Quase um estrago
Mais uma dose de licor barato
Não sei se fiquei estupefato
Ou se ainda fiquei boquiaberto
Era apenas bem mais que um fato
Que nosso peito agora é um deserto
Quase uma régua
Quase uma trégua
Mais uma colônia nauseabunda
Impregnando aquela roupa vagabunda
Está aberta a nova estação de caça
Como é gostoso comer a sua bunda
Mesmo que para isso use de trapaça
Quase uma trama
Quase um drama
Mais um dia para fazer a tocaia
Para saber o que há sob a sua saia
Nós imaginamos coisas tão impossíveis
Como se fosse uma solitária praia
Onde batem as ondas mais terríveis
Quase um estigma
Quase um enigma
Um baticum desce aos poucos o morro
Não podemos mais pedirmos um socorro
O tiro rapidamente agora vem vindo
E eu não sei se querendo ainda corro
Ou se aos céus é que eu vou subindo...
(Extraído do livro "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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