quinta-feira, 12 de março de 2020

Alguns Poemetos Sem Nome Número 67

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Não quero falar de anjos,
de harpas celestiais e gregorianos,
hoje não estou nem pra nuvens,
não quero me entorpecer de sonhos, 
meu coração anda por outras paragens,
não quer (pelo menos, por enquanto)
estar fora daqui, nem em outras terras,
minha tristeza está perto de mim,
quase ali em muitas esquinas,
onde o sol zomba de muitos 
e cai bem por cima 
dos que dormem em calçadas,
das crianças sujas e com fome,
das mulheres desesperadas, 
dos embriagados sem destino
e dos viciados sem futuro...
Ali está meu coração agora,
envolto em muitos trapos,
junto com detritos e lama,
com o cheiro dos banheiros improvisados
na própria rua à céu aberto...
É disso que eu quero falar...

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Gestos comedidos,
mas por inteiro,
caminhos cumpridos,
morreu janeiro,
morrem os meses
todas as vezes
que tentamos segurar,
mas não dá...

Protestos escondidos,
tiro certeiro,
juramentos esquecidos,
solta o morteiro,
morrem as reses
todas as vezes
que tentamos escapar,
mas não dá...

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Do nada
levantei da cama 
e fui dançar,
do nada
não quis mais o sonho
só quis sonhar...

Do nada... Do nada...

Do nada
fiquei em silêncio
e parei de chorar,
do nada
uma vontade danada
de ir pro mar...

Do nada... Do nada...

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Borboletas...
Sol... Chuva... Capricho...
As fadas não virão hoje
mas mandam lembranças...
Colibris...
Jardins... Quintais... O mundo...
A alegria não está aqui
mas mandou-me um riso...
Passarinhos...
Coro... Festejo... Cores...
Tudo ainda persiste
enquanto a vida prevalece...
Borboletas...
Sol... Chuva... Minh'alma...

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O medo teve medo do medo
e era um arremedo...
O medo teve medo do cedo
e era um brinquedo...
Gostaria de ter o que tenho
e saber de onde venho...
Gostaria de ter o que venho
sem saber do que tenho...

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Cena sem registro
crime sem castigo
talvez até perdão
eu não quero nada
nada suporto
nada espero
a mala está pronta
faz muito tempo
mas a teimosia vence
todas as quedas de braço
voarei direto das janelas
sobrevoar o mar
desculpem a falta de jeito
todos os versos
acabam sendo bonitos
os poetas nem sempre...

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Não navego no céu
não navego no mar
caminho pelo caminho
eis tudo que há
Nada ganho com isso
o tempo está à passar
talvez tudo logo acabe
e vou poder descansar...

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