domingo, 16 de março de 2025

Suicídio Líquido

Cada detalhe. Cada nuance.

Palavra mal escolhida. Mal proferida.

Cadeado na porta. Cadeado no peito.

Pecado de algumas tolas moedas.

Acabou de perder a razão quem a tinha.


Os rios nunca param.

As cicatrizes nunca morrem...


Cada esperança. Cada carta marcada.

A ira dos deuses. A tolice feita dos seres.

Desculpas não aceitas. Infantil reação.

Madrugadas quase sem sombras.

Judas se atrasou para a santa ceia.


O tempo tem hipocondria.

A poeira ataca todo o espaço...


O gole mal engolido. Abominação etílica.

O suicídio mascarado. A sujeira permanente.

Ameaça quase insana. O carnaval sem folia.

Mais um cigarro para poder me matar.

Caiu de cara no chão para dormir.


Nossa sede só possui fome.

Só eu mesmo me aponto o dedo...


Toda praia é imortal. A jaula está sem porta.

Um tapa na cara da lógica. Um soco no sorriso.

O ridículo está insone. Palmas para o abismo.

Engulo todos meus domingos com café.

Nunca seremos o que nunca fomos.


A beleza da maldade tem nome.

Quanto mais complicado melhor fica...


(Extraído do livro "Leonardo e O Chão" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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