domingo, 13 de outubro de 2024

Alguns Poemetos Sem Nome N° 307


Insisto, insistimos, insistiremos
Mesmo com versos absurdos e óbvios

Choros chorados trancados no quarto

Indecisões que faltam dedos para contar

Gibis antigos para podermos ler na internet

Passos vacilantes começo de mais um tombo

Viver é como uma maratona corrida de costas

Amar só podemos por conta e risco próprios

Meu velho demônio ainda bate suas asas

Insisto, insistimos, insistiremos...


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Eu estava meio estático, estava

Com teus olhos em não muito linha reta

E com teus seios de uma mera dúvida

Eu estava meio patético, estava

Com a nossa malícia vestida de inocência

De tardes de muitos cigarros acesos

Eu estava meio sereno, estava

Com estes segredos que nunca foram

Mas que me faziam tão bem

Eu estava meio clínico, estava

Como o paciente que esqueceu de morrer

E esqueceu de ir embora até agora...


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Engula a poesia toda de uma vez

Sem sal, sem açúcar, sem tempero algum

Não desperdice cada um dos versos

Como o faminto que cata até as migalhas

Se preocupe com as rimas ou até não

O mais importante é poder ser sentir e só

Não prepare ouvidos e olhos para as palmas

Poetas estão sempre sós até na multidão

Não se arrependa de ter engolido tudo

Engula a poesia toda de uma vez...


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Não espere que eu vá

Eu já fui embora faz tempo

Esqueceram minha certidão

As flores que me dariam

Estavam todas de folga

Os passarinhos não calaram

Era esse o seu nobre ofício

Hoje não foi a folga do sol

E muito menos estava de férias

Não espere que eu vá

Eu já fui embora faz tempo...


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Eu escrevo como quem tem tristes surpresas

E tive tanta pressa que até esqueci de viver

Cada passo agora incerto é uma estrada inteira

Mas todos se enganam - a chama ainda vive

Minha fogueira é teimosa e irá até às cinzas

E até a fumaça aproveitarei para um passeio...


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Uma letra só...

Um gesto só...

E a nossa estética 

Ficará estática

Pássaro engaiolado

Sei lá que tempo...

E velhas fotografias

Valeram bem mais

Do que aquilo

Que passou sem notarmos...


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Pouco mais do que um pouco menos

Minha lógica está tão cansada (...)

E pede uma pausa para o café...

Pouco mais do que um pouco menos

Pelo rastro dessas minhas palavras

Talvez descubram que um dia fui...

Pouco mais do que um pouco menos

Encontrei as minhas cansadas asas

Vasculhando nessa gaveta antiga aqui...

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