Tinha um vento lá fora...
Desses ventos de madrugada cúmplice,
De pecados com perdão
E crimes sem castigo...
Todos os cães dormem
E todos os gatos ainda não...
O último beijo na penumbra...
A última transa antes do sono,
Mais um gole e só
E, claro, mais um trago...
A caminhada de passos vacilantes
E tombo direto na cama...
Um sol que espantará o vento...
O dia é verdadeiro e implacável,
Arranca máscaras e destrói vírgulas,
Se puder colocará prédios no chão...
Ele é o senhor de todos os jornais
Nesse dia e em todos os seguintes...
Tinha um vento lá fora...
(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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