Na sala de jantar que não possui
O menino rói os biscoitos velhos que achou.
Na enfermaria suja com sua limpeza
O paranoico espera seus assassinos.
Na esquina de avenida perigosa
A puta espera quem irá lhe comer.
Estes são pequenos pedaços de mundo
Longe de todas as palmas e holofotes...
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Admiro os poetas que possuem sentimentos
Suficientes para falar somente do amor
Mesmo quando seus espinhos ferem sem querer...
Bato palmas para aqueles que escrevem
Querendo mostrar suas fórmulas mágicas
Mesmo quando lhes falta magia para isso...
A minha poesia não tem nada disso não tem
São apenas insistentes rabiscos
Feitas num papel velho com um toco de lápis...
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Está em falta romances românticos
(O velho tesão bebeu muita vodca)
Também não há palavras certeiras
(Nossa defesa agora nos fere mais)
E as ilusões que sobem ao palco
(Acabaram de desmaiar de fome)...
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Não goze tão rápido
Nunca se sabe a próxima vez.
Não sonhe tão alto
A altura das nuvens dá vertigem.
Não ria demasiadamente
Nem toda piada é engraçada.
Não chore quase sempre
É parte da nossa sina chorar...
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Cárcere privado - eis o que é
As ruas não são mais minhas
E só poderei ter os pássaros
Que por acaso aqui pousarem
Eles devem ter pena de mim
Foi o sol que lhes avisou...
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A imaginação nos permite façanhas
Depende apenas de nós quais delas
Eis agora mesmo que mal posso andar
E tenho medo de cair novamente na rua
Em alguns escassos segundos apenas
Poderei visitar alguns lindos bazares
Em uma cidade chinesa bem distante
A imaginação nos permite façanhas
Depende apenas de nós quais delas...
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A pedra caiu na poça d'água
A poça d'água se feriu com isso
O choro da poça d'água começou
Levou muito tempo para parar
E eis então a origem dos lagos...