Drops de anis é o que temos em reservadas bocas sem mistério algum. Algumas penas capitais jogadas sobre cabeças e a inocência e a malícia num dueto interminável. Carros de som anunciando bagatelas tentadoras. Intermináveis cartas escritas para que ninguém leia.
A verdade só pode ser contada com um cerimonial rigoroso e todas as medidas de segurança. Façamos as nossas lições de casa com a certeza que erraremos tudo. As maiores façanhas já foram esquecidas há muito tempo. Só as futilidades contam nos dias de hoje.
Gostaria de furar meus olhos e alfinetes estão em falta. A morte agora é tão banal quanto um espirro e talvez um pouco mais tentadora. Explicamos o que nós é desconhecido. E versos malfeitos saem pelas narinas de tolos bardos. Cuidado para que nada saia correto. Tatuamos os sete pecados capitais em nossa alma.
Pobre capitalista que não tem bolinhos. Ilusões são mais reais do que qualquer uma pedra. Tudo produzido para que tenha algum defeito. Os livros apodreceram parados na estante. Nova Babilônia moderna sem a torre. O céu já fechou suas portas. Até o Diabo tem medo de ser assaltado.
Acho muitas pérolas jogadas nos lixos. E muitos lixos expostos em belas vitrines. O vitrinista caprichou escrevendo obscenidades em uma língua que desconhecemos. A propaganda é a arma do negócio. Sussurros ecoam na noite do nosso meio-dia.
Tudo que nos mata acaba nos aprazendo mais que o necessário. Somos livres para a escravidão mais perfeito. O que faz sentido é muito perigoso. Douradas cercas nos cercam em fatal destino sem fatalidades.
Consegui minha grande meta - dar socos no espelho até que meu sangue acabasse. Fecho as janelas para que o calor não entre e sempre me esqueço da brisa. Mansos são os leões. É que os cordeiros são altamente ardilosos. Naturalmente paradoxal.
Minhas viagens foram diminuindo até virar apenas um reles passo. Por isso estou cansado em qualquer instante. Não presto atenção em quase mais nada. Nunca dê bom para a dor. Ela contará histórias para sempre. E você vai se interessar. A luz agora está soprada e a vela se ofendeu com tal gesto.
Fábulas ou parábolas. Este é o nosso cardápio. Não quer? Vire um faquir. As palavras são os símbolos que escaparam de nossas bocas. E a imprudência uma forma de tentativa. Apenas uma dose não é o suficiente. Queremos sempre mais. Os desejos são absolutistas despreparados.
Há sempre uma conspiração formada. Entre o salgado e o azedo e o amargo. Abaixo o doce! Só as formigas não aderiram à essa novidade. Por isso acontecem algumas revoluções famosas. É o que é e o que não é. As luas confirmam sempre.
Passei a me olhar com certo prazer. Os palhaços são seres perigosos. Nós somos as vítimas. Rimos mesmo não querendo. E pagamos por isso. Debaixo da lona tudo pode acontecer e acontece. Geralmente é uma das palavras mais usadas de qualquer vocabulário. O talvez nem se fala. O inevitável é inevitável.
Quero a tranquilidade dos inquietos. Meus sapatos estão apertados. Os meus calos já estão encomendados. Chegar qualquer hora dessas. Se o correio não se atrasar. Até estranharei isso. Juro que juro que sim.
Minha mente é uma corrente que não consegue parar. É a grave lei da gravidade. Não espero conclusão alguma. Levei anos para aprender à desaprender. Nada mais tem a importância que antes. Algumas moedas é o que sobrou. Mas não tenho mais bolso. Podem perguntar qualquer coisa. A incoerência me ajudará em todas as respostas. Mas não assinei compromisso algum.
Paro por hora. Mas continuo pelos minutos. Algum pássaro pousará em meu ombro e me dará uma nova lição. Virarei estrangeiro de mim mesmo. Um ilustre desconhecido. Se me derem tons de azul é o suficiente. Fico tonto com bastante facilidade. Isso já me basta. Não sei o que há para o almoço de hoje...
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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