Bocas não possuem olhos
Bocas não enxergam
Quando muito são míopes...
Bocas não são calmas
Não são serenas
Estão sempre ávidas
De beijos de outras
Ou de outros lugares alheios...
Algumas têm muita fome
Outras muita sede
E outras mascam chicles fatais...
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Garras de pantera
Olhos gateados de lince
Frescor de chuva
Cheiro de creme rinse
Sonho de Dali
Madona de Da Vince
Quem dera a quimera
Que você existisse...
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Eu me encantei
Mas não foi com as estrelas
Eram muitas e não poderia contá-las
Também não foi com os pirilampos
Minha alma iria se distrair
Como o bando deles
Foi com aqueles fogos tantos deles
Que faziam no céu
Aquele incêndio tão bonito
E aquela cantoria sem fim...
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Em rimas mais que imperfeitas
Tentei te mostrar o amor que não tive
O que definiria outros rumos
O que faria andar outros caminhos
Mas as palavras morreram...
Em planos mágicos e falhos
Tentei pegar as estrelas dos teus olhos
Na palma das minhas mãos
Mas elas acabaram fugindo
Para um destino incerto e ignorado...
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Eu sou o demônio que guarda a chave do abismo,
Não teme tirá-la de meu bolso, não está aí,
Aliás, nunca esteve, está em meu coração...
Eu sou o demônio que passeia pelo abismo,
Não tente quebrar as minhas velhas asas,
Nunca precisei delas, eu tenho as maiores, os sonhos...
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Não me importo com o teu jeito meio desajeitado,
O modo que tu me olhas é o verdadeiro encanto...
Não me importo com aquela tatuagem estranha
Com o nome de outro cara, teu corpo vem a mim...
Não me importo com as tuas zangas repentinas,
Pois é aí sim que consegues até ficar mais bonita...
Não me importo se mostrar não importar com nada,
Já tomas conta do meu universo e ele é tão grande...
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Admiráveis figuras...
Abandonadas pelo tempo...
Presas por paredes imaginárias...
Quando tinham todo o tempo do mundo...
E agora não possuem mais nenhum...
Sorriso e seriedade juntamente...
Talvez em velhos álbuns de papel...
Ou em pedras frias de lápides...
Admiráveis figuras...
Que se tornaram o próprio tempo...
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