sábado, 29 de outubro de 2022

(Im)Percepção

 

Abraça um tango chinês com desvarios que só o violino pode nos dar. Homem ao mar! Homem ao mar! Na garupa de um unicórnio galope em prados azuis com tons mesclados de rosa-choque. Não procurei mais nada, o palheiro incendiou quase agorinha. Meus cigarros têm alguma pressa. Madeira, pregos, uma lata de sardinha vazia e o fogareiro está pronto! Eu tenho mais tatuagens do que o vulgo imagina... Não sei de mais nada, mas a velha máquina ainda funciona um pouco. Até quando? Isso não é pergunta que se faça. Minha bula não era papal, mas determinava ordens expressas. Um vento de sol dançava margaridas de todas as cores (desde que fossem brancas...). Uma pintada de sal, outra de açúcar, outra de saudade, a sorte está lançada, mesmo que nos faltem dados e algum evento inédito. Eu mesmo me condeno, eu mesmo prescrevo a minha pena e caio na gargalhada, sou mais um bêbado solitário em multidões nervosas. Minha fome sofre de amnésia crônica e minhas unhas doem quando penso em alguma coisa. Levantem as cortinas e comecem o novo show! Hoje teremos encenações baratas e óbvias sobre um cálculo que deu errado. O auto acabou de passar, mas eu não tinha chegado no ponto. Na hora exata, estarei quase lá. A fila anda, se tiver fila... Dou bom-dia até aos mosquitos que estão nas paredes fartos do meu sangue, somente esqueço de mim. Pobre espelho, tem que repetir a mesma cena quantas vezes quiser eu. Pensei em algo, juro que pensei, mas os bárbaros estão lá fora, querem invadir meu frágil castelo de ilusões inocentes e maliciosas. Todo som agora é bem-vindo, inevitável de acordo com o que foi decretado. Haviam lembranças que evito com assovios desnecessários. Pés manipulando areias, isso sim. Não como eu queria, mas as flechas acabam conhecendo seu caminho. Namastê, Zan-Zan, a chaleira já chia no fogo. Estamos irreconhecíveis como todos os outros ficaram também. O Forte caiu de fraco. Um sabor desagradável de conhecimento é o que eu quero. Estamos parados nesta correria toda. A partida já é chegada e os quartéis tremem em alvoroço. Uma balada cigana em pleno carnaval precisa de algumas carpideiras. Tudo muda de nome hora dessas. Meus erros são propositais. Deu águia na cabeça! E coceira nos pés! Javalis assados já valem alguma coisa... Borboletas malvadas brincam de vampiros. Eu bebo mais que a bebida. Pode assinar aqui onde tem um xis. O bolo está pronto, mas ainda está quente. Toda nudez será notada. E receberá inúmeros likes por conta disso. Todos os rádios eram do mesmo tom, plásticos até. Nova ciência acabou de nascer. É muito inglês para meu humilde sotaque eslavo. Bombas festejam quando querem. Quando não, acabaram se emocionando, mas só um pouco. A mentira pari muitos filhos. Estou aqui, mas em outro lugar desconhecido. Meu chá acabou de chegar, o motoboy foi até muito solícito. Entre gregos e troianos acabaram indo todos embora. E o tango continua...


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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Poesia Gráfica LXXXVI

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