Fidelidade em pequenos saquinhos
sonhos banais que nem cigarros
A morte sem nenhum grande alarde
becos e vielas são grandes palcos
Velhos argumentos e novos discursos
a mesma máscara agora sem fantasia
Beber e acabar não cair de jeito algum
é um filme de cangaceiros bem antigo
Estava um dia desses andando na rua
e acabei correndo mais que o drama
O feio pode ter algum bonito nome
e a água pode ter um gosto bem amargo
Respiro a sujidão que nos fizemos
e ela acaba me sendo tão peculiar
Poetas bem-comportados não se acheguem
meus versos podem sujar a túnica do anjo
Não tenho para mim muitos anos
mas o suficiente para me entristar mais
A questão é a mais simples possível
sem haver mangas não temos ases
Minha imaginação vive pedindo esmolas
e eu mendigo sempre junto com ela
O futuro é um simples passado
que não entrega nunca seus pontos
E a mentira nada mais é ou será
que uma verdade que foi mal contada
Joguei muitas moedas na fonte
que hoje acabo sentindo saudades delas
Os meses passam mais rápidos que minutos
mas nos distraímos e nem percebemos
Acabei virando um bicho arredio
ninguém conhece mais minhas paixões...
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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