Os insetos pelos cantos das paredes.
A velha mania de acordar cedo.
Por onde andarão as estrelas?
Devem ter ido dar algum passeio...
A tela do conhecido computador...
Num simples clique abro o mundo.
Pelo menos esse meu mundo...
Esta janela que esqueci de fechar.
De onde vem todo esse frio?
Talvez de uma de minhas almas...
Não tenho uma, tenho várias.
Elas desfilam ante meus olhos.
Um segundo muda os vários rumos.
Não conheço muitas palavras.
Mas acho que já é o suficiente.
Ando de mal com as minhas rimas.
Coincidências fazem mal para mim...
Eu tento não ser um vil canalha.
Mas esta tarefa dói os meus ombros.
Tampe os ouvidos quando eu berrar.
Eu não economizo a minha garganta.
Não construo muros com facilidade.
Mas aprendi derrubá-los numa lição.
Pontes também, essas gosto muito.
Inverti o curso natural das coisas.
Subo as águas ao invés de descer.
Os tentáculos do poder estrangulam.
Não somente um pescoço, mas todos.
Menos os poetas, somos protegidos.
A loucura é a maior das armaduras.
Eu sou um inventor de punhais.
Sentar no capim do caminho agrada.
Sempre existi ou só agora?
Meu corpo, minhas dúvidas...
Eu ainda gosto muito de gatos e pianos.
Não com a mesma frequência de antes.
Mesmo que tenha fugas constantes.
Minhas feridas estão no mesmo lugar.
Ontem mesmo eu as recontei.
O vento range a porta do quarto.
Se deitar, será que dormirei novamente?
(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).
Nenhum comentário:
Postar um comentário