sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Canção Bonita Como Nunca Tinha Feito


Com olhos em flor fiz uma canção bonita
Como talvez nunca tenha outra feito
Era assim inundando todo o meu peito
E talvez outra nunca mais se repita

Era uma canção feita de silêncio e ruído

Como talvez nunca tenha outra feito
Como nunca tive ainda qualquer jeito
E dessa vez não fiquei sequer escondido

Era de manhã e eu fui cantar na janela
Como talvez nunca tenha outra feito
Mesmo sem saber sua letra direito
Sabendo que não era assim tão bela

Era um poema com a mais pura aflição

Como talvez nunca tenha outra feito
Guardei bem escondido no meu peito
Em algum lugar aqui no meu coração...

O Céu e O Inferno Estão no Mesmo Endereço

Não há nada que não tenha seu preço
O céu e o inferno têm o mesmo endereço
E a maioria das coisas acaba pelo começo

Estar bem é um falso estado imaginário

Porque tudo que se planeja é ao contrário
E o mais esperto também é o mais otário

Aquilo tudo que um dia eu mais amava

Era o mesmo que fazia sofrer me torturava
Era a pedra que se movia mas ali estava

Não há nada que não tenha seu preço

O céu e o inferno têm o mesmo endereço
Quanto mais lembro mais eu esqueço

Os barcos esperam partir estão no cais

A sede aumenta e castiga cada vez mais
Três passos pra frente e três pra trás

Não adianta mais levantar bandeiras

Não adianta arquitetar outras maneiras
Lá estão as certezas e as besteiras

Não há nada que não tenha seu preço

O céu e o inferno têm o mesmo endereço
Tudo é semelhante ao seu avesso

Mesmo que se acenda novamente o fogo

Mesmo que se faça novamente o rogo
Há sempre de fazer parte desse mesmo jogo

Porque de certa forma a velha é a nova idéia

Não existe a fórmula de alguma nova panacéia
São os mesmos aplausos vindo da platéia

Não há nada que não tenha seu preço

O céu e inferno têm o mesmo endereço
Ai quem me dera recomeçar do começo

Infantis Jogos

Resultado de imagem para pulando corda
Bola de gude
Eu fiz o que pude
Cabra cega
A felicidade nega
Rodar pião
Não há compaixão
Jogar bola
A morte é escola
Pular amarelinha
Tudo que tinha
Soltar papagaio
É quase desmaio
É o pique-tá
Onde vamos parar?
É o pique-bandeira
Sem outra maneira
Carrinho de rolimã
Não hoje nem amanhã
Ir ao parque
Talvez nos marque
Fazer desenho
Nem sei donde venho
Brincar com massinha
A vida não é minha
Dançar ciranda
O poder que manda
Brincar de roda
Acabou a moda
Um novo brinquedo
Talvez sem medo
Um novo dia
Talvez com alegria...

Todos Nós, Todos Sós

Estamos todos estamos nós
Na mesma tristeza sem voz
Acordamos agora nem dormimos
Quanto mais voamos caímos
Somos originais em anonimato
Nossa vontade um desacato
O prédio aos poucos vai e cresce
Nosso desespero não tem mais prece
Nos levantamos e fomos embora
Não vale a pena esperar a hora
Eu achei que era o meu amor
Não era nada pois nada passou
Só passa aquilo que também vem
E quem me amou foi ninguém
Quem veio não trouxe carinho
Junto à rosa havia muito espinho
Junto à lembrança tinha saudade
Nos meus olhos havia maldade
No meu coração haviam paixões
No céu muitas e muitas estações
Sabemos que tudo tem sua vez
Mas não fugimos da embriaguez
Dada por sonhos dessa espera
Desse enorme e terrível quimera
Façamos mais um brinde então
Ao que passa às roupas da estação
Ao automóvel do ano passado
Ao que deu certo ao que deu errado
Ao que poderia ser um grande plano
De viver e de ser um ser humano...

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Duplicidades

Com futebol sem futebol
Com carnaval sem carnaval
Com chuva forte com sol
Com alegria passando mal
Em todo canto lugar nenhum
Cantando alto só e calado
Somente orando e bebum
Inocente e mal intencionado
No bar no mar na igreja
Bem na mosca ou no erro
A santa hóstia a santa cerveja
Cantando batucando no enterro
Lia me chama Beto me quer
Eu abro a alma e fecho a boca
Eu tenho dúvida e tenho fé
A ficha é limpa e a alma é louca
A estrada longa o tempo curto
A vontade grande e a preguiça
Eu me acalmo e tenho um surto
Me tranquilizo e o desejo atiça
Quero dormir mas quero gozar
Tenho sede não vou na fonte
Não vou cair nem quero voar
Atravesso o rio sem passar a ponte
Com hard rock ou com uma valsa
Com atenção e não estou nem aí
Tão sincera e de todas a mais falsa
De todas elas que eu não consegui
Com roupa e sem roupa alguma
Com festival sem festival
Eu só com a minha turma
Tomo o remédio pra passar mal!

terça-feira, 26 de novembro de 2013

O Banquete


É um banquete diferente esse que nos dão
Coma tudo direitinho o prato é a televisão
Se alguma coisa é feia enfeitamos o pavão
Seja bem comportado pode falar palavrão
A indiferença é a arma que mata a razão
E uma nova idéia é um carro na contramão
Lá vem um novo ar prepare o seu pulmão
São vários pratos de mais fácil degustação
Vá sonhando aí que vai ganhar um milhão
Há cabeças na bandeja é a nova decoração
E novas vítimas pra alegrar a multidão
Há novas fogueiras esperando combustão
É dia do caçador e o outro dia é do cão
Vamos ver qual é a nova moda desta estação
Coma logo tudo pra não causar indigestão
Acabou todo sonho a realidade é o chão
Que um dia vai engolir de vez o caixão
Essa é a vida a realidade a nossa grande lição
Beber comer dormir chorar até a exaustão...

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A Constante Humana


É como num cálculo...
Em que reticências são para ilustrar
Porque é tudo exato impossível errar
A ferida abre e não tem mais cura
A mente reside numa caverna escura
O que queremos nós não temos
E o que precisamos nem conhecemos
Partículas subatômicas são conhecidas
Mas nunca saberemos porque a vida
Por que a vida vem seguida da morte?
Nascem milhares e morrem também
Muitos fazendo o mal e outros o bem
As bombas explodem a todo momento
Morrer e matar é como um alimento
Vestir e falar e andar e ser todo igual
É a forma e a norma pra ser bem normal
Você é livre somente enquanto obedece
E enxerga enquanto a vista escurece
Todos têm o direito de ir e o direito de vir
E estão de pé enquanto o corpo não cair
Se é um herói enquanto não é canalha
E vagabundo enquanto não se trabalha
E a testa arde deve ser pela febre
É a velha fábula da tartaruga e da lebre
Rezamos tanto até doer o joelho
E causa espanto se miramos o espelho
É sempre noite e sempre pedimos o dia
E respirar é como numa romaria
É como um cálculo...
Só isso...

domingo, 24 de novembro de 2013

Tristes Tristezas


São tristes tristezas que não tocamos
Porque doerão igual uma ferida
São coisas mais loucas as que sonhamos
E nisso que consiste a nossa vida

São estrelas lá no alto impossíveis

E outras que encontramos no chão
Que se tornam pesadelos tão terríveis
Quase nos matando do coração

Assim vivemos com a nossa tristeza

Triste como só pode ser o ser humano
A vida é o acaso e a morte é certeza

E assim vamos entrando e saindo ano

E só podemos ver alguma qualquer beleza
Quando a mente falha e se é insano

A Cidade das Nuvens


Esta cidade tem várias nuvens

E o garoto de programa explora sua sensualidade vulgar

Com reboleios previsíveis como houvesse sonho
Não não há mais só são figuras gravadas num tempo
Nem bom nem ruim depois que tudo passou!

São tantas e tantas mais


E a garota do anúncio erótico emudece os lábios

Num desafio novo de medição de forças
Não não tua beleza se expõe em algumas linhas
E teu triângulo-de-Vênus perdeu todo perigo

Há nuvens para todos os gostos


E os andarilhos e os bêbados e os loucos

Conhecem mais do que qualquer um
As nuvens de pó dessas ruas mortas e insanas
Em que lama e asfalto acabam se igualando

Há nuvens de vários e variados tipos


E o pó que se levanta fere olhos e mentes

E a água que cai escurece corações
Nada consegue fugir de seus projéteis
Porque céu e chão são agora cúmplices

Nem o sono pesado consegue trazer sossego


Falta luz ou tem até demais que até cegue

E frio e calor acabam sendo dois carrascos
Cada um se revezando em nefastos turnos
Aumentando a tristeza de quem não tem nada

Há nuvens por dentro e há nuvens por fora


E o quintal sem maiores enfeites vira magicamente

E independentemente de como serão os dias
E se haverão nuvens e nuvens ou não
Importa pouco ou quase nada mesmo
Porque ninguém eram apenas nuvens

Esta cidade tem várias nuvens

Esta cidade tem apenas nuvens...

sábado, 23 de novembro de 2013

Marginal! Marginal! Número 3 ou Quem Manda Aqui?

Quem manda aqui?
Quem manda no medo que nos acompanha
Do abrir ao fechar de todos olhos?
Quem manda na frequência cardíaca
Resultado de quaisquer emoções?
E também no que foi ou será
Mesmo que isso não seja futuro?

Quem manda aqui?
Quem manda na roupa e na fala
No que comemos ou no ar que respiramos?
Quem manda neste bom senso
Formado por preconceitos e ideias idiotas?
Ou ainda naquilo que pensamos
No mais escondido de nosso ser?

Quem manda aqui?
Quem manda nas ruas onde andamos
Onde cada caminhada é aventura mortal?
Quem manda no suor de todos
Transformando tudo em pedra filosofal?
E nos transforma em samba-enredo
Mesmo quando ainda não é carnaval?

Quem manda aqui?
Quem manda nas máquinas de guerra
Quem fazem jogos construindo barreiras?
Quem manda nas pontes quebradas
Antes mesmo de alguém passar por elas?
Estamos representando uma grande farsa
Ou nos mandaram viver mesmo assim?

Quem manda aqui?
Quem manda no que pensamos o tempo todo
E nos faz pensar que pensar é crime?
Quem manda esconder verdades como esta
Para que se pense que está tudo bem?
Estamos aqui hoje chorando e sempre
Mesmo quando se acabarem estes versos?

Quem manda aqui?
Quem manda aqui...

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Marginal! Marginal! Número 2 ou EntreTiros


Entre tiros se vive
Entre tiros se morre
Não se vive sobrevive
Feliz de quem corre
As feridas que tive
Ninguém me socorre

As mentiras da tela

As verdades da rua
Na hora da novela
Cada um fique na sua
No Brasil aquarela
A liberdade é nua

A verdade é roubada

A justiça esquecida
De sincera jogada
Que se faz a ferida
De valor de um nada
É que vale a vida

Olhe pro outro lado

Que você nunca viu
Fique despreocupado
O dólar hoje caiu
Está tudo acertado
Na ponta de um fuzil

Acredite na massa

A mentira não dói
Cada minuto passa
Fazendo novo herói
Em cada uma farsa
Mais um reino constrói

Olhe o seu celular

Consulte logo a hora
Há hora pra se jogar
E hora de ontem ou agora
Antes de começar
Já estou indo embora!

Um Réquiem com Esteiras...


As esteiras estão estendidas
Os mortos deitarão nelas
Já está quase tudo pronto
Só falta acender as velas

Só falta fazer uma prece

Pra depois se silenciar
Escutar o barulho das coisas
O silêncio que vem do ar

Foi tanta coisa passada

Foi tanta coisa esquecida
Uma grande colcha de retalhos
Que um dia chamamos vida

Há um cheiro forte no ar

São também defuntas flores
Elas também já morreram
Como morrem todos amores

Vamos esperar a manhã

Para fazer seu cortejo
Morreu todo e qualquer sonho
Acabou-se todo o desejo

As esteiras estão estendidas

Os mortos não têm mais voz
Agora sabemos quem foi
Amanhã podemos ser nós...

Marginal! Marginal! ou Em Ruas


eu amo andar em teu corpo
com pés indiferentes se doem ou não
tu é minha como um enigma
e eu conheço teus medos e segredos
como ninguém nunca conheceu
tu é minha como um embaraço
eu paguei teu preço várias vezes
e foi mais alto do que tudo
eu conheço teu corpo em cheiros
e ainda cores mais precisas possíveis
eu conheço o lodo que borbulha vivo
e as oferendas mortas no frio
de intermináveis areias quentes
eu conheço a idiotice dos que te frequentam
e cada copo derramado goela abaixo
eu conheço tua má fama e a realidade
que só os canalhas podem conhecer
porque além de qualquer coisa
eu envelheci correndo atrás de sonhos
conheces o meu rosto em cada detalhe
cada frio branco que veio invasor
cada choro meu virado para a parede
num canto escuro qualquer
onde nem os pesadelos podiam chegar
teus mortos te conhecem também
e eles não são poucos e nunca te deixaram
tu é minha como uma jóia
e nas teu brilho enfeitei meus dedos
e nas minhas mãos cravei as unhas com desespero
e talvez hoje não te queira tanto assim
como foi em outro dia qualquer desses
como as velhas figuras de uma velha revista
que o menino folheia trancado no banheiro
eu te conheço e ainda ando pelas ruas
não sabendo como e até quando mas indo...

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O Sono das Nuvens


As nuvens dormem
Seu pesado sono
E seus sonhos correm
Sem ter um dono...
O que elas sonham?
Não sei te dizer
Vão sonhando sorrindo
Talvez com prazer...

As nuvens dormem

É o seu destino
Ninguém as alcança
Só quem é menino...
Quando acaba isso?
Quando acordarão?
Quando for chover
Cair no chão...

As nuvens dormem

Tenham respeito
Não façam barulho
Andem direito...
O sol já brilha
Acima delas
O mesmo que entra
Em nossas janelas...

As nuvens dormem

Seu pesado sono
E seus sonhos correm
Como cão sem dono...
Os que elas sonham?
Não sei te dizer
Vão sonhando sorrindo
E um dia vão renascer...

Novum Religio


O sistema que invade teu lar
Muda os teus princípios
Consome todo o teu tempo
Em modismos ridículos 
Que estão à bem calhar
Este é o teu deus...

O modo mais deseducado

Que todos estão falando
Não se importando o tanto
Que isso destrói a cultura
Levando junto qualquer moral
Esta é a tua oração...

A briga fútil por um nada

A votação do programa pateta
A alienação feita de falsas notícias
A indiferença cheia de covardia
A desonestidade disfarçada 
Estes são teus dogmas...

Beber até vomitar e se arrepender

Drogar até não saber mais quem é
Ser manchete trágica de jornal
Usando a tecnologia consumidora
Porém natural e asséptica
Estes são teus rituais...

Viver como se não vivesse

Porque se é tudo que não queria
E a máscara é de uso obrigatório
Não pense em lutar de forma alguma
Somos covardes por natureza
Esta é a nossa religião...

O Beijo


O beijo vinha de todas as formas
Inocente ou lascivo
Vinha quebrando todas as normas
Bastava estar vivo
Ele vinha andando pelas ruas
Procurando alguém
Vinha buscar outras bocas nuas
Ou até mais além
Vinha seco ou vinha molhado
Santo ou profano
Às vezes era só um estalado
Ou durava mais de ano
Vinha nessa ou naquela boca
Isso não importava
Era às vezes só uma febre louca
Ou a benção que se dava
Era um carinho que nos constrói
Sem escândalos
Ou a ventania que sempre destrói
Ventos vândalos
Beijos sérios ou beijos irônicos
Ou ainda beijo somente
Beijos sensuais ou platônicos
Somente na mente
Ele vinha à moços e velhos
Sábio ou sem noção
Tornou-se maldito nos evangelhos
Em forma de traição
Era desespero na testa do morto
O fim da esperança
Ou a segurança de um porto
Na face da criança
Ele podia ser a armadilha
Pegando o passarinho
O beijo vinha de todas as formas
Inocente ou lascivo
Vinha quebrando todas as normas
Precisava estar vivo?

Tantas e Tantos

Foram tantas sedes
Foram tantas águas
Foram tantas redes
Foram tantas mágoas

De um à outro instante

Tudo ficou tão distante...

Foram tantos medos

Foram tantas dores
Foram tantos cedos
Foram tantas cores

De um à outro dia

Acabou toda a alegria...

Foram tantos vidas
Foram tantas mortes
Foram tantas feridas
Foram tantos cortes

De um à outro lado

Nada certo nada errado...

Foram tantas matizes

Foram tantas formas
Foram tantas raízes
Foram tantas normas

De um à outro momento

O mesmo elemento...

Foram tantas sedes

Foram tantas águas
Foram tantas redes
Foram tantas mágoas...

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Alguma Coisa


Eu falo e quando falo falo ao contrário
Disposto à tudo real ou imaginário
E peço em pé por mais puro orgulho
E quando durmo faço mais barulho
Calado aí que eu falo ainda mais
Até notícias mortas do banco de trás
Não me peçam logo o último pedaço
Me falta ar ou então me falto espaço
E eu que já tentei dimensões coloridas
Já reencarnei em centenas de vidas
Pra me surpreender sem me encantar
Roda-gigante estou no mesmo lugar
E ainda usando meu terno e gravata
Vejo enfim a bunda grande da mulata
Sem poesia e sem luar e sem sertão
Quem é que é quem eis a questão
São estas minhas diárias brincadeiras
Tentar sempre de várias maneiras
E não conseguir cair e ficar avariado
Não saber onde ir mas não ficar parado
Movimento que quero que tenho
Nem sei onde vou ou donde venho
E a fênix se queima e não ressuscita
E mantêm a calma e ainda se irrita
Vamos marchando sob esta a luz
Com velhos códigos que tudo reduz
E a face do verdade é uma mal encarada
E se dá conselhos resultam em nada
É melhor pegar o carro e dar uma volta
Fatos importantes não causam revoltar
Só os detalhes é que podem ser importantes
Moscas que incomodam mais que elefantes
E os bárbaros desfilam sérios pela rua
E eu vou querendo a roupa que seja sua
É importante se esconder e ser discreto
É irrelevante morrer em água ou concreto
Esqueça as lendas que um dia nos contaram
Esqueça as vendas que um dia nos colocaram
A roda de samba é cheia de filosofia
Sem nenhum credo pai-nosso ou ave-maria
Estamos gratos se o câncer nos abater
Está tão chato não ter o que mais fazer
Está tão chato não pode ser mais chato
E se entreter como um gato atrás do rato
A vítima pode acabar sendo o carrasco
Tantas idéias para mais um certo fiasco
Garrafas vazias porque acabou o vinho
E sinais sem importância no meu caminho
Porque o caminho tem que ser andado
Não importa o cansaço ou o machucado
É domingo em todos os dias da semana
Mulheres bonitas na areia de Copacabana
Eu falo e quando falo falo ao contrário
E algo coisa me faz sentir um otário...

terça-feira, 19 de novembro de 2013

A Poesia É Uma Moto


A poesia é uma moto
Cuidado quando ela acelera
Ela sai em disparada
E então... já era!
Ela corre pela solidão
Quem dera
Ela vai por todos os lados
Como uma quimera!
E não há quem a domine
Pois é uma fera!

A poesia é tudo que se vê

Até se o olhos cega
E mesmo não tendo pés
Nos carrega!
Não há como evitar
Só há entrega
E ir por onde ela for
Por onde ela trafega
E se perguntar se ela corre
Ela cínica nega!

A poesia é uma harley-davidson

É a mais potente
Que come todo o espaço
E nem assim sente!
Em seus versos rio e choro
Estou triste contente
Tenho febre assim do nada
Sem estar doente
E a sinto todo o meu tempo
Mesmo quando é ausente!

A poesia é uma mota

Mas eu não sei dirigir
Quando muito eu discurso
Pois eu sei fingir!
Fala dos medos que afligem
Mas não sei fugir
Fico esperando o tiro
Pra poder cair
E subo em sua garupa
Me tire logo daqui!

A Verdadeira História de A(C)

Resultado de imagem para cheirando cola
Num asfalto qualquer desapareceram as letras
Sim devem ter desaparecido pelo tempo 
Nada mais que letras feitas com tinta qualquer
Foi o desmaio que encegou as cores do dia
E no colo foi ao destino banal de todos
Não deu tempo não deu tempo mais
E se desse ironicamente a morte viria também
Onde estão os sonhos agora?
Eles pairam sôfregos em um ar pesado
É apenas um nome um número um qualquer
Que se for lembrado em alguma ocasião
Será em meia dúzia de palavras nada mais
Em banais arremedos de festas e loucura...
(In Memorian de Alessandro, o Cocão morto por overdose de cola).

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Insaneana Brasileira Número 12 - Novos Símbolos Velhas Idéias

Resultado de imagem para decapitação na idade média
tudo pára assim que começa é o plano infalível como dizem versos desconhecidos do próprio autor ninguém sabe ninguém viu e a próxima vítima será quem foi o último carrasco borboletas ou mariposas só dependem do relógio para voar repetimos sempre e palavras avulsas não faltam em fantástico vocabulário é a rota da seda e a rota de colisão do carro e a rota de trajeto da bala perdida e achada não conte à ninguém todos já sabem só poderia contar se segredo fosse porque não há mais Alice mas o País das Maravilhas ainda continua lá é hora é agora minha senhora me dê mais uma dose e a conta por favor faz frio devo tirar o casaco para me auto-torturar assim são as coisas um último momento e perdemos o sonho essa é a realidade tenha certeza para ela convergem todos os esforços é o castelos de cartas e a assoprada do seu próprio criador estamos aí por aí nem aí em qualquer momento e em qualquer canto com os teoremas mais impregnados de bom senso e impossibilidade ai de nós se pudéssemos festejaríamos os trezentos e sessenta e sessenta e sete dias do ano ai de nós se pudéssemos faríamos o morto se levantar antes do terceiro dia e ainda assim teríamos tempos para mais milagres e mais outras diversas conjugações é o mapa do tesouro é o bang bang reprisado na velho televisor preto e alguma cor porque tudo tem seu óbvio disfarce mimetismo fantasia e ainda mais o que houver somos nós os descobridores de novos paradigmas fáceis de resolver aprendamos com quem sabe ou se ninguém souber velhos folhetins ainda funcionam receitas de uma antiga embalagem encontrada ao acaso no tempo bom que era ruim também temos apenas uma moeda para tantos cofres são como deveriam ser não apenas como queremos porque aliás queremos tudo o tempo todo mas ainda não há como e não haverá é a vida é a improvável aventura de um herói de capa de toalha pulando da laje e quebrando o braço por pura sorte não se morre por pura sorte a fotografia ficou boa até amanhã porque até o novo já nasce velho de uma ajudinha aqui para empurrarmos o carro de ladeira acima de uma mão aqui queremos que a fogueira se acenda antes da chuva são apenas isso nozes e não temos mais dentes luzes mas nos faltam olhos suficientes para olhar temos apenas dois e isso não dá nem para o começo nem para um gran finale...

domingo, 17 de novembro de 2013

Teus e Meus Olhos

Em teus olhos havia um enigma
Por que partir ou por que ficar
Partir era ser covarde como sempre fui
Ficar era ser um morto mesmo em vida...

Em teus olhos havia uma sentença

Estar presente mesmo quando ausente
Porque em todas as coisas existentes
Nossa história aconteceu e acontece...

Em teus olhos havia uma risada

Eles riam da minha sina de estrada
De tudo mais que aconteceu
E do que não acontecerá jamais...

Em teus olhos havia a malícia

Eram a malícia mais inocente
Em que ternura e medo conviviam
Qual silêncio de quem não quer acordar...

Em teus olhos havia chuva

Era a chuva abafada de fim de ano
Em que o sol está presente em tudo
Como o dia apressando a noite...

Em teus olhos havia minha alma

Era a figura mais triste já concebida
Em que um demônio e um anjo moravam
E brincavam de pegar o tempo todo...

Em teus olhos havia a nitidez

Era como a águia voando alto
Em que a presa era eu pobre de mim
Não pude me defender um só instante...

Em teus olhos havia tudo

E em meus olhos não havia nada...

sábado, 16 de novembro de 2013

A Porta


A porta dava pro mundo
A porta dava pra estrada
E só durava um segundo
Para chegarmos ao nada...

A porta metia medo

A porta dava alegria
E era dormir mais cedo
E esperar outro dia...

A porta estava trancada

A porta estava aberta
Era saída ou era entrada
Pro erro ou coisa mais certa...

A porta era do quarto 

A porta era de cozinha
Não sei se fico ou parto
Com minh'alma sozinha...

A porta era a procura

A porta era o destino
Quem sabe a nova aventura
Praquele meu menino...

A porta era o que queria

A porta era o que evitava
O segredo que escondia
Num coração que amava...

A porta era o perdão

A porta era o castigo
E também era a questão
De um enigma antigo...

A porta dava pro mundo

A porta dava pra estrada
E só durava um segundo
Para chegarmos ao nada...

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Poema de Nuvens

Nuvens
Pedaços de céu despregados
Em constante movimentação
Em pensamentos desenhados
Muito mais que emoção

Nuvens 
Vindas dos canos dos carros
Nuvens tristes nuvens sombrias
Nuvens vindas dos cigarros
Que nos matam dia a dia

Nuvens
Que sobem ao alto em gritos
Que são feitos de explosão
Que foram um dia bonitos
Mas hoje atingem o coração

Nuvens 
Que enfeitam algum papel
Que ilustram alguma cena
Estas nunca irão ver o céu
Mas farão a alma plena

Nuvens 
Brancas que vêm com graça
Negras com sua tempestade
Algumas cheias de fumaça
Malvadas ou boas de verdade

Nuvens
Que me levem logo embora
Que não mais me deixem aqui
Que eu não vejo mais a hora
De subir e então cair...

Palavras Modernas 4 ou Una Canção

Resultado de imagem para menino embriagado
A boca é aberta
O espaço é livre
A morte é certa
Mas ainda se vive
O cigarro é fumaça
O carro anda
A vida passa
O poder manda
A tela liga
O tempo é curto
Ai minha amiga
Eu tenho surto
É tanta gente
Eu me confundo
Tanto parente
É quase mundo
Estamos feitos
Mas sem motivo
Tantos efeitos
De estar vivo
É só um vício
É só mania
Um precipício
Pra cada dia
O cara é esperto
Passou a perna
É um deserto
Que me inferna
Traga-me logo
Um violão
Senão eu rogo
A extrema-unção
Meninos maus
Demônios bons
São bacuraus
E outros sons
Vai estrear
Na sexta-feira
O respirar
Doutra maneira
Eu tenho fome
Eu tenho sede
Ponha o nome
Lá na parede
Joguei o ás
Quero valete
E tanto faz
Essa internet
Vamos casar
Tenho a aliança
Se dei azar
Não há lembrança
O mar é meu
A praia é minha
Que rei sou eu
Minha rainha
Faz tantos dias
Foi mesmo ontem
Minhas alegrias
Quebraram a ponte
Dói a cabeça
Sou oprimido
Não me esqueça
Não faz sentido
Nessa cabeça
Tanto zumbido
Nessa boca
Tanta cachaça
Vontade louca
De ir à praça
De gritar alto
Por uma vez
Sem o assalto
Do fim do mês
Sem essas contas
Que faço errado
Aguenta as pontas
Tem feriado
E eu estou firme
Até cair
Nada exprime
Nosso porvir
Penas eternas
Sem julgamento
São mais modernas
Um firmamento
A boca é aberta
O espaço falta
A data é certa
Para eu ter alta...

Quase Manhã


Quase manhã e acordam pássaros
Quase manhã e o dia é sonolento
Quase manhã e sonham os homens
Quase manhã em cada momento
Quase manhã e acordam dores
Quase manhã quase noite passada
Quase manhã com restos de vida
Quase manhã com quase nada
Quase manhã repete a vida
Quase manhã em ritmos compassados
Quase manhã sonhos vão vindo
Quase manhã e relógios errados
Quase manhã para novos versos
Quase manhã para quase dias
Quase manhã aos poucos acordando
Quase manhã para quase alegrias
Quase manhã para todos os santos
Quase manhã para todos amigos
Quase manhã e nada aconteceu
Quase manhã para planos antigos
Quase manhã para aquela reza
Quase manhã para aquela praga
Quase manhã para quem recebe
Quase manhã para quem nos paga
Quase manhã em páginas abertas
Quase manhã para páginas esquecidas
Quase manhã para quem agora foge
Quase manhã em abertas feridas
Quase manhã para quem tem sorte
Quase manhã lá vem o azar
Quase manhã para quem fecha os olhos
Quase manhã para quem vai chorar
Quase manhã nos quatro cantos
Quase manhã em cada cama
Quase manhã em quem odeia
Quase manhã em quem ainda ama
Quase manhã e a nova teima
Quase manhã em todos noticiários
Quase manhã em velhas surpresas
Quase manhã e o que é imaginário
Quase manhã e acordam pássaros
Quase manhã e o dia é sonolento
Quase manhã e sonham os homens
Quase manhã e ainda acorda o vento...

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Insaneana Brasileira Número 11 - Marque As Cartas

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marque as cartas e muito cuidado em profundas reflexões chegamos a uma conclusão ligeira e inconcludente que não nos leva a nada a verdade é que só nós podemos ser tristes o que ainda não veio e o que já foi não podem chorar somos nós os atores todos nós o palco fica cheio e a platéia vazia somos nós os donos do baralho mas não podemos adivinhar que cartas são somos nós que pagamos ingresso para vermos nossas palhaçadas no picadeiros somos nós que temos os anéis mas não temos a mão somos nós se é que somos entre um sim e um não os meus reclamam por andar como se fossem olhos procurando luz é a vela da promessa e o lampião de findos dias é a lua me falando em uivos que nunca dei é o signo que traz consigo uma caixa mágica cheia de fetiches e coisas lógicas é a fogueira pequena e amiga e nós em volta dela é o atraso que acabou não vindo e o sorriso que deixei de dar é o esquema perigoso e infantil que vai dar em nada não sabemos como e nem porquê mas sempre vai ser assim são pós diferentes em pés tão iguais é a vista cansada querendo e mais e enquanto enxergamos em quanto temos ou não tudo muda mesmo de lugar espaço e tempo são a mesma coisa e na mesa de banquete zombam dos humanos raciocínios não pense duas vezes corra em que direção não haverá tempo de decidir muitas são iguais quase todas e isso não importa tanto a verdade! a verdade! a verdade! o menino repete isso tantas vezes for falar mas não siso nem apelo tudo muda tudo mudo em só maior ou qualquer outra nota que se apresente lá vamos nós escutemos músicas antigas velhos rocks de bons tempos dos anos oitenta eu fui eu fui jovem com rebeldia nas mãos e calças rasgadas o mundo ali estava onde não mais está marquem as cartas acendam solenes velas de multicores é a nossa grande salvação agora finjamos que nada há de ruim a não ser a cerveja que não está ainda gelada é o que temos é o prato do dia dores abdominais sem explicação aparente e um ardor no peito mais que fã de nosso amanhã aqui está o baralho comecemos o jogo...

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

De Olhos


Nos meus olhos tem um cisco
Não acredito
Que seja de outra maneira
Nos meus olhos tem risco
Tão inaudito
Não deve haver tanta besteira

Com meus olhos veja o ponte

Quebrada
Que não dá mais pra passar
Com meus olhos vejo um monte
De nada
Como um sinal à fechar

De meus olhos partem raios

Tão sombrios
Que parecem projéteis
De meus olhos vem desmaios
De frios
De humanos ou répteis

Pros meus olhos vem visões

Terríveis 
Somente feitas de dor
Mas resistem as emoções
Incríveis
Que acho serem de amor...

Grande Balada Para O Ainda Amor

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Ah! Foi tanto tempo aquele bom. Que em frases de efeito nem sei dizer. Era a vida e ao mesmo tempo não era. Era o som de um silêncio solene. Nossos mais escondidos segredos. E autógrafos para um público que não veio na nossa estréia. Onde estão? Aqui mesmo prontos para serem revelados ou não. Não insista. Os raios da bicicleta brilham ainda e são o sol. Daqui uns anos. Décadas. Séculos. Milênios talvez. Talvez alguém descubra como ainda é o meu amor. Meu amor pelos teus disparates. Meu desespero por tuas loucuras. E tudo mais que o eu-demônio pode guardar sempre e sempre. Não fale nada. Tua voz rouca dos gritos de ontem suficientes não serão. Eu inverto caminhos e faço curvas. Eu trago de dentro pra fora meus monstros mais sutis. Eles me ajudam a sobreviver como um pássaro sem céus. Os céus que te dei foram muitos e muitos ainda quero te dar sem os ter. Eu sou aquele. O único que teve mãos sinceras cheias de afagos e carinhos mais desesperados que a tua embriaguez. Não se mova. Seja a pintura bárbara que fala somente quando se cala. O movimento está presente por todos os lados. E o repouso não escapa disso. Eu te vi dormindo apenas uma vez e foi tão lindo. Dormias um sono de choro como qualquer mortal. Mas eu quase o velei. E me arrependo de não ter feito. Assim é o meu demônio em suas artimanhas. Que a presa fuja e caia enfim no precipício. Tuas feridas já fecharam? Aquela do joelho ainda dói? Porque há feridas e feridas. E as que tive por sua causa ainda estão abertas como quando foram. Mas eu me deleito com isso. Não há amor sem dor. O amor dói quando nasce e se morrer um dia doerá mais ainda. Me deixe responder todas tuas perguntas. Porque meu corpo falha agora como sempre. Mas a mente me tortura também como sempre foi. Eram visões as que eu tinha. É bem verdade. E eu contente nesse paradigma de coisas boas e ruins. As coisas boas envergonhavam-se ou jogavam bola na praça. As ruins aplaudiam e faziam coro. Inseparáveis como desde a fundação dos tempos. Espere só mais um pouco. O sangue ainda avermelha meus olhos de vampiro e a noite me acompanha por todo o tempo. Nem de dia tenho o sossego imerecido dos predadores. Há quem te diga que eu não presto e nisso consiste seu acerto mais idiota. Eu nunca te disse que prestava ou que fazia contas de mim mesmo. Eu era e ainda sou a fera que não te morde e se te ameaço é com a minha ternura. Não pense duas vezes e venha ao meu encontro. Tudo que podia ainda posso. Talvez menos viver. Não esqueça de mim. Como os homens não esquecem de grandes tragédias. Ou como as mulheres seus pequenos amores...

De Novo

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Onde estão as ondas desse mar sem fim?
Já foi embora o vento que levou você de mim?
A sua vida salvou-se e afinal foi pra quê?
A sua visão ainda não voltou e por isso não me vê?
Responde isso pelo menos uma vez sinceramente
Não me maltrate e me faz sentir gente...

Como estão as coisas aí no seu mundo?

Será que tenho direito à pelo menos um segundo?
Fugir de mim deu na sua vida um tempero especial?
Eu mesmo sendo bom fiz assim tanto mal?
Responde isso pelo menos uma vez contente
Nem me maltrate nem me faz demente...

Você ainda se arrisca com os mesmos riscos?

Ainda gosta dos meus poemas feitos de rabiscos?
Podemos pegar a vida e fazer o tempo voltar?
Você ainda não entendeu que só queria amar?
Responde isso pelo menos uma vez diferente
Não me maltrate nem trate como doente...

E se a nossa história ainda não acabou?

E se na verdade ela inda nem começou?
Por que será que naquele tempo não deu certo?
Você acredita que ainda me encontro desperto?
Responde isso pelo menos uma vez ardente
Não me maltrate e nem me faz sentir ausente...

Ainda há muita coisa pelo caminho?

Não morremos nem estamos sozinhos...

(Para L.L.P., hoje e todo sempre).

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...