terça-feira, 25 de agosto de 2020

Uns Mistérios


Marços e maios me fazem chorar 
da mais pura saudade,
agostos me metem medo,
mas julhos me dão a tristeza
mais do que profunda...

Ainda me lembro de tuas fugas
naqueles dias bem mais frios
em que ainda com as mãos cheias
ias visitar o mais solitário
e a tua inocência falava mais alto...

Em dias de poeira e desespero
andei por eras inimagináveis,
onde o bem e o mal se misturavam
mas que depois de tanto
ainda posso confessar de peito aberto
que minhas intenções eram as melhores...

Minhas camisas não tinham mangas
e eu expus toda a minha sinceridade
como quem não esconde as cartas,
mas agora bem sei mais que nunca
que a morte chega e até lágrimas seca...

Eu andei por todos os perigos possíveis,
me desviei dos mais impossíveis tiroteios,
me envenenei com os venenos mais fortes,
mas eis que ainda por aqui estou,
mesmo sem saber porquê e onde irei...

Usei as fantasias de todos os carnavais,
repeti todas as palavras do meu vocabulário,
dei gritos que eu mesmo chamo de versos
e nas noites mais vagabundas que se pôde ter
fui ao mesmo tempo carrasco e condenado...

Acabo acreditando em que nada acredito,
retirei o espinho da esperança de minhas carnes,
mas eis que a ponta dele quebrou lá dentro
e assim uma dor maior acaba consumindo
o resto se sanidade que ainda me resta...

Enfim...
Risos e choros sempre me seguem,
eis o que chamam de destino,
esse livro de páginas coladas
que ganhamos como presente único
de um aniversário que não é nosso...

(Extraído da obra "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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