Todas as chances numa carta...
Eu jogo o osso como quem joga pedrinhas na água do poço. Todos os mamões estão quase maduros. E o embaralho dessa vida só me ajuda. eu sei todos os segredos, jouviu, senhora? Nem adianta me aferrar que ninguém me prende. Sou mula teimosa, cabou, esquece, se empaco, empaco e se dou disparice fudeu.
Todos os lances num só...
Me dê mais um gole, moleque, preciso mesmo. Eu fui parido duma santa mesmo sendo o capeta que sou. Eu quero coisas impossíveis, mas que virão um dia. Chove chove chove e empatu de jeito que foi. Num tendeu? Lamento, sá jumento. É um corote na mão outro nu pé. Televisão na rua acesa, seu gagalo, puto de cerca!
Todas as momices de uma vez...
Girassol de letra e tá bom mesmo. Se me der tudo, preciso de mais nada não, cabroco. Cuspi longe e caiu no pé. E eu lá quero saber? Assinei papel? Então... Acordei gorinha com vontade de traçar o pato. Não tem mais não e não. Sai fagulha do estalado faz tempo. Desde quando o quando era quando e quando quando. Burocracia de cu é ralo...
Todas as barbas por fazer...
Mas seu menino, só no charuto, hem? Tou de boca caída na lamba, sabe? Caprichei no fubá até ontem, hoje na farinha porque era a regra. Tou no estorteio mesmo, sem bula bula e coisa e mal, viu? Toma o banquinho quem quer, quem não quer fica de pé e vai cansaço, não tou nem ali.
Toda a discrepância num só jogo...
Sonhei e sonho com o sonhando que Nossinhora podia até me dar. Mandava abrir garrafa de poeira e pulava no grito, sabe qual? O moleque é bom mesmo, dá pra cabar com a valentia do mundo em dois segundo. É só enxergar de olho fechado e de ramo verino também, num sabe?
Toda liberdade e suas correntes...
Vanguarda de sono é abrição de boca, certei? Faz-me o favor, risca um focho, tá? Quero a noite que nem maritaca no brabo, tenho medo não. Já morri tantas vezes, uma só mais não cansa. O complicado é o mais fácil, vai por mim. É meia dúzia de dezena e uma rolha pra tudinho. Vira até nome se der certo.
Toda paixão é uma grande mistura...
Corro de pé, sim. Nem de chuva gosto, ela lá que nos ajude, bem. O mundo nem bola é, mas deixa eu cá com meus perrego, sou assim de boa. Uma letrinha já é um mundéu danado. Faça de conta que não tem conta, é o mesmo mesmo. Há muito tempo atrás não era, agora tá. Só me dá saudade o que eu vivi. O que não for comido fica no prato.
Todo amor espeta o dedo...
Manelo Sussunga passeia de vez em quando não e de vez em quando não também. Uma treta só, mutreta das boas, isso até que é. Quem gosta do gosto é quem o come. Mandinga forte não pede vela. É na lata! É na lata! Abre de mão mesmo, só desespero e faz. O que não mata, emagrece. Titinha sabe de tudo, quase tudo ou quase nada, nem sei mais...
(Extraído da obra "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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