Quem sabe isso não é só um filme.
Garrafas vazias sobre a velha mesa.
Minutos transformados em segundos.
Voyeurismo em ávidos olhos estáticos.
Não importa que está estrelando.
Todo ato acaba virando o mais certo.
Há sons de automóveis inesperados.
Até de um galo cantando fora de hora.
O cenário é apenas uma maquiagem.
A roupa íntima dos atores é velha.
Algumas tatuagens já saíram de moda.
E novos rostos já estão envelhecidos.
Não sabemos onde a flecha caiu.
E que flor foi a primeira a desabrochar.
Todas as pedras podem ser velozes.
E os detalhes armarem emboscadas.
O carnaval de ontem poderá ser agora.
E todo tesão pode nos afligir demais.
Agora faltam latidos para as carruagens.
Toda arte se escondeu debaixo da cama.
E meus óculos possuem alguma saudade.
Pintei novamente meus esqueletos.
E apodreci com capricho os meus dentes.
A cara dela é de lua perfeita e minguante.
Quem sabe isso não é só um filme?
(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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