sexta-feira, 6 de março de 2020

Alguns Poemetos Sem Nome Número 64

Resultado de imagem para menino com flor na mão
Em cada saudade só 
há uma dor
Em cada risco só
há uma cabeça
a ser cortada
Eu apenas desejaria
não entender mais nada
e ter uma amnésia
para ocupar minh'alma
Em cada intenção só
há uma malícia
Mas algumas situações
acabam sendo diferentes
A maldade aflige a vítima
mas afligirá o agente
Quimeras nem sempre são más
mesmo que todas pareçam...

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Onde está minha sanidade?
Troquei-a por alguns momentos
da mais pura alegria...

Onde está meu desespero?
Deixei-o largado pela rua
para quem quisesse pegá-lo...

Onde estão os meus sonhos?
Transformei-os em todas as cores
para poder pintar meu rosto...

Onde está a minha fantasia?
Está andando por entre as nuvens
trazendo para mim todo o infinito...

Onde está a minha solidão?
Consegui enganá-la por certo tempo
e fiz de mim uma razoável companhia...

Onde está eu mesmo?
Talvez por aí andando à esmo
procurando o amor que não tive...

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Corpo de água
sem ossos e sem orações
a vida passa ligeiro
os fatos são tropeções

Corpo de água
sem chão e sem teto
eu queria ser alma
sou apenas um objeto

Corpo de água
sem frevo e sem maracatu
como nasci vou morrer
irei só somente e nu

Corpo de água
sem passado e sem lembrança
mesmo que seja enganado
ainda tenho em mim esperança...

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As moedas caíam dos seus bolsos rasgados
não havia mais a casa confortável
nem havia mais o carro do ano
em sua boca não vinha mais nenhuma comida
e sua fala não podia ser mais arrogante
seus desejos não podiam ser satisfeitos
não haviam mais dores e nem prazeres tão pouco
seus olhos permaneciam fechados
como as portas dos cofres que tinha
não precisa mais desprezar mais ninguém
não precisa de máscara e nem de fantasia
não existe mais nenhum carnaval
a grande viagem está marcada
assim como todos os outros - mortos...

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Todas as ilusões 
estão mudas
todas as sedes 
estão cegas
todas as paixões
estão feridas
todos os amores
descontrolados
Eu sou aquele 
que caminha 
fora da luz
e nem isso 
me aflige mais...

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Quando aconteceu era fato
quando passou era história
o líquido desce na garganta
e a mágoa mora na memoria

Os versos que ainda escrevo
certamente eu os vi um à um
as poucas lembranças que tenho
passaram pela lente em um zoom

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Não se intrometa em minhas mancadas
deixe eu rir quando quiser
deixe eu chorar quando quiser
a vida é assim e não de outra forma...
Não tente me agarrar pelos pés enquanto voo
eu quero poder ir até as nuvens
quero estar bem mais perto do sol
o sonho é assim e não de outra forma...
Não tente calar minha boca enquanto grito
tenho muitas histórias pra contar
tenho muitas mentiras pra desmentir
a luta é assim e não de outra forma...
Não queira rasgar a minha nova fantasia
quero muitos carnavais todos os dias
não me importando o que os outros falem
a loucura é assim e não de outra forma...
Não me previna sobre esta paixão malvada
eu já contei todos os espinhos da roseira
tudo que acontece tem o seu próprio risco
o amor é assim e não de outra forma...
Não espere que eu seja um burguês comportado
não é o que eu quero e quis e não vou querer
as aventuras conhecem o meu nome
o risco é assim e não de outra forma...
Não se desespere quando eu for embora
do mesmo jeito que vim também eu vou
nada poderei levar senão as lembranças
a morte é assim e não de outra forma...

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