Linha reta, a cara mirada pra parede,
na iminência da batida,
depois do choque, o tombo no chão...
Assim somos nós e nossos sonhos,
vítimas e algozes ao mesmo tempo...
Linha reta, reta de chegada,
a ânsia dentro do peito,
vencedores ou derrotados...
Que nos trará algum consolo
depois de tantos paradoxos?...
Linha reta, o alto do prédio,
um abismo novo de concreto,
que acaba nos chamando,
Ícaros sem asas que somos...
Mesmo não querendo falar de tristeza,
ela é o espinho mais agudo na carne...
Linha reta, eu tento andar pela rua,
mas essa minha embriaguez
típica dos desenganados e dos poetas
parece o mar revolto em dias de barco...
Não existe maior aventura
do que tentar atravessar nossos dias...
Linha reta, a mão está mais que trêmula,
a perfeição acaba virando o rosto,
sujo de tinta aquela obra-prima,
a última chance já me foi dada...
Toda reta é apenas a impressão,
os círculos andam brincando conosco...
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