O que ele tinha nojo agora engole.
O que está preso na gaiola não escapole.
Até quem não vale nada tem sua prole.
Estamos na idade da pedra e não é mole.
Eu posso ser um deus e tomar birita.
Estamos tão sós e isso é que me irrita.
Ela é tão feia e mesmo assim tão bonita.
Terminei de fazer uma estátua e ela grita.
Todo mendigo agora tem conta no banco.
A vida nada mais é que um cheque em branco.
Em eras passadas apanhamos de tamanco.
Meu coração agora só vai pegar no tranco.
Toda a alegria é apenas mais um engodo.
Eu não quero mais a metade quero é todo.
Misturando terra e água teremos o lodo.
Toda vez que tento ser bom é que me fodo.
Eu pra poder escrever acordo de madrugada.
Cada moda que surge é a mais nova piada.
Quem tem valor acaba é não valendo nada.
Qualquer dia vai ter aluguel até pra calçada.
O que ele tinha nojo agora gosta.
O que vale na vida não tem resposta.
Até quem não vale nada vale bosta.
Até morrer agora é mais uma proposta...
(Extraído do livro "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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