Até o que foi morto não morre
O que está parado é o que mais corre
Quanto mais cego é que enxergo
Quanto mais digo não é que não nego
O que vem de mim eu não conheço
Tudo que é de graça é que tem preço
Tudo que se desconhece endereço...
Não existe bala perdida só tem achada
O que tem valor é que não vale mais nada
A beleza é só o fruto de um feio acaso
Quando eu chego na hora é que me atraso
Cada barco ancorado não tem proteção
E o dono de cada dia presente é o Cão
E quem manda em toda a fome é o pão...
O ano que vem vai matar o atual ano
Ninguém sabe aí qual o nome do fulano
As cadeiras da morena não são para sentar
Toda rua pode parecer que é o nosso lar
O arranha-céu não pode arranhar nada
Quem não sobe nunca na vida é a escada
O palhaço é que nunca faz palhaçada...
A cabeça que não pensa é a do prego
Quanto mais eu não aceito é que relego
Nem toda vida é parecida com a novela
Não existem todas as cores numa aquarela
Nem todo remédio vem trazendo a cura
Nem toda fruta que se come já está madura
Nem toda pura filosofia é filosofia pura...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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