quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Poemo

De peixe 

de inúmeras estações

Um nó na garganta

De segredos inconfessáveis...

De rosas 

com muito pouco sangue

Veias abertas ao vento

De tantas canções...

De marinas

com cores diferentes

As naus se foram

Para a escuridão da tempestade...

De desenganos

em porões mais escuros

Onde correntes maltratam

Todo o meu ser...

De caminhos

que conduzem aos olhos

Os olhos sem par

Onde posso morrer...

De fumaças

que sobem lentamente

Enquanto o tédio

Mata tudo em torno...

De bicho

em perigosas selvas

Onde tudo e nada

Acaba dando na mesma...

De sangue

uma interminável romaria

O coração num baticum

Feito samba-canção...

De sono

livre de todos os pesadelos

Ninar que embala

Com o passar das horas...

Poemo

não me aponte o dedo

Eu não sou culpado

De ser somente assim...

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