Carrego em mim a intranquilidade de dias mal passados e em uma apatia meu medo se transformou. Seriamente meu riso perdeu seu bom-senso e ainda ecoa por infindáveis corredores entremeados de uma fria escuridão.
Não se de onde veio tanto pó acumulado e quando suas várias camadas poderão finalmente cobrir minha vil vergonha. Foram muitas as vezes que pulei em certeiros abismos e nem assim a morte me quis como seu companheiro.
Não vejo sentido algum em achar algum sentido para razões que nunca mesmo mereci. Até a piedade acabou me afligindo com sua pena fingida porque se escolhi meu destino é bem verdade que escolhi mal pra caralho.
Eu vejo com o canto dos meus olhos tortos aquilo que não queria ver e isso pode ser pior do que qualquer cegueira das que andam aos milhares por aí. Nossa maldade nos sufoca aos poucos e isso às vezes pode ser por falta de ar ou por excesso deste.
Para cada celebração existe um lamento correspondente e para cada motivo a loucura se apresenta e pede passagem qual um carnaval. Espaço ocupado com muitas inutilidades e perguntas não respondidas por falta de qualquer cabível resposta.
Cansei-me de filosofar e de gritar gritos pra não serem escutados e desculpas pros crimes que não cometi. Por detrás de minha máscara há um outro ser igual ao desenho insensível da própria e se quiser tirá-la pra conferir fique bem à vontade.
Ganho sustos todas as manhãs e a mesma certeza se apresenta dizendo que nada será como imaginei. Pelo menos me vem até a mente a convicção que cada dia será novamente assassinado e o assassino não fui eu.
Não fui eu e nem os maiores monstros que vagueiam na mais podre luz do dia pois o tempo mesmo se encarrega dessa tarefa como um carrasco dedicado ao seu ofício. Eu gosto de comparações tal vulgares como qualquer uma e nem é preciso muito aparato pra isso somente o ridículo já se faz necessário.
Não sou bom e nem sou mal e por assim dizer a humanidade já é o suficiente pra corar minhas brutas faces num deboche mais que original. O coração é apenas mais uma necessidade fisiológica e seu outro aspecto acho que nunca existiu.
Não se morre de amor e apenas ferimentos surgem em nossa alma, alguns curáveis e outros um pouco menos. Alguns são pequenas lesões que nem sentimos que existiram e outras são machucados nas juntas de nossas articulações.
Eu fiz um deserto dentro de mim e ele agora que existe nunca mais se extinguirá. Ele está no peito e em toda as outras partes do meu ser e não tente de maneira alguma entrar lá pois com certeza uma hora dessas eu te matarei...
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