Você que é aplaudido
Eu quem sou esquecido
Você que é ovacionado
Eu quem sou desprezado
Ambos morreremos
E talvez o esquecimento
Lhe consuma também...
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Ela dançou naquele boteco sujo
Ele riu e socou a mesa sem motivos
Eles esqueceram a tristeza que tinham
Ambos não lembravam serem miseráveis
E se estavam por algo no mundo não sabiam
Ela tinha um encontro com a morte
Ele também e ambos não sabiam o horário
É melhor desse jeito mesmo
Abismos não possuem nem nome...
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Cem versos
Insuficiência crônica
Necessidade vital
Febre constante
Ar que respiro
Falta de aplausos
Sem versos...
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Aqueles passos que eu dei
Não sei se deram em nada
Ou se percorreram todas as terras...
Aqueles sonhos que sonhei
Acabaram não se realizando
Mas preencheram minha alma...
Todas aquelas febres que tive
Não sei se foram de vez curadas
Mas me ajudaram a voar e muito...
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Quero esquecer que fui esquecido
Pelo mais puro dos esquecimentos...
Quero poder rir sempre e sempre
Mesmo não achando graça mais...
Quero abusar do que é proibido
Mesmo que não haja tempo pra isso...
Quero continuar com a ternura
Mesmo que alguém vire o rosto...
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Soldados marcham em fileiras
Para uma guerra que não pediram
Para trazer a morte que não querem
Para ganhar aquilo que não terão
Para combater o que não conhecem
Para serem maus como não são
Soldados marcham em fileiras
Para caírem no chão como moscas...
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O meu cansaço é meio que parecido
Com o do vira-latas que abana o rabo
Nem sempre esse cão tem o que comer
Nem sempre as pessoas lhe tratam bem
Mas todas as ruas são mais suas
Do que de todos os homens do mundo
Está livre mesmo não podendo voar
Não tem horários para poder cumprir
E quando morrer não levará culpa alguma...
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