Me ajoelhei numa beira de rio
Coloquei minhas mãos em concha
E acabei bebendo toda a sua água...!
Não vá mais para o oceano
Fique aqui dentro do meu eu
E só saia suando ou chorando...!
Abri as asas que nunca tive
Bati duas ou três vezes treinando
E pulei do abismo logo em frente...!
Voar é uma das coisas mais fáceis
Ainda mais quando se tem desejo
Ou a fantasia chega sem licença...!
Fiz um carnaval de um somente
Mais ruidoso do que um exército
Que marcha sem escolher o asfalto...!
Nunca mais escolhi qual o mês
Desconheço qual é o dia da semana
Ou se minha alegria é boa ou má...!
Brinquei até que pegasse no sono
Para nele continuar a brincadeira
Antes que a manhã viesse me ferir...!
Todos os medos que acabei sentindo
Grudaram em minha pobre pele
E viraram cicatrizes bem mais bonitas...!
Escrevi estes versos como muitos
A maioria deles acabei me esquecendo
Versos que serão lidos só por acaso...!
Eu tenho o tamanho de todos prédios
Mesmo sendo menor que uma formiga
E quase que me afogo sem mergulho algum...!
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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