quarta-feira, 4 de março de 2020

Tangos 2 ou O Paradoxo de Lúcifer

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Ainda hei de mamar nos seios que você não tem. Sem olhar para os passantes que andam por aí pela vida que não é minha. É natural errar e acertar sob as mesmas circunstâncias. As cores? As cores eu as escolho, o risco também. Qualquer céu ou qualquer inferno é válido para quem ainda pode andar.
Expulse-me se for capaz do seu quadro de incomodidades...
Tudo depende de olhos, de olhos. Os sinos pararam de tocar momentaneamente nas matrizes. Alguns pássaros andam pelos ares como num asfalto desgastado e mesmo assim não se cansam. Encham os copos! Nossa sede tem bem mais de mil anos.
O capim anda brotando bastante nessas estações...
Precisamos de muitas maquiagens e códigos novos, sem eles não será tão fácil viver. Os tiros passam raspando, assim como medos e pernas. A fraqueza pode tomar algum energético e se fortalecer de um jeito nunca antes visto.
Não tenho pressa alguma que não seja a de viver...
Quero ser um dos enigmas mais inexplicáveis que já surgiram no mercado e quase sempre dão boa venda. Abaixo a mídia! Abaixo velhos costumes empoeirados e ressequidos como prendados cadáveres que ainda teimam em falar.
Só o que é humano pode permanecer entre nós...
Variações à parte, nada mudou, os carnavais anualmente são ressuscitados, mas são as mesmas fantasias. A felicidade é aquilo que vemos bem ao longe no horizonte com um olhar bem comprido. Eu nem sei mais o que quero ou que abomino.
As águas paradas deixam pobres moinhos nas mãos...
Fui aos quatro cantos do universo, engoli todos os relógios que pude avistar, acabei vendo as mesmas aparições que não me deram medos. Afinal de contas, os canalhas são aqueles que perderam a noção de algum perigo.
As dores são iguais a meros papéis em branco...
Na hora do primeiro choro, algumas esperanças de protocolo. No toque do sino, acabou o filme, a cortina do teatro caiu, haverá um silêncio no ar, ante a expectativa do que se tentou acreditar ou não durante toda uma história.
Um exército de grandes sós é o que temos sempre...
Eu ando numa grande avenida de minha grande cidade como quem dá um simples passo. Conto sua poeira por pura vontade de perder as contas. Muito prazer, meu nome é insanidade e alegria, abrirei as portas de algo que nem mesmo sei e já volto.
O pajé me convidou, mas no momento estou sem cachimbo...
Chá das cinco para todos os reptilianos, por favor! É mais fácil matar o gato do que matar o rato. As bambinas escutaram e eu fui aplaudido de pé. Um prato de lentilhas no capricho. Champanhe vagabunda do mercado ali da esquina e um pouco de classe. Eu sou o rei do deboche.
Alguém viu por aí meus fantoches?...

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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