sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Oh!

As cartas caem

Um vento veio

Só isso...

A vela apagou

Ainda havia cera

Era a hora...

Onde estavam teus planos

De pisar em tantas cabeças

Bendito burguês?

A saúde corre

Vai se esconder

Na doença...

O dinheiro agoniza

A sorte morreu

Mais um pobre...

Onde estava teu carrão 

Que passava possante

Molhando pedestres?

A fama desaparece

Teus amigos


Preferem outros lances...

A mídia ri

Do teu fracasso

Tudo acabou...

Por onde anda

O querido das multidões

Que ganhou votos?

Tua amada traiu

Deu pra outro

Os chifres cresceram...

Quem atirou

Não teve pena

Assim nunca tiveste...

Foste um vencedor

Ou um perdedor

Deste jogo chamado vida?...


(Extraído do livro "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Um Poema do Pequeno Caos

Garrafa de pinga

Tudo é ginga

Tudo vai matar

Brilho sem olhos

Sujeira nas mãos 

Estado precário 

Cigarro de erva

Tudo é crime

Vamos bater palmas

Para nossa idiotice

Nascemos sem certeza

Somente a da morte...


(Extraído do livro "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Os Tais Macacos


Faça receita caseira

De explosivo plástico

Durma numa cadeira

Dizem que é fantástico


Batam no velho aleijado

Roubem comida do pobre

Neste mundo errado

Quem erra é mais nobre


Obedeça o que mandarem

Cague no meio da rua

Se os planos falharem

Essa culpa foi sua


Espalhe sal na terra

Mate os passarinhos

Compre bônus de guerra

Esqueçam-se dos carinhos


Bata cabeça pra TV

O seu deus é o celular

Não há tempo pra viver

Muito menos pra amar


Toda dia me embriago

Sem uma gota sequer

No meu cartão trago

O que sobrou da fé


Rode a baiana rode

É a moda está

Vive quem pode

E o outro morrerá


É o prato do dia

Já vem ele vazio

E a nossa apatia

É feito como um rio


É um espelho rude

Seja um burro normal

Fiz aquilo que pude

Como num carnaval


Cate comida no lixo

Arranje briga na rua

Desmaie por capricho

A decisão não é sua


Nós viramos macacos

Somos todos desiguais

Vivemos pelos buracos

Mas nos achamos os tais!


(Extraído do livro "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

domingo, 25 de setembro de 2022

Verbo Quimerar

 

Inventei o verbo "quimerar",

se vai ser flexionado como os verbos comuns

nenhuma certeza tenho disso...

É um verbo "perseguitivo",

ou seja, nos persegue por todos os instantes

em todos os dias possíveis...

Se terá gênero? Desconheço...

Assim como nós, humanos,

desconhecemos completamente tudo

desde nosso começo ao nosso fim...

A surpresa é o prato do dia...

Vai ser muito usado?

Já é usado faz muito e muito tempo,

só que antes não se tinha "percebência" de tal...

"Encegados" como somos,

desde os nossos atos aos nossos sentimentos,

vivemos num mundo de escuridão e tropeços...

Eu quimero, tu quimeras, ele quimera...

A professora com suas unhas empoeiradas

escreve no velho quadro-negro-verde 

para que seus alunos repitam o novo verbo,

papagaios antes mais domesticados

e hoje não tanto (novos dias)...

É um verbo para ser utilizado

com tanta frequência como o verbo "ser"

(que, aliás, está perdendo sua utilidade)...

Hoje mesmo usei

quando (por quase um segundo)

tive uma súbita e estranha impressão

que de alguma forma podia ser feliz...


(Extraído do livro "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sábado, 24 de setembro de 2022

Dom Quixote

Minha triste figura

Procura

Um alívio imediato

De fato

Minha frágil estrutura

Não dura

Nem mais de um dia

Sem alegria

Minha origem obscura

Não atura

Tantas tristezas mil

Pelo Brasil

Minha total amargura

Não segura

Um medo sem nome

Que consome

Minha nova travessura

Me cura

Meu amor desamado

Coitado

Minha feia gravura

Que dura

São planos falidos

Sentidos

Minha inútil procura

Tão dura

Pois além do não

Só escuridão

Minha fatal ternura

Impura

Sai pedindo esmola

Sem escola

Minha baixa estatura

Me cura

Do mal que não tive

E sobrevive

Minha triste figura

Me procura

Um novo desacato

De fato...


(Extraído do livro "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida). 

Cansado

Cansado, cansado de tudo, cansado de vez,

Cansado de ficar mudo, de sonhar todo mês...

De ficar pensando que pode acontecer a mágica,

Que o destino pode não terminar de forma trágica,

Que tudo poderá ter afinal um grand finale

E que não terá importância qualquer um detalhe...

Cansado de pensar que existirão diferentes fins,

Que as batalhas não foram assim tão ruins,

Que as esperanças não desesperaram um pouco,

E que, afinal de contas, eu não era apenas um louco...

Cansado, cansado de tudo, cansado e enojado,

Cansado de que o errado é certo, o certo é errado,

Que os que falam da realidade nunca a viram,

De espinhos agradáveis que somente me feriram,

De rimas ricas que já nasceram tão obsoletas

E de jovens complexados, vanguardistas e caretas...

As teclas estão apagadas e como me cansam,

Os meus gritos nem a extensão da rua alcançam,

O óbvio chegou para uma grande festa atrasado

E quem mais ganhou se acha tão desgraçado...

Maurício, mil vezes apenas um simples Maurício,

Até o sofrimento pode se tornar mais um vício,

Enquanto reclamas por não receberes as palmas,

O diabo recusa alguns milhares de inocentes almas...

Cansado, cansado de tudo, cansado e com vergonha,

Não te adiantou o álcool e nem adiantou a maconha,

Nem ao menos a súplica por todas as redes sociais,

Quaisquer lágrimas poderão ser as mais banais...

Prefiro não me lembrar daquilo que um dia foi bom,

Se tudo que envelhece acaba mudando de tom...

Seja inocente, seja incoerente, sujo e sublime,

Não esqueça de esconder a prova do teu crime,

A prova que tudo que é errado também é humano,

Que todo poema é simples indício do que é insano,

Que todos os versos podem e dão em nada,

Que tudo mais é mais uma dolorosa estrada...

Cansado, cansado de tudo, cansado de promessas vãs,

Cansado de madrugadas que não tiveram manhãs,

Cansado da turma, da tribo, de toda a cambada,

Do chute, do tapa, do esporro e da porrada,

Da mentira travestida da mais inocente sinceridade,

De falsos mendigos transitando pela cidade,

De uma ternura que apenas me incomoda

E da bondade que é apenas mais uma moda...

Estou cansado, mas cansado e cansado mesmo

De tantos tiros que dei e que foram á esmo,

De alguns que até me saíram pela culatra,

Instintos básicos como qualquer um primata,

Rimas inexatas, sim, qual é o problema? E daí?

Talvez tenha nascido velho e nem ao menos cresci...

Um vídeo pornô mostra um tesão que não existe mais,

Mais um idiota acena bandeiras pedindo paz,

Mostra uma esquerda que tem tesão pela direita,

Demonstra que só a idiotice pode ser perfeita...

Obrigado, já me enchi da mais barata nicotina,

Sou um velho sem coragem de ir até a esquina,

Meus dentes caíram, meus cabelos embranqueceram,

Minhas carnes por antecipação os vermes comeram...

Alguns jovens entraram nus em uma cena,

Nos mostrando que a vida é longa, a arte é pequena...

Cansado, cansado de tudo, do menino de franja na testa,

Cansado do fogo que agora devora a minha floresta,

Cansado de tudo aquilo que foi embora junto ao rio,

Cansado do calor excessivo e cansado também do frio,

Cansado de me exibir e cansado de me esconder,

Dessa casa cair e eu não ter tempo nem de correr,

Cansado do sorriso estudado e da nudez permitida,

Cansado de estar cansado e cansado da vida...

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Voz do Povo

Canto no grito de carnaval dos loucos,
No escândalo formal das carpideiras, 
Dos poetas semianalfabetos de pele mulata
Agora queimada de inúmeros sóis!
O cerrado e a Serrinha todos juntos,
Golpes de muitos facões na cana-de-açúcar,
Gado tangido entre os espinhos das caatingas,
Nudez civilizada de índios e meninas do Leblon!
Sou a manchete das páginas policiais,
A roupa rasgada e o cochilo na calçada,
A bebedeira de ontem e a esperança de agora,
Diversos nomes desconhecidos que conheço!
O menino e seu joelho sempre ralado,
A menina e suas espinhas quase catástrofe,
O apocalipse dos pregadores na hora do rush, 
A quentinha transformada em dádiva!
Sou a voz de ontem e sou a voz de agora,
O malandro com o folheado no pescoço,
A praça de guerra acontecendo no subúrbio,
O candidato prometendo o que não vai fazer!
Campo Grande e Campo Grande e tudo mais,
Os trocados contados para o salgado e o suco,
A promoção de lindas cuecas falsificadas,
O que passa apressado no coração da cidade!
Sou o cara mijando no canto da rua
(Onde tantos também já mijaram um dia),
A puta pagando um lanche pro esfomeado,
O cachorro sarnento abanando o rabo!
Sou o carro entrando na contramão,
O espetáculo da batida agora inevitável,
A fumaça preta subindo para o alto
E que vai chegar até a fuça dos anjos!
Sou a geladeira que só tem água,
A compra de mês que já acabou,
Tá faltando no mistura pro almoço hoje,
Perdemos de ir na fila pra comprar osso!
O dente faltando na boca eu sou,
A barba por fazer pela falta de grana,
O infeliz que pulou do alto do prédio,
O viaduto que desabou agora!
Sou o protesto que acabou em confusão,
A moda sem sentido e sem estação,
A revolta calada em muitas bocas,
Os fatos da história escondidos!
Canto na boca de todos artistas,
Todas aqueles que choram pelos pobres,
Dos poetas loucos que escrevem em paredes
E profetizam pelos chãos de areia,
Todos os que voam do alto dos arranha-céus!
Sou a voz incansável de todos do povo
Que querem viver como brasileiros
Mas sobretudo como seres humanos!...

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Vampiro Engraçado


O cidadão matou um velhinho atropelado
porque ele estava muito embriagado
mas como era primo de um deputado
no julgamento acabou sendo inocentado!

O empresário demitiu um pobre empregado
e pagou um advogado muito renomado
para que fosse falsamente provado
que aquele pai-de-família tinha roubado!

O policial matou um pobre favelado
porque estava totalmente apavorado
como agente da lei estava despreparado
e a cor de sua vítima tinha ajudado!

O menino vendedor de balas foi violentado
por um nobre cidadão rico e bem educado
que entretanto nunca foi capturado
e seu processo acabou sendo arquivado!

A garota de programa teve seu corpo dilacerado
em uma festa de embalo que tinha participado
pelo playboy filho-de-papai que estava drogado
e na caçamba de lixo seu cadáver abandonado!

O mendigo foi para a emergência intoxicado
por ter comido restos de um peixe estragado
que no depósito de lixo municipal estava jogado
e morreu por não ter sido devidamente medicado!

O povo da aldeia morreu todo massacrado
por um míssil do inimigo que foi lançado
por ordem de um comandante desesperado
que ainda não tinha muitos civis matado!

O negro passando na hora do crime é culpado
mesmo que não seja ele quem tenha atirado
a mãe pobre pode ter seu filho assassinado
o demônio é apenas um vampiro engraçado!!!

(Extraído do livro "Só Malditos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Já Ouvi Falar

Já ouvir falar de terras estranhas

Dentro de um condomínio fechado

Que seus habitantes fazem façanhas

Cada um deles está bem alimentado...


Cada um deles tem roupa nova que veste

Cada um escolhe o que todo dia vai comer

Tem um atendimento médico que preste

Tem até uma cova bonita quando morrer...


Já ouvi falar em contas grandes no banco

Todos eles são sempre os nossos patrões

E que mesmo negro se é rico vira branco

E passeiam seguros em seus lindos carrões


Cada um deles sobe nas costas do pobre

Cada um deles sacia a sede no sangue alheio

Quem sempre mandou nesse mundo - o cobre

Que faz o feio se tornar belo e o belo feio


Já ouvi falar tantas mentiras convincentes

Que a tela exibe e as pessoas vão engolindo

Não esperaremos desastres mais recentes

Há muito tempo que os velhos estão vindo


Cada um desses olhos cegos não escuta

Esses ouvidos cegos nunca que enxergaram

A vida é apenas a mais louca e vã disputa

Dos insensíveis que também já amaram


Já ouvi falar de terras estranhas

Dentro de um novo mundo fechado

Todas as nossas fantasias são estranhas

Quem me dera ter sido descartado...

 

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Chove...


Chove... Chove... Chove...
E talvez em meus delírios solitários
Acabe confundindo tudo...
Não é porque está chovendo 
Que forçosamente será noite...
São vários os dias 
Que acabaram perdendo sua graça
Com toda a água que cai...
Chove... Chove,,, Chove...
Talvez eu imite essas águas
Que caem barulhamente silenciosas
Sem nada para explicar...
É o tempo que sai disparado
Numa feroz corrida 
Uma corrida desumana e etílica
Que faz suas pobres vítimas...
Chove... Chove... Chove...
E todas as águas não terão
A metade da minha teimosia...
Eu sou o menino que viu muitas
Que estragaram seus passeios
Mas mesmo assim esperou
Que elas passassem uma hora
E eis que assim o aconteceu...
Chove... Chove... Chove...
Não há mais dias de parque
Mas a chuva não foi culpada...
Ela apenas cumpriu seu papel...
As nuvens deveriam mergulhar
E assim acabaram fazendo...
Vou esperar tantas outras
Até que seque de vez meu céu...
Chove... Chove... Chove...

História Para Ser Contada

Risos e tiros

indo pra qualquer direção

Alguns pelos ares

outros em meu coração

A vida somente é

um carro na contramão


E esse barco navega

até o dia em que irá naufragar

Então não haverá mais nada

a estação saiu fora do ar


Fatos e fotos

não resolvem esta questão

O que é a vida?

é uma grande indagação

O que é a morte?

é uma luz na escuridão


E essa luz que se acende

nela vamos parar de chorar

Serão muitas memórias 

que iremos então recordar...


Gritos e sustos

é tudo aquilo que temos

São velhas lições

mas nunca aprenderemos?

Construímos ídolos

e neles não mais cremos...


E nosso coração bate

até o dia em que vai parar

Foi uma grande história

mas quem vai então contar?...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 195

A estética mudou de lado

agora prefere feias cores...

A lógica mudou de ideia

agora acompanha tolices...

Eis! Nosso velho novo mundo

onde mortos e vivos se confundem

e a maldade é aplaudida de pé!


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Marina não foi pro mar,

perdeu todo seu encanto,

me deixou com parte dele,

a outra parte era meu choro...

Nem um beijo sequer 

olhando naqueles olhos verdes

e aquela boca feita de rosa...

Marina não foi pro mar,

não pegou a canoa,

não vi nada diferente,

vendeu água na porta do banco...


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Todo começo

talvez um final...

O que será não sabemos...

A vida tem surpresas!

Os destinos são irmãos gêmeos 

de pais diferentes...

Alegres ou tristes,

bons ou maus,

é tudo apenas ponto de vista...


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Chego o sono,

eu abro a boca

e fecho os olhos.

Em que penso agora?

Nas coisas boas

ou nas coisas más?

Acordarei ou não

para um amanhã?

Surpresa...

Só o peso das pálpebras 

irá me ninar...


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Nada mais silencioso do que certos gritos

O ar anda cheio deles...

Nada mais delicioso do que certos gostos

Mesmo se invisíveis...

Certas canções nunca esquecemos

Mesmo sem letra alguma pra lembrar...

Certos passos de dança que tropeçamos

Mas mesmo assim insistimos...

Versos vão chegando de mansinho

Embalar todos os meus sonhos...


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Tanto as ondas batem

Como contam segredos,

Os barcos que navegamos

Levam sempre novas,

Em suas velas vão

Mais desenhados sonhos,

Em seu trajeto

As maiores aventuras,

Quando chega o dia

Acordo e tudo cessa...


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Primavera, 

unanimidade de todas as paixões,

flores em excesso

enfeitando enamorados cabelos

(até as de maio depois disso),

eu quero todas as rosas 

de todo o mundo...


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domingo, 18 de setembro de 2022

Pedaço Poético de Um Desesperar

Eu não sei mais nada
E meu desespero colabora comigo
Os meus sonhos fazem guerra de travesseiros
E nem me deixam dormir...
Eu tento resistir
Acabo rindo à toa
Gritando à toa
Dando discursos sem praça e sem plateia...
Eu vejo águas
Eu vejo escadas
E acabo caindo...
Não sei de nada
E palavras estranhas saem da boca...
Um corredor em linha reta
Faz que eu me perca
Até a manhã seguinte
Que talvez não nasça...
Ontem e hoje e amanhã
Serão pequenos detalhes
Para meus delírios mais insistentes...
Tomo um analgésico
Que pode curar qualquer coisa
Menos a fome...
A fome de viver e não apenas sobreviver
A fome de ter motivos para isso
De não ficar feito um panaca
Querendo entender alguma lógica
Que afinal ninguém tem...
Pássaros voam feito estrelas
Em volta de minha cabeça
E posso escutar seu pio...
Quando tudo acontecerá?
Talvez quando olhos cegos
Enxergarem finalmente a escuridão...
Eu não sei mais nada...

sábado, 17 de setembro de 2022

Urbania I

Ela tentou ser o que era até agora...

Humana...

Serena...

Mas vãos os seus esforços...

A máquina lhe persegue

Nos quatro cantos do mundo...

Como são inocentes

Alguns vilões de histórias 

Que ainda não foram contadas!...

O chão da rua

Também pode ser um tapete...

De vez em quando

Vê um cachorro e sua cara triste...

Quase humano...

Humano por natureza...

Triste também...

O cigarro mancha de batom...

Deve ser assim...

Só a fumaça escapa...

Vai embora sempre...

Fumaças e sonhos...

Ver tudo 

E acabar vendo nada...

A bebida de ontem

Ainda permanece na boca...

O gosto...

O verbo interrogativo...

Somente reticências...

Um apocalipse diário...

Tão comum...

Tão meu e nosso...

Tão nenhum...

O cara tentou fazer versos

E viraram mediocridade...

Tentou salvar-se

Mas as moedas machucam...

Tiros... Tiros...

Falta-me um pouco de insanidade...

Sobra-me muita burguesia...

Poderei me afogar

Numa simples poça d'água?...

São as ordens do patrão...

Alguns modernistas 

Queriam modernidade

E ela os matou...

Tudo acaba matando...

Até a vida...

Um simples soco e o nocaute...

Um voto para Barrabás...

Um mais de menos...

Meu cartão de crédito acabou

De ter um infarto fulminante...

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 194

Frases sem sentido e memes sem graça é o que temos. Um desespero simpático que toma boas doses de café e sorri simpaticamente. Não sabemos mais se pulamos no abismo ou se voamos. É a poesia da comodidade. Falar daquilo que não se conhece, boas camuflagens para isso. O gesto venceu as cores. Tudo que é passageiro veio para ficar. Muitos contrassensos. Toda novidade que será obsoleta no contar dos segundos. O morto só levantará amanhã de manhã, hoje é dia de folga...


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Frases soltas, soltas

por um acaso,

Feito folhas, folhas

que o vento leva,

Sonhos muitos, muitos

que chegarão 

ou não...

Suspiros leves, leves

de quem ama,

Sorrisos raros, raros

clareando o dia...


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Os arranha-céus arranham os céus

Enquanto uma chuva fina tudo entristece

Eu agora sou só os meus olhos

E insensível às dores que me acostumei

Todos os versos são vivos e muito

Até em paredes haverão declarações

Cada passo que dei continua sendo

Pois a memória do tempo é infinita

Temos flores que caem me tapetes no chão

Eram amarelas se não me engano

Eu vi uma frase de amor numa parede

Frases impossíveis me fazem chorar

Prefiro arranha-céus que nada dizem...


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Não faz sentido algum apenas viver por viver. Muitos fazem isso e não o sabem. São apenas figurinhas de um álbum, depois de completo irá para o lixo ou ficará jogado num canto qualquer. Não adiantou o tempo gasto, colecionando figurinhas, cada vitória foi apenas uma ilusão. O esquecimento pertence a todos, mesmo quando pensamos que não...


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Tristeza cada passo

Com ou sem espaço

Sol chuva ou mormaço

Com ou sem março

Sucessos ou fracasso

Eu dedilho as cordas de um inexistente violão

Tudo é triste e monótono como samba-canção

Tristeza como um rio

Ou cheio ou vazio

Sol quente ou muito frio

Calado sem um pio

Sou covarde e sou bravio

Eu toco as teclas de um inexistente piano

Nem sei mais se ainda sou humano...


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Passatempos divinos

Cheiro de mofo na vida

Pedaços de folha de caderno

Fumo moído que sobrou

Frios pegos de mal jeito

Aviões quebrando sinfonias

Ter que me arrastar

Porque meu isqueiro morreu

Eu me reinvento. E daí?

Tudo era um dia

O que não é mais.

Escuto um baticum

Sem baticum algum.

Pode ser delírio...


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O chá é chique

E o xique-xique mais ainda

Basta apenas um clique

Que a curiosidade finda


É tão pequeno

E é redondo que nem bola

Nosso mundo é veneno

Mas é também uma escola...


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segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Estranhos Dias

Ando mesmo quando parado,

Na minha mente fantasias ou alucinações?

Muitos os labirintos, isso sim...

O frio quase corta todas as folhas

Pois a compaixão já foi embora...

Afinal, que rei sou eu?

Uma parada um circo chega à cidade

Como num clipe musical...

Em outros dias lembro-me de uma

Em que eu mesmo desmaiei...

Cansado de reticências e paredes

Quero ir embora o mais rápido possível

Mas até disso tenho medo de falar...

Que qualquer poeta mais novo

Venha ficar em meu lugar,

Mas que ele possa sofrer bem menos...

Que ame um pouco bem menos

Para que tenha menos desilusões...

Que tenha bem menos ideais

Para que não se machuque tanto...

Que seja um pouco mais míope

E esqueça de chorar algumas vezes...

Calo-me com tão pouca coisa agora...

Não reclamo mais se os dias passam

E eu não tenha mais o que dizer...

Meus versos são rotas de fuga

E eu tenho plena consciência de tal...

Muito prazer, eu sou o ontem que teima

De ficar mais alguns dias por aqui,

Ainda não sei o que acontecerá

No capítulo final dessa novela,

Só sei que todas elas acabam acabando...

Ando mesmo quando parado...

Poesia Gráfica IX

Q U E M É Q U E M?

Q U E M N Ã O T E M?

Q U E M É A Q U É M?

Q U E M É A L É M?

Q U E M N ÃO T E M

N Ã O É N I N G U É M...


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B O R B O L E T AS A Z U I S

N O R T E S E S U I S

S U R P R E S A S P A R A O D I A

Q U E M M A I S D I R I A?


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A F A M A É A L A M A 

Q U E S U J A A C A M A

A F A M A É A T R A M A

Q U E F A Z O D R A M A

O M E L O D R A M A

N O S F A Z C H O R A R


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F I M D E F E S T A

S I M D E F R E S T A

S E M S E R E S T A

S E M F L O R E S T A

T Ã O F U N E S T A

C H O R A M O S T O D O S N Ó S


...................................................................................


A M E N I N A E A F L O R

A M I N H A S I N A É A D O R

O C H O R O D O A M O R

U M J A R D I M S E M C O R

M E D Á E S S A F L O R ?


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O MAL É B A N A L

E A F O M E C H E G A

A F O M E R I

S E M O S D E N T E S

V A I A T R Á S D E T O D O S

S E M E S C O L H E R


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C O N T A B I L I D A D E

C O N T A H A B I L I D A D E

C O N T A R O A R

C O N T A R A H A B I L I D A D E

S E M V E R O A R


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domingo, 11 de setembro de 2022

Seis e Alguma Coisa

Faltam todas as pedras

E as baionetas calaram-se 

Na minha pura das vergonhas...

Seis e alguma coisa.

E os passarinhos rasgam manhãs...

Por que não repeti-las?

Suaves ferimentos voluntários

E correntes postas com ansiedade...

Quero ver os loucos que erraram

Nas datas e carnavalam

Num setembro sem quatro dias...

Eu prometi não fazer promessas!

E beijarei tantas bocas possíveis

Com a mais sutil das meralidades...

Todo vermelho acaba noutra cor...

Quero ver meus dentes caírem

Junto aos meus cabelos brancos

Logo quando minha poesia morrer...

Seis e alguma coisa.

O sete virá em logo engoli-lo...

Que jogo será a vida?

Um dominó? Ou uma damas?

Só as mesas de cimento na praia

Terão resposta para tal enigma...

Acabei de subir num prédio para voar

Nem de asas necessito mais...

Eu sou quem sou até não ser...

Minha caveira dará um sorriso

Para todas as continuadas ilusões...

Jovens bundas despertam a libido

Enquanto carros no congestionamento

Lembram de amores inexistentes...

Eu trouxe todas as cores possíveis

E agora tardiamente mais nada...

Meu tesão de mijo foi embora...

Seis e alguma coisa...

sábado, 10 de setembro de 2022

Água Caiu...

 



Qual dia você conseguiu uma resposta

plausível para todos os seus males?

Se você conseguiu, por favor, me dê

pois ainda não sei porque acordei hoje...

A esperança já bateu hoje em sua porta

sorrindo e dizendo que está tudo bem?

Se essa agradável visita veio lhe ver

ela por certo esqueceu meu endereço...

Já sentiu aquela agradável impressão

que a maldade do mundo vai acabar?

Tenho a mais triste das impressões

que se não corrermos não haverá tempo...

Conseguiu separar seus sonhos 

daquilo que você chama de seus pesadelos?

Eu tento em cada segundo da minha vida

mas com isso só consegui o cansaço...

Já ficou sentado sozinho numa praça

duvidando que quem você ama lhe traiu?

O meu amor fez do meu coração um deserto

ou foi essa praça onde flores morrem...

Alguém escuta quando você reclama

e fala desaforos com toda a sinceridade?

Talvez alguém atenda os meus pedidos

só não sei a hora exata disso acontecer...

A ilusão que é tão comum nos homens

ainda continua oprimindo aos inocentes?

Minha alma ainda continua doendo

só em pensar em tais terríveis fatos...

A água que está caindo nesse momento

está vindo de longe ou de mais perto?

Não sei e acho que nunca o saberei

só sei que água caiu do céu e do rosto...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...