia
Toda a lenda tem a sua história
E é preciso ter ginga ter malícia
E guardar tudo dentro da memória

Todo reza tem o seu segredo
Toda brincadeira o seu quintal
É o prato do dia o nosso medo
É até samba-enredo de carnaval

Toda bebedeira tem sua ressaca
Toda pasmaceira seu movimento
É um céu de nuvens que destaca
Igualzinho ao nosso lamento

Todo pensamento é o infinito
Toda corda acaba ficando tensa
E cada coisa acaba sendo rito
E cada rito é aquilo que se pensa...

A Bela

É ela
É bela
É tela
É cela
É dela
Janela

É ela que me faz sentir todos os dias
Que ainda não acabaram as alegrias
Que posso ser alegre até chorando
E eu vou seguindo rindo e cantando

É ela
É bela
É tela
É cela
É dela
Janela

É bela como ainda não tinha visto
Como um sonho antigo que eu insisto
Pois sonhar é tudo que ainda posso.
E me tira o frio que dói até os ossos

É ela
É bela
É tela
É cela
É dela
Janela

É tela bonita e mais do que surreal
É a bebedeira saideira do meu carnaval
Que me faz sentir como dono da rua
Que me agrada quando dança seminua

É ela
É bela
É tela
É cela
É dela
Janela

É cela que me prende com portas abertas
E que me faz manhas sob as suas cobertas
É a saudade que me dá quando não tenho
E me enlouquece e nem sei donde eu venho

É ela
É bela
É tela
É cela
É dela
Janela

É dela a promessa que ainda não foi paga
E a sua falta faz que eu rogue minhas pragas
E sua volta faz que pare todo meu choro
E que tudo em volta vire um eterno namoro

É ela
É bela
É tela
É cela
É dela
Janela

Janela que me faz ver mais do que a vida
Faca que corta mas acaba fechando a ferida
Esqueçamos tudo mais que possa então haver
E me acredite quando eu digo que amo você

É ela! É ela! É ela!

O Enigma dos “A”

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Era a letra sem som em todas as tonalidades
E eu nem mesmo sabia em que direção
Atirar assim é quase que impossível
Mas é que a exceção brinca conosco
Eu era o que era e ainda assim eu sou
E se sentir saudade é proibido que seja
Eu não faço perguntas mas pergunto sempre
E os olhos estão abertos mesmo no escuro
Houve muita coisa e isso só basta
Porque uma palavra vale mais que mil imagens
E qualquer bondade pode chegar ao céu
São infinitos os dias se fomos contá-los
É uma grande paisagem e somos detalhes
Os desenhos podem sorrir ou chorar
Dependendo em que cores estarão
Não pensemos mais nisso por ora
Metais e pedras preciosas dançam ciranda
Enquanto somos o que somos
Uma mágoa dói feito um infarto
Que ainda não veio mas avisou
Um incêndio aconteceu em cada mato
E as férias só nos trouxeram saudade
É como um segredo de estado
E o alto mostra as luzes lá de cima
Não importa entender mas buscar
Não decifrem um enigma
Isso pode ser muito pouco
Decifrem os três que é bem melhor...

Alameda dos Ventos

Em tudo que se pense ou fale
Em feridas do dia anterior
Falte o nome e nisso não faça falta
E as coisas estremecem de vez em quando
Eram novas fantasias que imaginamos
E os pensamentos se perdem à toa
Era isso que eu queria poder falar
Mas a sequência dos segundos deu no que deu
Esqueçam a piedade se não há carinho
E esqueçam o carinho se não há amor
As bolas de gude se espalhavam pelo chão
Enquanto outros recursos eram estudados
Estou feliz! Mesmo em dias de tristeza
E quando outras considerações bailam
Por um ar viciantemente bom ou não
Não vamos questionar sobre isso ou aquilo
Fomos muito injustos com as coisas simples
Mas à cada um cabe se julgar ou não
Quem viu como eu o que na verdade
Era inexistente exatamente para existir?
Esta é a grande realidade da vida
Ergamos um brinde às ilusões que nos protegem
Nós que brincamos pela vida
Saibamos mais ainda como contê-la
E escolhamos a cor que melhor combina
Ainda carrinhos de rolimã deslisam
Na miníma velocidade da luz

Da Alameda dos Ventos...

A Carne Não Tem Pecado

Resultado de imagem para davi michelangelo
A carne não tem pecado
Não sabe o que é certo ou errado
Tudo lhe é indiferente
O espírito é que vive agoniado
Sempre mudando de lado
Dependendo do que sente

A carne não tem pecado
Quer apenas o que foi desejado
Independe da mente
O espírito é que é malcriado
Nem sempre aceita o destinado
E acaba ficando doente


A carne não tem pecado...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...