Agora quero falar de sabiás.
De rouxinóis. E de pitangas.
Como todo estrangeiro daqui mesmo.
Tenho palavras mais engolidas.
Que não encontraram uma garganta.
E acabaram ficando por esse chão.
Agora quero cortar meus pulsos.
Conter minha ira. Matar o medo.
Como quem vai para não voltar.
Tenho versos mais ariscos.
Que fogem entre meus pobres dedos.
E conseguem voar para bem longe.
Agora quero todas as madrugadas.
Dono das fogueiras. Senhor da fumaça.
Proprietário de noturnas alegrias.
Tenho dores mais intensas.
Algumas somente em minha alma.
A mesma alma que não sei se tenho.
Agora quero a arte da arte.
Não sei quais labirintos andarei.
E morrer se tornou mais um detalhe...
(Extraído do livro "Pane na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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