sábado, 6 de dezembro de 2025

Sem Mergulho

Me ajoelhei numa beira de rio

Coloquei minhas mãos em concha

E acabei bebendo toda a sua água...!


Não vá mais para o oceano

Fique aqui dentro do meu eu

E só saia suando ou chorando...!


Abri as asas que nunca tive

Bati duas ou três vezes treinando

E pulei do abismo logo em frente...!


Voar é uma das coisas mais fáceis

Ainda mais quando se tem desejo

Ou a fantasia chega sem licença...!


Fiz um carnaval de um somente

Mais ruidoso do que um exército

Que marcha sem escolher o asfalto...!


Nunca mais escolhi qual o mês

Desconheço qual é o dia da semana

Ou se minha alegria é boa ou má...!


Brinquei até que pegasse no sono

Para nele continuar a brincadeira

Antes que a manhã viesse me ferir...!


Todos os medos que acabei sentindo

Grudaram em minha pobre pele

E viraram cicatrizes bem mais bonitas...!


Escrevi estes versos como muitos

A maioria deles acabei me esquecendo

Versos que serão lidos só por acaso...!


Eu tenho o tamanho de todos prédios

Mesmo sendo menor que uma formiga

E quase que me afogo sem mergulho algum...!


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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