quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Alguns Poemetos Sem Nome N° 197

 


Como festejar sem ter motivo?

Como gritar sem ter razão?

Como carnavalizar sem alegria?

Como querer sim mesmo no não?

Como parecer o que não é?

Como voar sem ter avião?

Como esperar o que não vem?

Como pensar quando há paixão?

Como? Como? Como?


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Estruturas metálicas qual ossos

esperam a hora de sua franca queda,

Esperanças vãs agonizam 

em seus últimos e derradeiros ais,

Tudo acaba passando

inclusive o tempo que não queria,

O brinquedo na mão da criança

irá para um canto em instantes,

Eu choro num solene compromisso

de me manter apenas em silêncio...


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Tudo é espera, 

calma nem tanto...

Meu silêncio é povoado

de desejos inconfessáveis...

Minhas taras apenas

acabam rindo de mim...

Não há motivo de pânico,

certamente não há...

Consigo matar minhas mágoas

com requintes de frieza...


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Transformei-me num simples fantasma...

Não uso brancas mortalhas,

Não arrasto correntes,

Nem uso gemidos fora de moda...

Eu sou o fantasma em ruas estreitas,

Em perigos noturnos que procuro

E amores que deixei cair do bolso...


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Eu sou como um velho livro

suas páginas estão amareladas

com o maltrato do tempo...

Eu sou como uma velha história

contada por alguém

que esqueceu muitos detalhes...

Eu sou como uma velha lenda

se em mim existe verdade ou mentira

quem vai responder com certeza?...


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Não procurarei mais amores

pois todos eles acabam ferindo demais...

Não procurarei mais paixões

porque elas acabam me envenenando...

Não é que eu posso me matar

está fora de qualquer roteiro meu,

mas tentarei aniquilar a esperança,

o que acaba sendo o mesmo...


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Engolimos o nosso tempo

procurando ilusões dispersas

que acabam em becos sem saída...

Eu acendo mais um cigarro

a pressa acabou de acabar

espero mais um final do mundo

como outras tantas vezes...


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