Eu uso meu deboche como um soldado perdido no campo de batalha. Os dois exércitos escolheram a mesma cor para suas fardas. A vítima é sempre vítima, mas o vilão também pode ser também, isso é culpa da perspectiva...
Algumas fumaças discretas sobem no ar, mas o cheiro tem aquela velha mania de gritar bem alto. Eu me sinto um cego na porta da igreja agradecendo a pouca bondade que pode ainda existir. Moedas e migalhas são a mesma coisa, só não consigo voar feito os pombos...
Eu escondo a minha cara na aba quebrada do velho chapéu ensebado. Os fios da barba embranquecida semeiam meu rosto, parecendo um campo de neve que nunca conhecerei. Tudo fica exausto sob o efeito do tempo, até o prazer acaba enjoando...
Alguns (ou será muitos ou todos?) andam com seus peitos no ponto de implosão, mas a banalidade simplesmente continua. O quase agora nos feriu, mas molhamos nossas calças pelo daqui há pouco. O nosso medo toca o bumbo na praça...
Eu canto os fragmentos do tabaco espalhados por cima da mesa do computador. Deveria ter fechado meus olhos logo após abri-los, mas sou bom cumpridor das promessas, sobretudo, das que nunca fiz, é assim que sempre aconteceu e sempre acontecerá...
Alguns gemem sem motivo algum, outros seu riso são semelhantes aos gemidos. Na dúvida entremos nas duas filas, nunca se sabe quando precisaremos de descartáveis lenços para os consolos mais que banais...
Eu torço por resultados que estão preconcebidos. Toda novela acaba sendo um tratado de filosofia barata, o roteirista é um demônio que esqueceu quem era e assim continua escrevendo suas maldades até que a estação sai fora do ar...
O amor esgotou seu tempo, o relógio está quebrado. O meu, o seu, o nosso, todos estão. Todos estão insepultos, mas contidos no grande cemitério de estúpidos compromissos. Os urubus sobrevoam e apenas isso.
Eu escrevo uma história triste, mas tão comum como milhares de outras. Tão transparente que passará desapercebida...
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