Porque
a boca se calou
e a vida perdeu o sentido
e uma ânsia de vômito encheu-me
a alma até transbordar
Eu só queria
aquilo que não tive
dispenso sábias palavras
eu valem menos
do que um café
Se tive culpa
não me perdoem
não estou pedindo isso
a cada dia morremos
de forma completa
Eu quebro
os vidros das janelas
para que o ar entre
e pelo menos asfixiado
eu não fique pelo menos
Escancaro a porta
como quem grita
sem me importa
se ouvem ou não
agora tanto faz
Os que gostam
de palavras amenas
e versos doces
fiquem com todos eles
a vida nunca é assim
Cada minuto
eu sou de novo crucificado
mas bem que preferia
ser colocado num poste
em sábados intermináveis
Eu não sou um
na verdade sou três
o que teme morrer
o que não teme
e o que quer
Nada existe de real
o definitivo é ilusão
funerais e carnavais
são parecidos
em improváveis rimas
Pensar pode
ser muito perigoso
quando a impotência
nos faz sinal
para que paremos
Eu queria sorrir
pelo menos um pouco mais
mas a boca está rígida
e olhos não colaboram
para tal feito
Deixe-me então
caminhar tranquilo
sem pensar mais
nesta minha triste
e improvável fantasia
que eu rasguei...
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