quinta-feira, 13 de outubro de 2022

A Quebra

 Quebrei o vidro

Quebrei o pote

Quebrei a regra

Quebrei o sigilo

Quebrei, quebrei...


Interrompi o silêncio do meu funeral

Lembrando-me de uma piada de ontem

Tudo acaba sendo assim impermanente

Até o tempo se afoga num poço vazio


Quebrei o protocolo

Quebrei o recorde

Quebrei a cara

Quebrei a perna

Quebrei, quebrei...


Era madrugada ou era manhã cedinho?

Já desisti de insistir com paixões loucas

Espinhos acabam cansando suas vítimas

Acabei dando um soco e acertei o espelho


Quebrei o decoro

Quebrei a tradição

Quebrei o ovo

Quebrei a máquina

Quebrei, quebrei...


Vou comprar logo um OVNI já usado

Deve ter naquele brechó da minha rua

Desde que o preço não seja muito alto

Vou logo sem demora bater o pé na bunda


Quebrei o gelo

Quebrei a banca

Quebrei a praxe

Quebrei a etiqueta

Quebrei, quebrei...


Cansei-me de tantas e tantas mediocridades

O mundo continua ruim como sempre foi

Mas o medo da morte faz tão bem para a vida

A fome e a tristeza fazem sua grande parceria


Quebrei o osso

Quebrei o êxtase

Quebrei a unha

Quebrei o silêncio

Quebrei, quebrei... 

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