domingo, 17 de maio de 2020

Alguns Poemetos Sem Nome Número 77

Foto de Menino Desconfiada Quanto Ao e mais fotos de stock de 12 ...
Não sei se as coisas mudarão,
temos velhos produtos com embalagens novas,
mudaram os carnavais e as fantasias não...

Eu gostaria de engolir a esperança,
nos maiores tragos que pudesse dar,
mas minha garganta secou ao extremo...

Um minuto de silêncio para nossos mortos,
todos o que já descansam em seus leitos,
a morte não conhece diferença alguma...

Gostaria de rir mais, dançar mais, 
acender muitas fogueiras pelas noites,
mas até minh'alma já se apagou...

Não sei se as coisas mudarão,
mas ainda assim tenhamos certos cuidados,
porque o nosso predador somos nós...

............................................................................................................

Festas de morte
Sozinhas na alegria estúpida do coletivo
Nada existe mais que a tristeza
E um sol quente junto 
Ao grande catálogo de sóis frios
É o que quero falar 
Em meu silêncio constrangedor
Como num cinema mudo
A imaginação prega peças
E eu quase sempre sei disso
A modéstia me obriga
À levar centenas de estrelas
Guardadas em meus bolsos...

............................................................................................................

Eu nem queria...
Mas há abismos e abismos,
Nunca sabemos ou que são...
Por isso, vou em minha solidão
Sem deixar rastros
E não haverá mais um som...
O silêncio incomoda 
Mas nem sempre...
Não há cálculos exatos
Nem para choros e nem risadas...
Pelo menos minhas palavras
Ainda me obedecem
E eu posso brincar com elas 
Todas as vezes que desejar...
Minhas aflições são ocultas
E parecem participar
De um jogo de dados...
Nunca se esqueçam do sol...
Eu nem queria...

............................................................................................................

As nuvens estão prontas
(Pra partir ou pra ficar)
Eu sinto o calor em meu corpo
(Apesar da alma tão fria)
E os sons oferecidos pelo dia
(Mesmo que a solidão silencie)
O caminho é o mesmo
(Pedras e poeira, nada mais)
Eu bebo do meu veneno
(A pequena distância o faz)
Gostaria de dormir mais um pouco
(Mas o sono foi embora)...

............................................................................................................

Não gostaria nunca de falar isso
Mas a mágoa impele tanta coisa...
As sombras acabam me acompanhando
E tenho que me acostumar
Com a única companhia que tenho...
Os nervos não estão à flor da pele
Pois já saltaram faz muito tempo no chão...
Não há mais trânsito movimentado
E a cidade está vazia como meu peito...
E queria ter pelo menos asas
Para sobrevoar a própria escuridão
Dessa minha própria noite...

............................................................................................................

Algumas invejas podem ser tão tristes
Que poderiam se tornar engraçadas
A minha tristeza é como a queda de braço
Que sei de antemão que vou perder...
É difícil escolher as cores dos pesadelos
Mas sem querer acabamos acertando sempre...
É um tiro no escuro que damos
E os versos mais fatídicos acabam nascendo...
Todos os partos doem e a criação
É em si uma criatura também...

............................................................................................................

Eu fui um menino
E como todos eles
Sofri e ri de acordo
Com as estações...
Quando foi?
Foi quase ontem...

Eu amei em demasia
Desenhei corações
E pensei que o meu
Não poderia ser ferido...
Quando foi?
Foi quase ontem...

Eu tive o sonho
Preso entre os dedos
Mas como bicho arisco
Ele escapuliu-me
Para bem longe...
Quando foi?
Foi quase ontem...

Eu chamei a morte
E ela meio apressada
Veio tão louca
Que errou meu endereço...
Quando foi?
Foi quase ontem...

............................................................................................................

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Insalubre (Miniconto)

Insalubre era a casa dela (se é que podia ser chamada de sua ou ser chamada de casa). Qualquer favela tem coisa bem melhor. Sem porta, sem j...