A boca é aberta
O espaço é livre
A morte é certa
Mas ainda se vive
O cigarro é fumaça
O carro anda
A vida passa
O poder manda
A tela liga
O tempo é curto
Ai minha amiga
Eu tenho surto
É tanta gente
Eu me confundo
Tanto parente
É quase mundo
Estamos feitos
Mas sem motivo
Tantos efeitos
De estar vivo
É só um vício
É só mania
Um precipício
Pra cada dia
O cara é esperto
Passou a perna
É um deserto
Que me inferna
Traga-me logo
Um violão
Senão eu rogo
A extrema-unção
Meninos maus
Demônios bons
São bacuraus
E outros sons
Vai estrear
Na sexta-feira
O respirar
Doutra maneira
Eu tenho fome
Eu tenho sede
Ponha o nome
Lá na parede
Joguei o ás
Quero valete
E tanto faz
Essa internet
Vamos casar
Tenho a aliança
Se dei azar
Não há lembrança
O mar é meu
A praia é minha
Que rei sou eu
Minha rainha
Faz tantos dias
Foi mesmo ontem
Minhas alegrias
Quebraram a ponte
Dói a cabeça
Sou oprimido
Não me esqueça
Não faz sentido
Nessa cabeça
Tanto zumbido
Nessa boca
Tanta cachaça
Vontade louca
De ir à praça
De gritar alto
Por uma vez
Sem o assalto
Do fim do mês
Sem essas contas
Que faço errado
Aguenta as pontas
Tem feriado
E eu estou firme
Até cair
Nada exprime
Nosso porvir
Penas eternas
Sem julgamento
São mais modernas
Um firmamento
A boca é aberta
O espaço falta
A data é certa
Para eu ter alta...
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