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Toda dor tem um propósito, a alegria não. Toda dor segue uma direção, a alegria tem todas elas. A dor às vezes consegue voar, a alegria é as asas de quem a tem. A dor pode ser terna ou bruta (isso depende), a alegria tem a ternura como sua própria natureza. Os carinhos da dor são breves, os da alegria mesmo quando breves, são inesquecíveis. A dor é suportada, a alegria todos pedem bis. A dor geralmente causa silêncio, a alegria é aplaudida de pé. Toda dor tem um propósito, a alegria é caminho que nem percebemos, mas é...
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Eu viajei, viajei sim, por todos os países do mundo, não saindo do lugar. Todas as casas que morei, foram castelos. Todos os corredores lembraram-me romances policiais. Os quintais traziam maravilhas e medos também. Em algumas eu ri, o choro me visitou em todas elas. Da primeira até a última, cresci e envelheci, aqui estou. Deverei ter uma última morada, mas agora não importa. Eu viajei, viajei sim, vejam só como estou cansado e com asas gastas...
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Não critico, isso não é a minha tarefa. Mas mesmo assim a memória funciona. Encontrei a maldade na maioria dos meus dias. Loucuras sem motivo algum. Não posso negar. Mas a maioria das tempestades acabaram indo embora. A morte cuidou de muitos dos malvados que encontrei pelo caminho. A terra comeu todos eles. Mas uma coisa não posso esquecer, mesmo que a amnésia tome conta da pobre mente me aposse de repente. É da maldade dos jovens. É um grande engano dizer que ela não existe, ela sempre existe. E isso não muda em nada o que todo mundo tenta ser hoje...
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O barulho do vidro quebrando é mais do que um simples barulho. É uma lição de suma importância. Nós também somos de vidro. O vidro colorido que reflete luz. O vidro que se transforma em arte seja ela qual for. O que resiste ao frio fechando a janela. O para nós mesmos em nossos monólogos de confissão. Nós também somos de vidro. Só que um vidro que além de quebrar, também apodrece...
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O tudo é a véspera do nada. O contente, a véspera do triste. O são, a véspera do doente. O acompanhado, o só daqui há pouco. O amado será o desamado. O valente será o covarde. O sensato vai ser o mais louco. Tudo muda, tudo se transforma, só o sonho, esse teimoso, permanece sempre...
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A janela do meu quarto é o mundo. Ela tem um abismo de poucos centímetros do qual me debruço. A rua é um palco onde variadas peças são encenadas sempre. Onde cães e gatos mostram alegria, homens não. A janela do meu quarto são meus olhos, onde utilizo do silêncio para o tempo passar...
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