Não espere eu voltar para jantar
pois eu não volto
Isso não vai ter muita importância
não precisa fingir
Eu sou apenas um velho
cheio de manias estranhas
Que fica puxando conversa
enquanto isso lhe incomoda
É que as lógicas são diferentes
assim como são as almas
Até a minha embriaguez é diferente
você tenta fugir e eu encaro
Você maldiz o que eu ganhou
e eu que saio perdendo
Você fala que eu minto
mas suas mentiras acabam piores
Eu não minto para mim
eu sei verdadeiramente que não presto
Eu fui convidado pra ser o vilão
e aceitei de bom grado o meu papel
Eu não preciso de motivos pra nada
se sou apenas um poeta vagabundo
Eu brinco com as ilusões
sou bem mais astuto que o Mandrake
Metade de minha tristeza
você certamente não aguentaria
O tempo comerá suas carnes
assim como já roeu meus ossos
Um dia eu quis tanta coisa
e hoje não faço questão de nenhuma delas
Fique bem fique tranquilo
me fale pelo celular ou pelas redes sociais
Se achar que ainda mereço alguma atenção
já que sou bem pior do que um cachorro
Cidadão da mais baixa categoria
é só isso que apenas sou
Na hora do meu enterro não se esqueça
de levar pelo menos a cerveja
Pra comemorar que foi mais um
lá pra baixo contar algumas histórias
E isso é tudo...
(Extraído do livro "Leonardo e O Chão" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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