Num pátio rosa-chá aconteciam milagres
e alguns outros desatinos mais...
O telhado decadente tem pouca importância
sobretudo com estes seus detalhes...
Nunca mais nos excederemos com esta dose
e juramos por estes velhos catálogos...
Os poetas engoliram as rimas que sobraram
junto com o café que servido foi...
A nudez sempre foi e será mais bem recatada
do que toda mentira proferida...
Minha querida mãe seu filho sente mais dor
dentro da alma do que nas pernas...
As medidas estão soterradas sob os escombros
E eu vou rindo enquanto necessário...
Bem-aventurados os que não valem mais nada
a terra já é sua por antecipação...
Bem-aventuradas as meretrizes do meu bairro
porque o consolo está sob suspeita...
Todos os ditadores merecidamente post-mortem
merecem todo esse nosso escárnio...
Quem corre com muita sede até chegar no pote
até vomitará aquilo que bebeu...
Cachaça barata envelhecida em tonéis de pano
é o que sobrou das bodas do filme...
O motorista largou as mãos do volante do carro
na hora da curva mais fechada...
As formigas levaram o pobre cadáver da mosca
com toda a solenidade possível...
Esse pesadelo tem exatamente a minha cara
mas este rabo é certamente o seu...
A nossa sociedade é apenas um show de títeres
que batem cartão de ponto e lancham...
Demônios não possuem mais chifres no repertório
enquanto os anjos lançam os novos looks...
Cadeiras velhas plásticas espalhadas pelo salão
e práticos sachês de molho insípido...
Estamos em plena geração de tão novas velharias
onde pensar pode causar o câncer...
Os Ursinhos Horrorosos passam na velha televisão
que implora ser queimada na Inquisição...
Na Mansão dos Mortos não haviam mais vagas
e por isso dormimos sob os viadutos...
Exuberante paisagem bem mais do que tropical
onde os restos de feira compõem a pintura...
(Extraído de "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida")
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