terça-feira, 18 de agosto de 2020

Absoluta Relatividade

Luzes acesas vermelhas
adjetivos não compreendidos
eu quero algumas explicações
mas não ouço nenhuma cor
Tempestades de areia
em desertos que não trilho
e a mais imensa das vontades
de permanecer no mesmo lugar
O mesmo canto tão monótono
de pássaros em douradas gaiolas
na mais absurda vontade
de ficar lá de porta aberta
Já faz tempo que não telefono
esqueci até o seu número
sou apenas mais um doente
cansado numa interminável fila
Tragam-me palavras inéditas
frases com um certo efeito
que possam até explicar
o que nem os olhos dizem
Curvas intermináveis de bundas
e a bondade adjetivada do noda
não sei o que quero mais
assim mesmo acabo querendo
Tatuei diversos símbolos na pele
e olho um por um diariamente
relembrando uma velha história
que esqueci sem mesmo querer
Os idiotas não trocam seu título
e os tolos ainda mais que estes
dançar sem música pode ser bom
mas olhar certas águas mais ainda
Eu dou partida no motor do carro
mas não sei se queria partir
as ruas agora são novas arenas
mas eu nunca fui um gladiador
Cheguei atrasado como sempre
ao meu próprio carnaval
e as cinzas acabaram queimando
o que havia sobrado de minha'alma
Prometo da forma mais solene
que irei ao meu próprio funeral
e permanecerei em silêncio
pelo tempo que for necessário
Maçãs mordidas e jogadas foras
cegueira comum de quase todos
não reparem nos crimes comuns
a anormalidade passa desapercebida
A sujeira vai se esconder sozinha
seria bom ter mais tapetes na sala
ou mais armários na cozinha
todos os disfarces são insuficientes
Deixem-me com meus cigarros
sem nenhum politicamente correto
olhando passar o resto do tempo
na sua mais absoluta relatividade...

(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...