sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A Loucura Segundo C.A.

Resultado de imagem para loucos
Eu tava triste
E a tristeza saiu sambando
Comemorando
Que ela existe
Eu tava perto
E a loucura saiu gritando
Que tava morando
Num peito aberto
Eu tava vivo
E eu mesmo saí gritando
Que tava respirando
Sem um motivo

Coloquei versos pendurados no varal

Escondi alegrias no fundo de um quintal
Pensei que seria bom todo dia carnaval
E seria bom afinal um bom final

Eu tava pálido

E a palidez envolveu o rosto
Trazendo o gosto
De nada válido
Eu tava parado
E a saudade veio ferindo
E era lindo
Ser maltratado
Eu tava cego
E a cegueira me deu a mão
Na escuridão
E eu não nego

Coloquei estrelas pregadas aos pedaços

Ocupando todos os siderais espaços
Agostos  julhos maios fevereiros marços
Minha vitória meus fracassos

Eu tava tão

E a loucura no meu caminho
Trazendo o vinho
E o pão
Eu tava tendo
Tava faltando o ar
Nem dava pra cantar
Nem compreendo
Eu tava perto
De brincadeiras
De carpideiras
No deserto

E a loucura veio ao meu encontro...

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Esses


Esses são os testes
Essas são as pestes
Estes os problemas
Esses os dilemas
Eu caio duro
Se penso no futuro

Essas são as notícias
Essas são as delícias
Essas são as redes
Essas são as sedes
Nem sei quem sou
Mas aqui estou

Essas são as bandeiras
Essas são as besteiras
Esses são os nobres
Esses são os cobres
E quase nem respiro
Mas eu me firo

Esses são os sinais
Esse são os rituais
Essas são as sextas
Essas são as bestas
E conforme a freguês
Sim não ou talvez

Essa é a janela
Essa é a novela
Essas são palavras
Essas são escravas
Não conheço cansaço
Quando é pra ser palhaço

Esse é o desejo
Esse é o ensejo
Esse é o cisco
Esse é o risco
O gato dorme no muro
E eu nem sei meu futuro...

Poema de Cemitério


"Cemitério é praça linda,
Mas ninguém quer passear..."
(Cancioneiro popular).

Há muitos cemitérios por aí
É só você procurar
Cemitérios de corpos
Que podem assustar
Cemitérios de sonhos
Feitos de só chorar
Uns tem muitas flores
Outros sem se enfeitar
Uns que valem poemas
Outros só pra se calar
Uns vêm pra feitiços
Outros pra passear
Todos nós pra lá iremos
Mas poucos querem já
Temos a vã esperança
De dormir e esperar
Com nossas opiniões
Do que há por lá
Não há o que fazer
Por mais que se vá tentar
Vamos então sorrir
E vamos também cantar
E o resto o tempo
Um dia vai nos mostrar...

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Anos e Anos


Contem-se nos dedos até acabar
E quando acabar recontemos de novo
Sim sim aguardaremos ansiosos como nunca
Que chegue a hora do recreio
Vejamos todos os detalhes desta estrada
E não cairemos mais em armadilhas
O pó nos pés não mais importa
Se podermos chegar ao final dela
Eu perdi teu telefone
Eu esqueci teu endereço
Mas de qualquer forma chegarei aí
Eu não vivo mais preocupado com a aparência
Esqueci de terminar de ler alguns livros
Mas é porque eram chatos demais
O sol brilha lá fora e eu sei disso
E sei que tudo na vida só tem dois finais
Você já foi no jardim hoje?
Cada uma daquelas flores é uma surpresa
Mesmo se vemos pela segunda vez
Basta mais um gole e riremos sem motivo
Eu não escolho mais as palavras
Elas que me escolhem e eu obedeço
Não fico mais vendo notícias ruins
Porque elas já fazem parte do mesmo quadro
Há muito tempo paramos de brigar
E isso pode não ser tão bom assim
Eu trouxe uma garrafa de vinho para o jantar
Pode arrumar a mesa e acender as velas
Faremos um brinde para o que não existe ainda
Pelo menos nos dói um pouco menos
Eu sei que faz mal mas quero um cigarro
Ser politicamente correto nunca foi o meu forte
Desligue o rádio por favor
Eu sei que haverão muitas e muitas novidades
Mas é exatamente isso que não quero...

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Num Canto


Eu vou deixar você
Lá num canto...
Não se preocupe
Não vou lhe desprezar...
Não vou levar tempos sem lhe ver...
E nem vou deixar de lhe fazer carinhos
Como sempre fiz...
É que lá fora as coisas são más
E nem sempre os homens lhe entendem...
Aqui estará muito mais seguro...
Não se engane...
Os homens costumam matar 
Aqueles que são iguais à você
Ou ainda os transformam 
Em monstros terríveis...
Fique aí bem quietinho...
Não faça nenhum barulho...
Há muitos soldados lá fora...
Prometo vir aqui todos os dias
E se vir chorando não se assuste
A vida é assim mesmo
E você tem que se acostumar...
Eu também acho ruim
Mas acabei me acostumando...
Faz muito tempo que eu entendi
Que as coisas são assim...
Só que consegui continuar o mesmo
Tão menino quanto você...
Espere que eu volto pra lhe ver
Meu querido sonho...
Os homens nunca me impedirão de sonhar...

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Em Absoluto


Meus mares andavam em absoluto
E o dia noturnamente se apresentava
Era apenas um pecado impoluto
Que em mais águas assim martelava

Esperem mais um pouco nada disse
E dizendo assim esperando esperava
Em mais sonhados sonhos que Alice
Quem alucinado chá que degustava

Esses cristais são os melhores sintéticos
E até pouco tempo ninguém os fabricava
São feitos com legais propósitos éticos
Com estrutura iônica que não se imaginava

Meus olhos andam por portas e janelas
Como só aquele menino um dia andava
E em pesadelos buscam coisas belas
Porque um dia ele só assim pesadelava

É pesadelo tudo que se apresenta
É pesadelo tudo que se apresentava
São teoremas que a vida se assenta
Mas a morte é que os estudava

Vamos que vamos minha fada verde
Essa sua cor nem eu mesmo trocava
E no conforto de um balanço de rede
Talvez de novo eu assim te vomitava

Não é o umbral ele apenas parece
É apenas a cena que alguém encenava
E enquanto rugia mais uma prece
Um chiclete de menta se mascava

Essa roupa é o que há de mais perfeito
E se eu fosse você eu também desfilava
Mostre logo o que não há mais jeito
Ou onde minha alma se encontrava...

Tipo Um Noturno de Um Poeta Vagabundo

Resultado de imagem para rua deserta a noite
Quando o primeiro gole desceu até a garganta não pensei em nada. Só pensei talvez que os próximos viriam logo. Sim. Amor sumido entre as nuvens. Eu que me quedo na tampa da mesa em profundo sono. Nunca mais sonharei contigo. 
Quando o último trago subiu no ar senti um gosto amargo. Era como a se a fumaça fosse um alento desalentado que mata aos poucos. E eu amassei o maço vazio e joguei na calçada. Assim como o amor que não sentirei mais.
Quando olhei a rua vazia no meio da madrugada pensei besteira. E seria tão bom se as coisas fossem ao avesso. E pudesse te encontrar numa esquina qualquer cobrando o justo preço. E eu te bebesse como quem pede mais um trago. Mas esta hora deves estar dormindo num quarto da casa de família.
Quando desisti de tudo como quem vive pra morrer. E tropecei em meus passos indo pra casa. Senti a inutilidade como um eremita numa caverna que não sabe que o mundo acabou faz tempo. A vida é um arremedo de um roteiro de filme. E eu sou mal ator. Eu não decoro textos. A memória é fraca. Eu gosto de aplausos sinceros. E isso está em falta no mercado.
Quando me joguei em cima da cama só havia o lençol mau arrumado e os travesseiros que abraço. Bem podia ser bem diferente. Queria mesmo ver teu rosto de zanga na penumbra me perdoando pela milionésima vez...

A Nau dos Insensatos


Vamos dar nomes aos fatos
Quer uma carona?
Já chegou nossa dona
A grandiosa Nau dos Insensatos!

Vamos dar comida aos ratos
Sem saber navegando
Desconhecendo onde e quando
Na grandiosa Nau dos Insensatos!

Vamos curtir o status
Vamos falar mais besteiras
Vamos plantar bananeiras
Dentro da grandiosa Nau dos Insensatos!

Vamos indo sem sapatos
Nessa grande procissão
Feita de dor e de aflição
Da grandiosa Nau dos Insensatos!

Vamos caprichando nos tratos
Nada mais tem mais nexo
Do que ir fazendo sexo
Sobre a grandiosa Nau dos Insensatos!

Vamos comprar mais barato
Ver a vida toda em blue
Mande a morar tomar no cu
Nessa grandiosa Nau dos Insensatos!

Vamos cuspir dentro dos pratos
Estamos vivendo na fatal idade
De matar com crueldade
Pela grandiosa Nau dos Insensatos!

Vamos dar nomes aos fatos
Quer uma carona?
Já chegou nossa dona
A grandiosa Nau dos Insensatos!!!!!

domingo, 26 de janeiro de 2014

Humano Pet


Pet shop pet pop pet not
O bicho anda de duas patas
O bicho usa terno bermuda
O bicho queima as matas
O bicho tem vista surda

Pet shop pet pop pet not

O bicho come outro bicho
O bicho mata qualquer um
O bicho tem sagrado lixo
O bicho não tem nenhum

Pet shop pet pop pet not

O bicho não gosta de igual
O bicho estuda não aprende
O bicho tem cara de pau
O bicho por grana se vende

Pet shop pet pop pet not

O bicho usa microchip
O bicho usa micropênis
O bicho é um bicho vip
O bicho é dono do tênis

Pet shop pet pop pet not

O bicho corta cabelo
O bicho faz fantasia
O bicho não tem apelo
O bicho faz putaria

Pet shop pet pop pet not

O bicho mata o cachorro
O bicho maltrata o gato
O bicho covarde pede socorro
O bicho ladrão feito rato

Pet shop pet pop pet not

O bicho suja areia
O bicho não sabe limpar
O bicho mata a baleia
O bicho tortura o urso polar

Pet shop pet pop pet not

O bicho tá na varanda
O bicho tá na calçada
O bicho pega urso panda
O bicho mata passarada

Pet shop pet pop pet not

O bicho já nasce insano
O bicho já nasce rindo
O bicho é ser humano
O bicho está destruindo

Pet shop pet pop pet not

Dá pra tirar esse bicho daí???

sábado, 25 de janeiro de 2014

ClaraMente Exposto, ClaraMente Exposta


Claramente claro chegarás
Antes das estações primeiras
Antes das flores das bananeiras
Dos mangalôs e dos mangarás

Antes da minha sétima nota
Antes do meu primeiro ataque
Na minha colisão de rota
Vai vir o mágico de araque

Claramente claro viverás
Mesmo se a pose incomoda
Meu derradeiro gim sem soda
De panfletos e de patuás

Antes do adeus até outro ano
Antes da solidão em pedaços
De um demônio ser humano
Preso em redes de fracassos

Claramente claro sorrirás
Com os dedos com anéis
Em mais de milhão de decibéis
De tangareis e de tangarás

Antes de novamente ciranda
Antes de qualquer granfinale
Com os olhos na varanda
Vendo qualquer um detalhe

Claramente claro estarás
Antes das estações derradeiras
Antes das flores das goiabeiras
Dos mangalôs e dos mangarás...

O Teatro de Todos Nós


Tem que haver muita cena
Tem que ter comoção
Os leões entram na arena
Pra trazer emoção

Tem que ter coisas novas

Tem que palpitar o coração
Enquanto cavam as covas
Não pode faltar distração

O teatro já está lotado

As luzes já estão acesas
E o público entusiasmado
Saboreia a sua incerteza

Numa hora fazemos rir

Noutra hora fazemos drama
E então fazemos sentir
A tristeza de quem ama

Aliás há muitas tristezas

Cada um possui a sua
Uns por não ter sobremesa
Uns porque dormem na rua

Uns estão no meio da guerra

E alguns fogem da paz
Uns querem salvar a terra
E outros as redes sociais

Alguns pintam a cara de índio

Outros aparecerem na TV
Uns vivem na frente do vídeo
E outros nem podem viver

Pra uns o negócio tá feio

Pra outros nunca foi tão bom
Se abaixa que tem tiroteio
Ou então aumenta esse som

É assim e assim deve ser

Vamos em coro numa só voz
Vivemos e vamos morrer
Neste teatro de todos nós!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Nunca o Céu Foi Tão Azul


Nunca o céu foi tão azul
Apesar das naves que nele voam
Apesar dos projéteis que cortam o ar
O mar cheio de seus navios
E do medo que se tem de amar

Nunca o céu foi tão azul
Apesar da falta dos passarinhos
Apesar dos edifícios a atrapalhar
A mentira que se vê pela mídia
E da cela lá na sala de estar

Nunca o céu foi tão azul
Apesar de faltar novas letras
Apesar de estarmos sem cantar
O mundo com tanta pobreza
E dos meninos que estão à chorar

Nunca o céu foi tão azul
Apesar da contagem ser regressiva
Apesar de só termos mais pesar
Porque morremos lentamente
E não dá mais pra se evitar

Nunca o céu foi tão azul
Apesar de tudo aquilo que vemos
Apesar das bombas sem perdoar
São comédias e tragédias
E não dá mais pra disfarçar

Nunca o céu foi tão azul...

Lógica Mente

Resultado de imagem para escola de atenas
É a lógica lógica e lógica
E a lógica mente
Quando chega mente
Queremos a mente
E a mente não sente
A mente segue adiante
E distante 
Está ausente
Quando amamos é diferente
Somos anti-lógicos
Somos anti-éticos
O amor se mente
Somos céticos
E a lógica é quase permanente
Sem estrutura
Simples e pura
Chega a ser indecente
Incomoda e é reticente
Tem tudo e é carente
Traiçoeira e envolvente
A lógica é exata
Exata mente
E impiedosamente
Corta rente
Mente mas é transparente
Aprisiona sem corrente
É a lógica lógica e lógica
E a lógica mente

Quem Disse Que Não?


Vou montar a árvore de natal em fevereiro
Vou ficar de luto porque cheguei primeiro
Estarei dançando sozinho na madrugada
Brincarei mil vezes de escorrega na escada
Voarei mesmo não tendo alguma asa pra voar
Vestirei no inverno minhas roupas de verão
Quem disse que não?

Usarei as cores que nem mesmo combinam

Farei poemas com palavras que não rimam
E se todos fecham eu abrirei aquela porta
Farei o mais lindo discurso numa língua morta
Salvarei o dia sem pedir nenhuma recompensa
E longe estarei mais perto do que você pensa
Correndo atrás dos carros feito um cão
Quem disse que não?

Quero usar no meu dia a dia capa e cartola

Transformar em dádiva qualquer uma esmola
Beber o chá das cinco em dias bem quentes
Tratar qualquer um na rua como meus parentes
Ir assistir a estréia de um filme bem antigo
Marcar um encontro casual com um inimigo
Construir um novo Himalaia com a mão
Quem disse que não?

Vou colocar minha mão numa casa de abelhas

Estalar meus dedos e deles sairão centelhas
Fazer um senso estatístico no fundo do mar
Mandar rezar uma missa solene dentro do bar
Misturar doce e salgado dentro do mesmo prato
Celebrar a nova amizade entre gato e rato
Ser quem sou sem ter nenhuma aflição
Quem disse que não?

Beijar a boca porque é boca e porque é beijo

Não sentir mais culpa porque se tem desejo
Rir cada instante por uma piada mais nova
Acreditar que existem milagres sem prova
Esperar que nasça um dia bem mais bonito
Resolver todos os problemas com um grito
Viver sem lado sem partido e sem facção
Quem disse que não?

Viver livre sim e viver livre do não

Quem disse que não?...

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Da Natureza dos Tolos

Os tolos se compreendem. Ou pelo menos acham... Porque na verdade a tolice os cega. Constroem castelos que não são de sonhos. São de cinza... Pensam que sabem amar. Mas não amam... Seu amor é insosso como a comida de um doente. E egoísta como nenhum amor pode ser... Eles acham que mandam no mundo. Mas vida e morte seguem nossos passos até a hora que querem... Eles pensam que estão na moda. Mas a moda é uma prostituta velha e barata que ri de seus clientes... Fazem guerra para ganhar com isso. Mas a guerra é um cão danado que acaba indo contra seu dono... Acham que controlam o dia a dia. Mas o dia a dia é um palhaço que ri da cara dos que estão lá na platéia... Acham que sabem tudo. Mas na verdade não saber talvez seja mais prudente e seguro... Os tolos acham que se dão bem sempre. Mas ganhar pode ser a pior opção... Chegar em primeiro lugar nem sempre significa ser o melhor... Certos tesouros perdidos são a forma mais intensa de se viver... Os tolos pensam que pensam. E pensam que pensam que pensam... Mas não é assim... Porque se pensassem parariam. E se parassem andariam mais do que imaginam... Não param para olhar uma flor. Mas olham prédios. Mas os edifícios um dia caem. E certas flores são únicas e que as viu as terão para sempre... Não possuem tempo para dar um sorriso. Mas querem ter coisas e mais coisas. Um sorriso pode ser eterno. E as coisas que ganhou um dia irão embora... Os tolos não gostam de versos. Não gritam sem motivo. Nem dançam sem hora certa. Mas de que adianta marcar o horário se a vida desconhece compromissos?  Os tolos chamam os outros de tolos. Mas esquecem que temos um grande espelho à nossa frente... Um espelho que reflete nossos defeitos e nossas maiores decepções... Um espelho bom e cruel... Um espelho chamado realidade... Os tolos são tolos. E é isso que eles são...

De Caso Pensado


Foi de caso pensado
Que eu tava cansado
De tanto esperar
Tava quase na ponta
Com uma febre tonta
De se aguentar
Foi tipo um cansaço
Faltava o espaço
Pra respirar
A coluna doída
Com risco de vida
Quase sem par
Sentado num banco
Ou no pé do barranco
Tanto me fez estar
E era logo ali
Onde eu não vi
Sem reclamar
Não quero teu mal
Etecetera e tal
Perder ou ganhar
Espere um pouco
Estou muito louco
Pra te encontrar
Dizer que te quero
Não sei se é lero
Mas quero beijar
Gastar minhas penas
Em mais umas cenas
De se admirar
Se gosto ou não gosto
Mas mesmo assim aposto
No bicho que dá
Esqueça essa intriga
Adeus minha amiga
Ou até já...

Poesia & Anti Poesia


Eu sou a anticiência
A noção de um último trago
A loucura em quintessência
O monstro que emergiu do lago

Eu sou os versos quebrados

Espalhados no chão da sala
O desejo dos condenados
Que fizeram a sua mala

Eu sou o protesto sem motivo

E um grito sem ter garganta
A vontade de estar vivo
Que a qualquer um espanta

Eu sou o tombo do skate

E uma curva quase fatal
Sem que ninguém me aceite
Até o dia do meu juízo final

Eu sou o trágico da comédia

E o riso no meio do drama
O verbete fora da enciclopédia
E o calor sem ter a chama

Eu sou o fim da conversa

E um adeus sem ter mais
A bondade sempre perversa
No almoço queremos paz

Eu sou aquilo que não se define

Mesmo quando há definição
O mal que não se previne
Mesmo quando é a previsão

Eu sou a estrela que está longe

Eu sou apenas a vela apagada
Eu sou a praga dita pelo monge
E quando muito mais nada!!! 

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Soneto da Quase Morte

Resultado de imagem para menino com febre
Não estamos vivos - apenas morremos
Numa lenta porém constante agonia
De nosso sonho que morre em cada dia
E até isso nós ainda não percebemos

Morremos com o amor que vai embora

Com o amigo que partiu numa viagem
Morremos em casa ou pelo mundo afora
E nada nos sobra somente a imagem...

Vamos então viver como podemos

Sem pensar no que virá em mais nada
Porque após a morte apenas viveremos

O que chamamos vida é conto de fada

É uma lição que afinal nem aprendemos
E quem sabe começo de outra jornada...

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Aí Está - O Paradoxo da Alegria Vista Com Tais Olhos ou Solenidades do Medo


Aí está fiquem de joelhos
Fiquem em solene contrição
Vem o senhor dos panos vermelhos
Trazendo a moda da estação

Aí está tenham paciência
Ele vem com sua leveza
Façam a mais profunda reverência
À quem é famoso e tem riqueza

Aí está tenham acato
Em procissão vem seu leito
Ele é aquele candidato
Que venceu no último pleito

Aí está com muito cuidado
Como previu o último informe
O cão de guarda do estado
Com seu perigoso uniforme

Aí está a figura temida
Com sua pose mais elegante
É o autor da bala perdida
Ou é ainda algum traficante

Aí está o braço direito
De toda direita perseguição
Ele se chama preconceito
Filho da falsa religião

Aí está o dono dos dados
Venham todos para a janela
Estamos todos marcados
Pelas marcas de sua novela

Aí está a nossa marca
Este é nosso grande sinal
Nosso templo é o Maraca
E a procissão o Carnaval

Aí está o que é realmente
Todo o nosso enredo
E vivemos solenemente
Do mesmo e igual medo...

Nem Maus e Nem Bons

Resultado de imagem para o bem e o mal
Nem maus e nem bons
Apenas tons
Da vida que vai andando
Que vai matando
Desde o nascimento
Em todo momento
Cheia de sonhos
Uns alegres outros tristonhos
Inevitável dicotomia
Que rege o dia
Um grande barco
Um grande arco
Que segue torto
Em cada porto

Nem maus e nem bons
Apenas sons
De uma canção rotineira
Queira ou não queira
Desde o respirar
Até faltar o ar
Cheia de desejo
Sorte no realejo
Inevitável litania
Que anoitece o dia
Uma grande saga
Uma grande praga
Que segue tonta
Em cada ponta...

Breve História Sem História

Há muito tempo havia uma árvore
O dia era triste como qualquer um
E a cena se fixou para sempre nos meus olhos

Há muito tempo havia uma árvore no caminho
E o sol de nada adiantou para salvar a tarde
Porque aquele foi do último adeus para sempre

Há muito tempo havia uma árvore com um menino
E se o menino hoje está vivo eu nem sei
Mas se está se tornou o velho que também chora

Há muito tempo havia uma árvore que já morreu
Cantemos então um réquiem qualquer bem sentido
Pela árvore e também pelo menino...

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Nunca Sempre

Resultado de imagem para terra do nunca
Nunca sempre
Nunca antes
Nunca durante
Nunca depois

Nem bata na porta entre

Nem peça licença sente
As coisas são como são
Tudo pode ser direto
Tudo pode ser concreto
Nada mais que sim e não

Nunca sempre

Nunca antes
Nunca durante
Nunca depois

Pode perguntar à vontade

Pode perguntar por novidade
Só não espere respostas agradáveis
A verdade pode ser só um crime
Que tudo fala e só isso exprime
Sem propósitos mais descartáveis

Nunca sempre

Nunca antes
Nunca durante
Nunca depois 

Pode olhar tudo que tem à volta

Notar algum detalhe que não se nota
Assim são as coisas e sempre serão
Tem alguns versos novos ali na mesa
Que talvez trarão tipo alguma surpresa
Pois não são de revolta e sim de paixão

Nunca sempre

Nunca antes 
Nunca durante
Nunca depois

Já vai? Você que sabe mas ainda está cedo

Vá então e não tenho assim tanto medo
As coisas permanecerão ou talvez mudem
Isso agora não é o que há mais importante
Vamos viver e muito cada um instante
Enquanto a vida e a morte se confundem

Nunca sempre 

Nunca antes 
Nunca durante
Nunca depois...

domingo, 19 de janeiro de 2014

Todas as Rimas (Quase Todas)


Românticos ou quânticos?
Amáveis ou estáveis?
Céticos ou éticos?
Todos os climas todas as rimas

Circenses ou forenses?

Descendentes ou indecentes?
Espasmos ou orgasmos?
Todos os jeitos todos os efeitos

Protegidos ou permitidos?

Aprazíveis ou acessíveis?
Intocáveis ou retornáveis?
Todos os assuntos todos defuntos

Iluminados ou patrocinados?

Solidões ou estações?
Saudáveis ou vendáveis?
Todas as portas todas as tortas

Girassóis ou rouxinóis?

Aleijados ou marcados?
Estéticos ou proféticos?
Todas as gentilezas todas as torpezas

Aparições ou armações?

Amizades ou propriedades?
Marcações ou instruções?
Todas as viagens todas as visagens

Clínicos ou cínicos?

Arremates ou arrebates?
Vícios ou sacrifícios?
Todos os marcos todos os barcos

Fronteiras ou besteiras?

Estágios ou contágios?
Herméticos ou proféticos?
Todos os destinos todos os ensinos

Vendidos ou vencidos?

Convencimentos ou armamentos?
Humanos ou insanos?
Todos os dias todos as alegrias

Montes ou fontes?

Novelas ou balelas?
Moral ou normal?
Todos os enigmas todos os estigmas

Românticos ou semânticos?

Amáveis ou sociáveis?
Céticos ou estéticos?
Todos as rimas todas as rimas...

Alguns Perigos


A roupa não deu
O gás acabou
O sonho morreu
Carnaval não chegou
O candidato mentiu
Mas alguém me beijou
O dólar subiu
Nem sei quem eu sou
Estamos perdidos
O rango queimou
Escuto gemidos
Quem foi que chamou?
Vamos tentar
Quem nunca tentou?
E vão me chamar
Pro reality show
Eu sei que posso
Fazer rock n'roll
É o time nosso
Fazendo um gol
Eu vi na novela
O dinheiro sobrou
Irei na favela
Eu tavo e não tou
O novo modelo
Todo mundo comprou
E é sem apelo
Pra quem bobeou
Vamos vivendo
Com o que sobrou
Todos correndo
A polícia chegou
Aberta ferida
Ninguém fechou
A bala perdida
Alguém encontrou
O dia na fila
Nem adiantou
Sansão sem Dalila
Que nunca voltou
A cara tristonha
Ninguém nem notou
Chorar de vergonha
Quem nunca chorou?
Eu tenho amigos
Ninguém me salvou
Existem tantos perigos
Quem nunca notou?

Nós


Estávamos em qualquer lugar por aí. Sem a noção exata de todos os referenciais possíveis. Somos nós esses loucos que alguns livros falam constantemente. Somos nós. Pedintes de alegria fácil e barata. Tão diferentes e bem parecidos. Rindo uma vez e chorando dez ou mais vezes. Na expectativa do melhor de todos os carnavais. Somos e não somos nós mesmos. Lembrando tempos tão pobres e pequenos como nossa bêbeda emoção. Que roupas legais estas. E ao mesmo tempo feias e fora de moda. Somos nós na pose da fotografia casual de momentos mais ou menos divertidos. Estamos nós presos ao papel e ao desbotamento do tempo. Aos riscos e arranhões feitos sem querer. Sim. Sim. São vários diálogos guardados em restos de memória. Cada um pode completar uma letra. Cada um desenhe um símbolo. A vida é feita de símbolos e códigos que qualquer criptografista jamais irá desvendar. Coloque aí mais uma. Me dê mais fichas para costumeiras músicas inéditas. Nós estamos e ainda assim nem chegamos. Não somos paradoxos. Apenas enigmas. Não somos maus. Apenas nem sabemos corretamente quem somos. E por isto viramos o rosto de o choro é nosso ou não. E deveria ser o inverso. Me chame qualquer hora. Me ligue à cobrar. Diga que me detesta que já é alguma coisa. Fale que minhas brincadeiras são de muito mau gosto. Mas que me perdoa. Pelo menos enquanto a raiva não passar. Eu sou assim mesmo. Tive à quem puxar. Em muitas noites de lua dei meus uivos. E me transformei em qualquer coisa. Em dias de sol me transformei em anjo e minhas asas queimavam como fogo. Ou eram mesmo de fogo sem que verdadeiramente soubesse. Muito engraçadas estas piadas que ninguém contou até agora. Muito linda essa cor que ainda não foi vestida na passarela pela loirinha anoréxica que se equilibra no alto de seus saltos. Vamos por onde formos. Eu não acho que esse cabelo fica bem em você. Mas não digo nada. Preferia aqueles cachos que caiam tão bem. Mas se prefere assim lambido o problema é seu. Não estávamos mais em lugar nenhum. Em nenhum bar de madrugada. Em nenhum canto escuro. Ou se beijando na rua para que os últimos indo para casa vissem. O nosso riso cessou. E nada mais houve depois depois do caos... 

sábado, 18 de janeiro de 2014

Todos, Todos e Todos


Todos os tolos
Todos os bolos
Todos os dolos

Todas as letras de diferentes alfabetos

Todas as mentes todas as gentes
Com seus diferentes desejos secretos

Todos os tragos

Todos os rasgos
Todos os magos

Todas as luzes de diferentes terras e países

Todas gentes iguais e diferentes
Variações das mais variadas matrizes

Todos os rostos

Todos os gostos
Todos os postos

Todas os novos e novas de tais novidades

Todas as festas e todas frestas de luz
Com seus caminhos que vão até as cidades

Todos os carros

Todos os sarros
Todos os cigarros

Todas fogueiras e fogos e suas fumaças

Tudo o que eu vi e o que não vi
E eram os homens e suas reais trapaças

Todas as cores

Todas as dores
Todas as flores

Todas os estados que são enfim testados

Toda a ciranda que se dança
Todos amores que já foram mal amados

Todos os tolos

Todos os bolos
Todos os dolos

Poema Breve

A vida daquela flor é breve
Como qualquer amor...
Que a terra lhe seja leve
Sem nenhuma dor...

O tempo daquele sonho é breve
E breve quem o sonhou...
Que o mesmo sonho o leve
Por onde ele nunca andou...

O tempo de amar é breve
E breve o poema que o mostrou...
Sob o sol some a neve
Que noite passada branqueou...

A vida daquela vida é breve
E quando vimos já passou...

Eu Não Sei


A canção que alegra a dia
Sem motivo nenhum de alegria
Os motivos de um outro carnaval
Diferente sem algum outro igual
Um canto bem alto e bonito
Que até eu mesmo eu acredito
Os planos que eu sempre arquitetei
Não me peça - eu não sei...

Aquela grande fórmula mágica

A tragédia que não termina trágica
O livro bom de ser ler na cama
Um jeito de não apagar mais a chama
Um jeito novo de afagar os cabelos
Ou de não ter mais aqueles pesadelos
Andar os caminhos que caminhei
Não me peça - eu não sei...

Como caminhar sobre as águas

Como esquecer tantas mágoas
Estar sempre querendo e sempre mais
Carregar cartazes acreditando em paz
Mostrar a felicidade que precisa de pouco
Dançar pela praça feito um louco
Pintar a cara como um dia eu já pintei
Não me peça - eu não sei...

Ser gentil com todos que eu ver

A ternura no peito aos poucos crescer
Não temer mais o que é o futuro
Acender uma luz no meio desse escuro
Subir sem medo aquela montanha
E sentir que a paixão não me acanha
Não precisar mais de lei nem de rei
Não me peça - eu não sei...

Explicar como se caçam nuvens no céu

Colocar meu amor descrito num papel
Galopar em qualquer garupa do vento
Andar pelas ruas sem ter que ficar atento
Sentir quando o amor está chegando
Quando a febre passa e não estar delirando
Nem mesmo por onde eu vou agora sei
Não me peça - eu não sei...

Eu não sei... Eu não sei...

Outros Girassóis


Lembrai-vos pelo menos uma vez
Das crianças abandonadas,
Das mulheres violentadas,
Das velhices abandonadas,
De tudo que se faz de errado
Enquanto cada um de nós é culpado...

Lembrai-vos pelo menos uma vez

Dos conflitos provocados,
Dos campos de refugiados,
Dos soldados massacrados,
De tudo aquilos que fingimos não ver
Enquanto o medo continua à crescer...

Lembrai-vos pelo menos uma vez

Dos poderosos e suas tetras,
Das vacas magras e suas tetas,
Das coisas que se avisam em mil letras,
De tudo que é sonho e talvez não virá
Num amanhã que talvez não acontecerá...

Lembrai-vos pelo menos uma vez 

Das bocas que estão vazias,
Das sarjetas que estão frias,
Das noites que estão sem dias,
De tudo que é triste por nossa conta
Nesse filme que cada um faz uma ponta...

Lembrai-vos pelo menos uma vez

Do rock que toca no rádio,
Da vitória fora do estádio,
De uma outra luta sem gládio
De tudo que é o que é na verdade
Muito além dos muros de qualquer cidade...

Lembrai-vos pelo menos uma vez

De tudo mais que está sob o sol...

Nos Primeiros Dez Minutos


Nos primeiros dez minutos que você foi
Consumi dois cigarros seguidos,
Pensei que o mundo vinha abaixo,
Achei que ia morrer do coração
E que nem teria alguém 
Pra segurar minha mão nessa hora...
Nos primeiros dez minutos que você foi
Tentei acordar de um sonho ruim,
Como se acordar resolvesse tudo,
Um grande vazio se abriu na cena
Como se a vida fosse um desenho animado
E que se pudesse voltar atrás...
Nos primeiros dez minutos que você foi
Eu tive vontade de rir de desespero,
De gritar como fazia tempo que não,
Xingar qualquer passasse perto,
Provocar qualquer um sem motivo
Pra poder esquecer sua ida...
Nos primeiros dez minutos que você foi
A mão tremia quando eu segurava o copo,
A vista turvava pra não ver a luz,
O coração queria virar um carro desgovernado,
Tudo perdeu o sentido se é que algum havia
E eu nem sabia se ficava ou ia também...
Nos primeiros dez minutos que você foi
Eu me senti um menino pedindo esmolas no sinal,
Um malabarista tendo vertigens lá em cima,
Um humorista que esqueceu a piada
E pedi que a morte viesse à galope
Como um entregador de pizza no fim de semana...
Nos primeiros dez minutos que você foi
Eu apenas esperei que isso acontece
E pedi mais outra pro cara do balcão...

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Repouso Absoluto


Não há mais nada que fazer senão rezar...
Por dias que bonitos em seus castelos
E por entre milhares de girassóis amarelos
Onde a vista ainda possa ainda alcançar...

Não há mais nada que fazer senão parar...

Há muitas lojas e variadas liquidações
Para alimentar e aliviar as nossas paixões
Sem saber onde esse caminho ainda vai dar...

Não há mais nada que fazer senão olhar...

Estamos aqui mas estamos sem ninguém
E ao soar dos tiros todos nós digamos amém
Sem um beco onde se possa então escapar...

Não há mais nada que fazer senão aguardar...

Aguardar o resultado da próxima eleição
Aguardar qual é a moda da última estação
E o que mais existe para se inventar...

Não há mais nada que fazer senão penar...

Com os braços em cruz e bem abertos
Mostrando os desejos que ainda encobertos
Estão por surgir e talvez cada um saciar...

Não há mais nada que fazer senão chorar...

Chorar querendo disfarçar que está rindo
Enquanto mais nada se está sequer sentindo
Nem há mais dinheiro para o que comprar...

Não há mais nada que fazer senão estar

No estado de repouso mais que absoluto
Se sentindo apenas como se fosse um puto
E nós queremos mesmo é gozar...

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Algum Retalho sobre U. e B.V.

Resultado de imagem para fim de festa
Era um tempo praticamente sem tempo
Que lembro mas não gosto de me lembrar...
Porque haviam ruas, muitas ruas
E eu inutilmente andei por tantas delas.
Porque até houve algum amor
E eu inutilmente chorei por ele.
Porque os sonos eram inquietos
E o sol das manhãs não era tão bons.
Havia a casa dos gatos.
Havia a dúvida de sempre
Mesmo quando transformada em alegria.
Haviam versos guardados com inútil esmero
Que tempo acabou consumindo.
Não te quero mais, me recuso.
E olhar para trás não dá em nada...
Chega de teus carnavais iludidos
E de planos de guerra que nunca vou concluir.
Há muito de morte em todas as coisas
E por isso prefiro ficar parado como o tempo pede.
Não brinquemos mais como foi antes.
Nem achemos que tudo é brincadeira.
Não é questão de matarmos os sonhos
E sim sabermos quais não são ilusões perigosas.
Sei que há perigo em qualquer parte
Mas em tuas antenas tivesse bem mais...
Chega. Nem sobraram fotos que nos relembrassem algo.
Carros passam todos os dias pelas ruas.
Bombas explodem em todas as televisões.
E as balas cortam o ar feito mosquitos.
É tudo como deve ser e não mais.
É tudo o que temos para o jantar...

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Sou, Não Sou


Eu sou aquilo que não sou
Eu vou apenas onde não vou
Eu peço sem nunca pedir
E vôo apenas ao cair
Eu presto e todavia não presto
E às vezes só amo se detesto
Me calo apenas se deveria falar
E apenas paro se deveria andar
Na hora do sexo sou puritano
E só me avexo em ser humano
Só quero aquilo que não tive
E quando morro o peito vive
Espero em desespero bruto
E na hora da festa faço luto
Por mais querer é que desprezo
Quanto mais desacredito mais rezo
Quanto mais tonteio aí que bebo
E nas vezes que perco é que recebo
Por não saber é que sei mais
E por estar em guerra estou em paz
Estou em guerra comigo mesmo
E só acertos meus tiros à esmo
Estou cheio do mais pleno vazio
E sinto mais calor quando está frio
Anjo apenas por ser demônio
Nem Pedro nem José nem Antônio
Por isso conhecido e desconhecido
Morto mas também renascido
Eu sou aquilo que não sou
Eu vou apenas onde não vou...

Algumas Palavras


Algumas palavras engolidas
Indo por uma garganta ressecada
Sobre o que sobrou de muitas vidas
E tudo se resumindo à nada
Foi sobre aquilo que se viu
E aquilo que partiu pela estrada
E sobre uma estrela que caiu
E que permaneceu na calçada
Era tão triste aquele nosso canto
Cantado com a boca fechada
Um canto que não era santo
Mas de uma alma mais revoltada
E meus pés me levando na praça
E uma festa que foi acabada
E na alma ainda a mesma pirraça
Uma pirraça triste e fantasiada
Algumas palavras escondidas
Indo por uma garganta desgovernada
Sobre o que sobrou de vindas e idas
E tudo sendo apenas fachada
Foi sobre aquilo que se partiu
E a solidão da mente apavorada
E sobre uma estrela que explodiu
E no espaço foi transformada
Era tão triste aquela nossa litania
Cantada com a boca fechada
Um canto que não era de alegria
Mas deixava a minha alma lavada
E meus pés me levando na raça
E uma festa até que mesmo animada
E o fim desta tão grande farsa
Uma farsa que era doença e foi curada...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...