quarta-feira, 26 de março de 2025

Era Um Pobre Velho Sem Coca-Cola


 Aquilo que não como é o luxo que tenho...

Ora, por que não? Meu tempo assim merece...

A minha vaidade não acabou, só usa uma máscara...

A morte é mais um brinquedo em minha mão...

Cada um come o seu pedaço na hora que quer...

Nunca fomos... Mas mesmo assim sempre seremos...


Aquilo que não bebo é a falta que sinto...

Ora, por que não? Tudo se repete sem percebermos...

Toda novidade é obsoleta, a próxima lhe mata...

A puta é aquela que esconde sua inocência nas ruas...

A maldade é o abismo do abismo do abismo...

Velhas páginas... Quanto mais amareladas, mais novas...


Aquilo que não respiro é o que mais me sufoca...

Ora, por que não? Há várias drogas disfarçadas...

Nunca seremos o futuro, mas sim o passado...

O morcego é um pássaro que ama a escuridão...

Eu me permito a todas as loucuras possíveis...

Dançar na praça... Mesmo em dias de muita chuva...


Aquilo que não vejo é o que mais me cega...

Ora, por que não? Até as máquinas adormecem...

As preces falham, os gênios erram nos pedidos...

Todo erro é plausível se assim foi desejado...

Eu só me vesti de vermelho quando fui um clown...

Hoje sou apenas um velho que nem Coca-Cola tem...


(Extraído do livro "Pane na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida").

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