domingo, 16 de outubro de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 200

Gueixa ao avesso

(inclusive na cor)

para nós isso são meros detalhes

que nada importam...

Nossa história é tão longa,

tão bonita, mas tão triste...

Com uma leve pitada de sordidez

(quem disse que os sórdidos

não podem amar?...)...


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Faço qual aranha

Teço teias de fantasias

Quais presas procuro?

Alguns sonhos gordos

já são o bastante...

Quando pegos

eu os enrolo em minha ternura...

Quero que fiquem lá

até a hora de me deleitar

com cada um deles...


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Minha solidão é um cavalo selvagem,

me atira no chão quantas vezes quiser...

Minha tristeza é que nem um vírus,

qualquer hora ela me mata por acaso...

Minha aflição é que nem um trapezista,

se arrisca na corda bamba por palmas...

Meu tempo parece mais um pedinte,

quando tem é que não tem mais nada...

Meu amor é o mais cruel de todos eles,

me deixa suspirando e logo vai embora...

Desgraçado que sou entre muitos outros,

nem eu mesmo sei onde me encontro agora...


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Garganta...

Por ela não passarão mais bravatas,

Não mais apertarão minhas gravatas,

Não sustentará mais ideias primatas,

Assim...


Olhos...

Não testemunharão mais tanta maldade,

Não se assustarão mais com essa cidade,

Não se machucarão mais com a verdade,

Sempre...


Coração...

Acabou virando apenas uma pedra de gelo,

Acabou explodindo por mais um pesadelo,

Acabou se ferindo porque teve falta de zelo,

Coitado...


Acabei tirando meu diploma de robô...


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O poema é tão pobre...

Entra na fila da humilhação,

Ganha esporro do patrão,

É roubado dia sim, dia não,

Conta moedinhas pro seu pão,

Acabou virando bicho em extinção,

Era um guri, virou um ancião,

Não tem grana pra alimentação,

Um dia foi rei, mas hoje é peão,

Sua musa foi parar em um lixão,

Não tem modos, nem educação...

O poema é tão pobre...


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A garrafa de café sempre cheia

O saco de pão pendurado na parede

A televisão de madeira preto-e-branco

As roupas que a mãe passava cantando

O meu medo dos bacurais cantando

Noites frias cheias de estrelas

A casa pequena sem muitos móveis

Sonhos tão simples e tão bons

Tantas vezes esbarramos com a felicidade

mas nunca que a vimos...


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Bandolins agora tocam

saudades que não passarão jamais...

Eu nunca vi um campo de trigo

mas devem ser bem bonitos...

Por que deveria reclamar?

Existem outras belezas 

para meus pobres olhos...

Nunca vi plantações de girassóis

mas vi pelo menos alguns deles...

Ah! Tinham algumas abelhas 

que voavam em torno sempre...

Violinos também me fazem chorar...


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