Por certo histórias escondidas
Onde o cinismo empurra a loucura
E acena para as câmeras da televisão
Eu peço milhares de chuvas
Mesmo que tenha que correr
Para frágeis abismos de papel
Sou um cara corajoso
Como só os medrosos o são...
Males escondidos ao invés do coelho
E uma distância que atrapalha a visão
Tudo já perdeu aquele certo encanto
Eu gasto todos os meus fósforos
Acendendo as folhas secas
Que meu pai reuniu um dia
Por aquele mesmo caminho
Eu ainda sou o mesmo menino...
Deito-me olhando para o teto do quarto
Com receio de certas visões nas paredes
Ainda possuo o dom de visagens na luz do dia
Só que a agora tudo anda meio que invertido
São os fantasmas que me temem
E fogem pelo sombrio corredor
Eu ainda estou um tanto vivo
E isso pode ser chamado milagre...
Quase acertei todas as perguntas que fizeram
Mas este quase tem sua lâmina muito afiada
São muitos cortes que minha carne coleciona
Ainda que não tenha palavras tão bonitas
Como muitos guardam no bolso
Eu escolho tiros mais certeiros
Mesmo para um momento trágico
Eu que o alvo seja eu mesmo...
Agora toda e qualquer estação será bem vinda
Pois todo o meu desespero se encontra findo
Agora meu ofício é derrubar alguns velhos muros
E deixar que se espalhem alguns novos jardins
Qualquer dia a alegria foge da cela
Faz seu discurso no meio da rua
E aí surgirá a grande oportunidade
De todas as crianças rirem novamente...
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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