Faça receita caseira
De explosivo plástico
Durma numa cadeira
Dizem que é fantástico
Batam no velho aleijado
Roubem comida do pobre
Neste mundo errado
Quem erra é mais nobre
Obedeça o que mandarem
Cague no meio da rua
Se os planos falharem
Essa culpa foi sua
Espalhe sal na terra
Mate os passarinhos
Compre bônus de guerra
Esqueçam-se dos carinhos
Bata cabeça pra TV
O seu deus é o celular
Não há tempo pra viver
Muito menos pra amar
Toda dia me embriago
Sem uma gota sequer
No meu cartão trago
O que sobrou da fé
Rode a baiana rode
É a moda está
Vive quem pode
E o outro morrerá
É o prato do dia
Já vem ele vazio
E a nossa apatia
É feito como um rio
É um espelho rude
Seja um burro normal
Fiz aquilo que pude
Como num carnaval
Cate comida no lixo
Arranje briga na rua
Desmaie por capricho
A decisão não é sua
Nós viramos macacos
Somos todos desiguais
Vivemos pelos buracos
Mas nos achamos os tais!
(Extraído do livro "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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