O que sobrou daquilo que eu era?
Sonhos, apenas fragmentos esparsos
De alguns espalhados por estas ruas...
O que sobrou daquilo que eu quis ser?
Desejos, alguns desejos assassinados
Antes mesmo de seu primeiro lamento...
O que sobrará daquilo que um dia serei?
Lembranças, apenas acinzentados fatos
Que não podemos dizer se verdade ou não...
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Aqui é o Rio que nunca teve rio,
Aqui é o Rio que sempre teve mar...
Desconhecido, desprezado, jogado fora
Pelos que não te conhecem, eu não...
Ainda tentarei andar por tuas areias
E absorver tua alegria de feiras aos sábados...
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Tudo morre - sobretudo a maldade
Já a bondade é muito teimosa
E persiste até quando só houver
Algum espaço e tempo - ,mais nada...
Tudo acaba - sobretudo o desamor
Já o amor não precisa mover uma palha
É como a sarça ardente da história
Só que com duração mais que eterna...
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Quer o que não quer...
Tem pressa de viver
Mas desperdiça o tempo
Com coisas que não precisa
Antecipação da morte...
Quer o que não quer...
Insiste em sonhar
Mas são sonhos mesquinhos
Que se tornarão cinzas
Antecipação da dor...
Não quer o que quer...
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Quando morrer nosso pranto
Não faremos o seu funeral...
Que ele esquente, vire vapor
E vá para as nuvens de onde veio...
E logo, logo, vire chuva
E volte para a terra mais manso...
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A propaganda nos sufoca cada vez mais
(E agora sim, temos todos os motivos para versos)
A ilusão nos persegue em cada uma esquina
(Compramos caixas cada vez mais vazias)
A apatia acaba nos adoecendo até nos matar
(Essa é a epidemia invisível de nossos tempos)
Alguém tem o número do delivery da felicidade?
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Tenho menos demais
Acabei me acostumando
Parei de reclamar
A falta de aplausos da vida
O olhar desdenhoso
Quando dou bom dia na rua
A impossibilidade de andar
No chão molhado
Consigo ainda sonhar
Preso nesta jaula aberta
Tenho demais menos...
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