segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 205

Todos loucos...

Tua nudez bem vale um jardim de goiabas e teu rosto de sol, acho que mais ainda. Nunca entendi de signos, mas assim mesmo escrevo em estrelas. Eu faço uma festa de pequenos detalhes, será até não poder mais. Tudo tão igual... Meninos e meninas desenham flores e pássaros em generosas areias e eu bato palmas, mesmo que sob algum desespero que me traz comoções. Ontem mesmo, abria a jaula de leões procurando algum colorido, talvez com maios ou setembros para um ano inteiro...

Todas loucuras...


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Quando brinquei de nomes

Eram todos eles azuis...

Não estava me lembrando

De alguma outra cor exata...

Quando brinquei de céus

Exagerei nas nuvens...

Todas elas me davam

Os mais reais jardins...

Quando brinquei de amar

Feri-me gravemente...

Quantos espinhos irão

Esconder tantas rosas?


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Infinito sem cor

De uma morbidez imediata

Que salta aos olhos

Nunca mais haverão versos sinceros

Enquanto o tempo ainda for tempo

E ao mesmo algum sequer

Eu quebrei todos os vidros possíveis

Enquanto o caminho

Era apenas mais um desconhecido

Numa métrica tão exagerada

As palmas se desfazem em folhas

Que caem mortalmente tranquilas

Assim são meus domingos

Tristes como todos eles são...


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Em quase mil anos que te vivi, tudo era apenas um tédio venenoso que suspendia-me pelas paredes. Qual mosca na teia sem apresentar desespero, apenas silêncio. Estão chegando novas tempestades, mas as velhas continuam seu roteiro. Velhas manchas na tinta antigo, quem poderá me livrar? Talvez o mistério, companheiro de inumeráveis eras que ajudou a esconder meus inocentes pecados. Numa ladeira está o destino de cada um de nós, mas desconhecemos qual nosso sentido...


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Havia um rio como qualquer outro. Azul? Verde? Depende de olhos para esses detalhes. Parado? Ligeiro? Não queremos entender de tal malabarismos, pelo menos por agora. Saudades doem mais do que espinhos, pode anotar isso. Somos de um tempo de simples toques e, aí, tudo acabou caindo. Havia um Rio que tentava me engolir. De uma vez só? Me come aos poucos? Depende de quantas calçadas existentes. Original? Repetitivo? Não sei, acabei virando solenemente meu rosto para o lado, não quero me lembrar jamais...


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Era um galope extremo. Como um pássaro que foge, meu cavalo de ilusões foi estrada à fora. Uma taquicardia que me aflige sem ao menos me matar. Não relembro de batalhas antigas, cada dia surge uma nova. E como saio ferido. Talvez um dia consiga escutar um samba-canção sem ao menos chorar. Eu trago pés e mãos atados e pés feridos. Toda tristeza é inevitável, afinal, somos o que somos...


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Rei deposto

Rei morto

Rei posto

A maldade é o prato do dia dos homens

A sã loucura está em falta no mercado

Quanto pior, melhor - eis o nosso lema

As asas já chegam quebradas da fábrica

Rei deposto

Rei morto

Rei posto

A mediocridade chega, saúda, pede passagem

Novas cores são inventadas para cegarem

O poeta é o clown sem ter qualquer picadeiro

A fome nos anima cada vez mais ao desespero

Rei deposto

Rei morto

Rei posto...


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