quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Sem Fernando e Sem Pessoa

... eu mandava, eu mandava... O que mesmo? Acabei de perder a nota da minha flauta e ainda não inventaram outra ridicularidade para hoje... O que não existe, existisse. A fila anda, que me diga o panda, coloco sinais onde quiser, na varanda, por exemplo. Dumont chorou, mas já era tarde demais...

Assim choraram os que nem lágrimas possuíam. Cavalos-de-pau com velocidade acima do normal. Fernando Pessoa nada pessoal com ataques de chilique em um cabaré francês inaugurado na Suíça. 

A banda caiu dura no chão de estrelas, palco iluminado, mas sem dourado algum. Está em falta no mercado. A culpa foi de todos inocentes, nunca devemos duvidar. Qualquer arte é a melhor daqui mesmo. 

Um sono terrível se apossa de mim e minhas pálpebras pesam suavemente como elefantes depois do rodízio. Minha nudez necessita de um guarda-roupas pós-moderno com vários traços transcendentais. O esquecimento mata até os mais fortes, até que alguns mais fracos acabam sobrevivendo.

Chapéus-de-palha preparados que nem mísseis, a esmola de hoje será mais proveitosa do que em dias anteriores. Não nasci para ser anjo e nem para ser demônio sequer, sou a mistura fina de condenados às galés e compulsivos mascadores de chiclete entre intervalos de cigarros fatais e goles de absinto costumeiros.

Penso sem ou com ternura das merdas que faço, vez sim, outra também. A mandinga é bem forte, mesmo quando não foi feita. É um grande boom cortando o silêncio de todos os vivos. Existir é fácil, tudo vai até onde. 

O boxeador caiu na lona dando um golpe fatal em si mesmo. Era para ter acarajés hoje, mas todos fugiram no galope noite à dentro quando era meio-dia. A imaginação teve lapsos de memória e choro compulsivo. Quem morrer, verá.

Quem dança em espinhos, até que gosta. Verdades eméritas para os eméritos pedintes de nossa suja cidade que agoniza com repetida classe. Marmitas serão tamborins agora e os gatos acabaram se salvando de saírem de vez do mapa. Estale os dedos e chame o garçom para que nos atenda.

Sentaram-se todos à mesa e fecharam os olhos. Os romanos não vieram, mas mandaram cordiais saudações aos presentes. As montanhas de igual forma, mas elas estavam lá. O incrível acabou perdendo seu misticismo, mas sua encomenda virá logo que a greve dos correios terminar.

Cordiais saudações de minha mais terna ignorância feita em casa...

... eu mandava, eu mandava... O que mesmo?


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida). 

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