sábado, 9 de maio de 2020

Alguns Poemetos Sem Nome Número 75

Não há motivo, 
mas há motivos
Não há razão,
mas há razões

Nesse inferno de mil cores
nós andamos
e mesmo claudicando
lá vamos nós

Não há festa,
mas há festas
Não há comemoração,
mas há comemorações

Nesse labirinto sem saída
nos esbarramos
e acabamos então
tendo falsas ideias

Não há beleza,
mas há belezas
Não há certezas,
mas há certezas...

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Toda verdade desagrada
Toda mentira adoça antes de amargar
Assim o é e sempre será...

Toda verdade machuca
Toda mentira vai te acariciar
Isso um pouco antes de lhe matar...

Toda verdade embrutece
Toda a mentira perfuma o ar
Há muitas formas de se disfarçar...

Toda verdade desnorteia
Toda mentira parece clara de enxergar
Te convida para ir no abismo e pular...

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Talvez dor
Talvez nada
Porque alegrias e tristezas
Acabam se confundindo
No mesmo prato
E temos que comer...

Talvez risco
Talvez rotina
Numa dicotomia careta
Que mata aos poucos
Mas que está no ar
Apenas nos esperando...

Talvez acima
Talvez abaixo
Em compreensíveis enigmas
Que poderíamos escolher
Mas afinal de contas
Errar está na moda...

Talvez canção
Talvez ruído
E meu coração morrendo
Ou então se tornando pedra
Porque um maldito dia
Tentei e tentei te amar...

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Não me julgue pela minha idade
Eu faço dos meus dias aquilo
Que eu bem quiser
Não me julgue pela minha aparência
Há muitas pedras amigas
E tantas flores que matam
As aranhas são exímias tecelãs
E há homens que só sabem matar
Toda a dor é necessária
Para que não embruteçamos de vez
Muitas vezes bem e mal andam juntos
E isso pode acabar em namoro
Eu só espero a hora de partir
Com a calma dos que não 
Queriam realmente ir embora...

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Deixe-me por aqui, por favor,
os anos já fizeram seu trabalho,
me cansaram demais

Prometo não ficar apático
como muitos que andam por aí,
mas não quero a exaustão

Não ficarei cego com certas utopias,
mas não me entristecerei como antes
em tempos de muita luta e derrotas

O meu tempo agora é outro,
acho que até os outros tempos também,
mas aquela ternura não morreu

Meu canto será mais silencioso,
porém ainda traz em si
o mesmo veneno da verdade

Deixe-me por aqui, por favor
os espelhos já estão quebrados,
não me mirarei e nem chorarei mais...

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Quase nada conheço
talvez seja essa a razão
de conhecer pelo menos
um pálido arremedo
do que é a felicidade

Eu me comovo sempre
com as mesmas sandices
que o grande rebanho
se comove sempre
é só caprichar na cor

Eu acredito nas mentiras
dos mesmos malvados
que aparecem por aí
demônios expulsos
possuem substitutos

Me entristeço sem motivo
me alegro sem outros
e algumas pedras vadias
acabam sendo bem mais 
sensíveis do que eu

Quase nada conheço
talvez seja esse o motivo
que tenha feridas indolores
e acredite que está tudo bem
quando nunca esteve

Sou um idiota chamado
Humano...

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Não retribua meu choro
isso apenas o aumenta
Finja que está tudo bem
como nunca esteve antes
Não se lamente
com a minha tristeza
Todas elas acabam passando
ou se convertem em seu oposto
Eu ainda verei alguns carnavais
mesmo que seja de longe
Se a minha alegria não estiver presente
pelo menos um dia ela já esteve...

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