segunda-feira, 27 de abril de 2020

Alguns Poemetos Sem Nome Número 74



Nada falarei
Permanecerei mudo
até que a festa se acabe
Quando ela se acabar
abaixarei meus olhos 
e seguirei em frente
O caminho me espera
Não porque seja bom
ou simplesmente ruim
mas porque é caminho
A fogueira se apagou 
e a cinza agora nada mais é
do que o meu velho corpo
Eu tentei subir aos céus
como a velha chama fez
mas não conseguiu
Mas acabou indo mais perto
do que muitos conseguiram
Não me chame de volta
é tarde demais para isso
Não se entristeça por mim
nem agora nem nunca
Eu sou apenas uma simples
e desoladora bobagem
que um dia pensou sonhar...

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Eu não tenho medo algum...
De teus olhos mais fundos
do que um poço seco é...
Da tua brancura estranha
que parece a dos lírios
que nascem em jardins
há muito desprezados...
Tua boca escancarada
num sorriso de escárnio
me é indiferente...
Não tenho medo 
dos teus ossos morte...
O estalar deles
é menos assustador
do que as batidas
do meu coração...
Sou apenas humano 
e a minha alma
é a mais feias das criações
que um dia Deus fez
por um mero descuido...

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Paredes multicoloridas
Muros de algumas praças por aí
E uma sede aumentando
E a saudade de nada também

Portas todas fechadas
E muitas janelas abertas
Contam algumas histórias
Acontecidas não sei quando

Barulhos mais silenciosos
De uma rotina quase insólita
A palavra de ordem é repetir
Até que não se exista mais

A eternidade é um tempo qualquer
Onde o Caos faz sua lição de casa
E a loucura apresenta credenciais
Para assumir seu papel de sempre...

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E o vento descansou...
Não vai mais de encontro 
aos meus pobres olhos
trazendo invasoras poeiras...
Não sussurra aos meus ouvidos
segredos inquietantes
que me fazem um menino medroso...
Não me desafia para duelos
onde sempre saio perdendo
contra milhares de folhas mortas...
Minha sentença já está assinada
hei de passar pelo mundo
como um momento que foi perdido...
E o vento descansou...

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Copos de vidro
Pratos de louça
Talheres de metal
A mesa posta
E as pessoas contentes...

Praça cheia
Dia bonito
Sol quente
Os passarinhos alegres
E os meninos brincando...

Os namorados se beijando
Os amores correspondidos
A paz entre os homens
E o final de todas as guerras...

As roupas nos varais
Os quintais felizes
Os lares com tranquilidade
Nossas difíceis utopias
Se tornaram realidade...

Quem amamos voltou
As despedidas acabaram
O trem chegou
Nada à reclamar
O choro acabou...

Acorde...
O dia acabou chegando
Todas as fantasias morreram
Só nos resta agora
Um sol triste...

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Me chamem pelo apelido
que eu não gostava muito
Me puxem as orelhas
que deixava meu rosto vermelho
Só não me batam mais...
Devolve-me a caixa de papelão
onde guardava meus brinquedos
Não me lembro de todos eles
mas me lembro da maioria
E me fazem muita falta...
Quero meu terninho de volta
junto com as maçãs de vovó
Não esqueçam também
dos biscoitos de polvilho de vovô
E os doces de tia Inês...

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