Tudo semelhante diferente sempre é...
Por tal fato joguemos milho aos pombos
Numa despreocupação mais preocupante
Como quem tem que contar as gotas do mar
Antes que todas as estrelas sejam desligadas...
Todo silêncio acaba mais gritando...
Lá vem nossa maior convicção sem ter fé
Com vários nomes que acabamos esquecendo
Enquanto o tempo vai rasgando nossas roupas
E as nossas cicatrizes agora são mais comuns...
Nosso tesão acabou indo embora...
A casa grande e a senzala estão carcomidas
Enquanto senhores e escravizados repousam
Engolidos pela mãe que um dia pariu todos
E que não dá declarações nos vãs noticiários...
Bondade e maldade são feijão e arroz...
Sem palhaços não existem tais folias de reis
Aquela inocência restante não será preservada
A nudez desconhece todos os existentes castigos
E os ventos agora estão fracos demais para algo...
Eu morri anteontem e só hoje me dei conta...
Minha memória é uma pedra perdida pelas ruas
Estou quase me mudando e indo morar em nuvens
Nenhuma poesia é o suficiente para a minha fome
Eu sou o estranho que estranha a estranheza...
Cuspo no chão molhado tentando imitar lágrimas
Deveria ter beijado todas as bocas ao meu alcance
Mesmo que isso tivesse cheiro de heresia e profanação
Afinal de contas nem todos os pecados são crimes...

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