Nebuloso tempo aquele...
Não somente para os olhos como hoje,
Mas para a mente do menino qu'eu era...
Medos vindo voando em bando...
Morcegos, corujas e também bacurais,
Povoando aquelas noites sem estrelas...
O mundo girava e girava...
E eu queria ganhar uma vara de condão,
Certamente realizaria todos grandes feitos...
Numa caixa de papelão toda minha...
Nela os brinquedos, companheiros mudos,
Acompanhantes de minha natural solidão...
Os olhos azuis dela eram meu mar...
O penacho ainda estava em minha cabeça,
O mistério fazia parte de todo meu mundo...
Nebuloso tempo aquele...
Em que tempestades vinham aos montes,
Em preto-e-branco como a velha TV da sala...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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