Todos loucos...
Tua nudez bem vale um jardim de goiabas e teu rosto de sol, acho que mais ainda. Nunca entendi de signos, mas assim mesmo escrevo em estrelas. Eu faço uma festa de pequenos detalhes, será até não poder mais. Tudo tão igual... Meninos e meninas desenham flores e pássaros em generosas areias e eu bato palmas, mesmo que sob algum desespero que me traz comoções. Ontem mesmo, abria a jaula de leões procurando algum colorido, talvez com maios ou setembros para um ano inteiro...
Todas loucuras...
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Quando brinquei de nomes
Eram todos eles azuis...
Não estava me lembrando
De alguma outra cor exata...
Quando brinquei de céus
Exagerei nas nuvens...
Todas elas me davam
Os mais reais jardins...
Quando brinquei de amar
Feri-me gravemente...
Quantos espinhos irão
Esconder tantas rosas?
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Infinito sem cor
De uma morbidez imediata
Que salta aos olhos
Nunca mais haverão versos sinceros
Enquanto o tempo ainda for tempo
E ao mesmo algum sequer
Eu quebrei todos os vidros possíveis
Enquanto o caminho
Era apenas mais um desconhecido
Numa métrica tão exagerada
As palmas se desfazem em folhas
Que caem mortalmente tranquilas
Assim são meus domingos
Tristes como todos eles são...
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Em quase mil anos que te vivi, tudo era apenas um tédio venenoso que suspendia-me pelas paredes. Qual mosca na teia sem apresentar desespero, apenas silêncio. Estão chegando novas tempestades, mas as velhas continuam seu roteiro. Velhas manchas na tinta antigo, quem poderá me livrar? Talvez o mistério, companheiro de inumeráveis eras que ajudou a esconder meus inocentes pecados. Numa ladeira está o destino de cada um de nós, mas desconhecemos qual nosso sentido...
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Havia um rio como qualquer outro. Azul? Verde? Depende de olhos para esses detalhes. Parado? Ligeiro? Não queremos entender de tal malabarismos, pelo menos por agora. Saudades doem mais do que espinhos, pode anotar isso. Somos de um tempo de simples toques e, aí, tudo acabou caindo. Havia um Rio que tentava me engolir. De uma vez só? Me come aos poucos? Depende de quantas calçadas existentes. Original? Repetitivo? Não sei, acabei virando solenemente meu rosto para o lado, não quero me lembrar jamais...
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Era um galope extremo. Como um pássaro que foge, meu cavalo de ilusões foi estrada à fora. Uma taquicardia que me aflige sem ao menos me matar. Não relembro de batalhas antigas, cada dia surge uma nova. E como saio ferido. Talvez um dia consiga escutar um samba-canção sem ao menos chorar. Eu trago pés e mãos atados e pés feridos. Toda tristeza é inevitável, afinal, somos o que somos...
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Rei deposto
Rei morto
Rei posto
A maldade é o prato do dia dos homens
A sã loucura está em falta no mercado
Quanto pior, melhor - eis o nosso lema
As asas já chegam quebradas da fábrica
Rei deposto
Rei morto
Rei posto
A mediocridade chega, saúda, pede passagem
Novas cores são inventadas para cegarem
O poeta é o clown sem ter qualquer picadeiro
A fome nos anima cada vez mais ao desespero
Rei deposto
Rei morto
Rei posto...
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