Como festejar sem ter motivo?
Como gritar sem ter razão?
Como carnavalizar sem alegria?
Como querer sim mesmo no não?
Como parecer o que não é?
Como voar sem ter avião?
Como esperar o que não vem?
Como pensar quando há paixão?
Como? Como? Como?
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Estruturas metálicas qual ossos
esperam a hora de sua franca queda,
Esperanças vãs agonizam
em seus últimos e derradeiros ais,
Tudo acaba passando
inclusive o tempo que não queria,
O brinquedo na mão da criança
irá para um canto em instantes,
Eu choro num solene compromisso
de me manter apenas em silêncio...
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Tudo é espera,
calma nem tanto...
Meu silêncio é povoado
de desejos inconfessáveis...
Minhas taras apenas
acabam rindo de mim...
Não há motivo de pânico,
certamente não há...
Consigo matar minhas mágoas
com requintes de frieza...
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Transformei-me num simples fantasma...
Não uso brancas mortalhas,
Não arrasto correntes,
Nem uso gemidos fora de moda...
Eu sou o fantasma em ruas estreitas,
Em perigos noturnos que procuro
E amores que deixei cair do bolso...
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Eu sou como um velho livro
suas páginas estão amareladas
com o maltrato do tempo...
Eu sou como uma velha história
contada por alguém
que esqueceu muitos detalhes...
Eu sou como uma velha lenda
se em mim existe verdade ou mentira
quem vai responder com certeza?...
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Não procurarei mais amores
pois todos eles acabam ferindo demais...
Não procurarei mais paixões
porque elas acabam me envenenando...
Não é que eu posso me matar
está fora de qualquer roteiro meu,
mas tentarei aniquilar a esperança,
o que acaba sendo o mesmo...
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Engolimos o nosso tempo
procurando ilusões dispersas
que acabam em becos sem saída...
Eu acendo mais um cigarro
a pressa acabou de acabar
espero mais um final do mundo
como outras tantas vezes...
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